Ler para sobreviver

A última edição da revista piauí traz um ensaio magistral escrito por M. Vargas Llosa. Intitulado “Em defesa do romance”, o texto ressalta a imprescindibilidade da leitura ficcional. É ela que molda o nosso pensar, que aprimora o nosso sentir e que aguça o nosso entendimento. Não há empatia sem literatura. Não há amor além do sexo. “Não é exagero afirmar que um casal que haja lido Garcilaso, Petrarca, Góngora e Baudelaire ama e usufrui mais do que outro, de analfabetos semi-idiotizados pelas séries de televisão. Em um mundo iletrado, o amor e a fruição não poderiam ser diferenciados daqueles que satisfazem os animais, não iriam além da mera satisfação dos instintos elementares: copular e devorar.” Segundo Llosa, é a literatura que nos fornece a consciência de que o mundo se acha “mal-acabado” e, por isso mesmo, “poderia ser melhor.” Ler é perscrutar o escuro de nossa alma, é sacudir idéias e alinhavá-las com o justo sentido. É apreender o mundo de maneira mais refinada. Sem Rabelais, por exemplo, diz Llosa, diríamos “pessoas de apetite descomunal e de excessos desmedidos” e não apenas “pantagruélico”. Exemplos se sucedem de maneira quase infinita. A incitação à leitura deve ser a plataforma de qualquer política educacional sensata. Caso contrário, o único futuro social possível será muito pior que a mais trágica previsão orwelliana.

Discussão - 4 comentários

  1. Max disse:

    Caro Amigo, não há como você disponibilizar na íntegra o incitante ensaio?

  2. Caro Max, infelizmente não. O artigo encontra-se protegido no site da piauí, liberado apenas para assinantes. Abs!

  3. monika e.jung disse:

    deveras...

  4. Tripolye disse:

    A leitura, diz Schopenhauer, deve ser um ponto de chegada em que o pensador testa o que já trazia dentro de si. E não uma atividade erudita, como é para tantos filósofos letrados - e tantos escritores! - que escrevem para citar, para atestar suas leituras, para agradar e, sobretudo, para obter aprovação. Estratégia na qual a voz própria tende só a emudecer. Para chegar a si, é preciso ter paciência, desistir da onipotência e esperar que algo o atinja.Abs

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