Manchetes comentadas 3: Candidata a Vice de John McCain critica financiamento de pesquisas com drosófilas

Para o Casal M & M.

 Um dia nosso trabalho será reconhecido. Um dia!

Essa vai ser uma curtinha só para não perder a oportunidade de mencionar o assunto. Parece que tem muito de política e mal-entendidos no meio, então perdoem-me se houver alguma injustiça.
Parece que no dia 24 último Sarah Palin, atual governadora do Alasca e candidata a Vice-presidente pela chapa de John McCain, fez seu primeiro pronunciamento ao congresso sobre os planos para caso John McCain e ela sejam eleitos para a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 4 de novembro. Em seu discurso Palin batia numa tecla antiga de que em momentos cruciais a única ciência que deveria ser incentivada é aquela que promete resultados práticos em curto prazo.
Em seu discurso, Sarah Palin faz pouco caso das pesquisas desenvolvidas com moscas da fruta em Paris, dizendo que esses recursos deveriam ter destino mais garantido para pesquisas que promovessem o bem público. Há certa discussão sobre a que espécie Palin se referia, Drosophila ou Anastrepha, mas a questão não é essa para mim. O que me impacta é como a ciência básica parece sem importância aos olhos do público leigo, seja ele o balconista da padaria que paga seus impostos e, com isso, meu projeto de pesquisa em ecologia comportamental de peixes de riacho, seja a vice-presidente dos EUA.
Parece que todas essas maravilhas tecnológicas que temos hoje foram produto de ciência aplicada, um bando de cientistas bem pagos indo direto ao ponto e gerando um produto prático. Pois a maioria desses produtos tem sua origem numa epopéia muito mais parecida com um monte de cientistas enlameados, chafurdando em barro inútil até que alguém encontra uma pepita. E veja bem, essa pepita ainda terá que passar por muita lapidação até tornar-se uma jóia.
Palin tem um filho com síndrome de down e é conhecida como uma ativista pelos portadores de necessidades especiais. Isso que agrava ainda mais sua imagem, ela deveria ao menos saber da importância de pesquisas genéticas com as tais mosquinhas de olhos vermelhos. Pesquisas essas iniciadas por Thomas Morgan sem nenhuma pretensão de revolucionar o estudo da hereditariedade apenas pelo fato de dar menos trabalho criar moscas que ouriços do mar. Mosca da fruta como um modelo para o estudo da genética deu início a todo esse campo de conhecimento, inclusive descobertas fundamentais sobre doenças genéticas como a própria síndrome de down. Parece que não são só os nossos políticos que não sabem ficar de boca fechada e acabam falando bobagem.
Abaixo segue o link para o trecho específico do discurso de Palin.
http://www.youtube.com/watch?v=HCXqKEs68Xk

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