Sapo congelado – ou as loucuras que a competição gera

Conforme prometido, envio um filminho que encontrei no you tube sobre a rã madeira (Wood frog). Uma espécie bastante única. Até onde eu sei é a única espécie de vertebrado terrestre ectotérmico (que utiliza o calor do ambiente para aquecer seu corpo) que habita latitudes acima do círculo polar ártico. No inverno ela simplesmente deixa que seus órgãos congelem, protegendo o sangue com açúcares que evitam que ele se solidifique. Baixa a zero sua respiração, débito cardíaco e função renal e permanece nesse estado metabólico que mais se assemelha à morte por até meses. Com o retorno do sol na primavera o bichinho descongela e volta à vida normal. Inacreditável!

Coisas estranhas assim só poderiam ser fruto da competição. Esse processo ecológico é tão poderoso que gera espécies as mais esdrúxulas. Provavelmente as lagoas das regiões temperadas já estavam tão saturadas de batráquios mil competindo por insetos e porções mínimas de água para deixar seus ovos que aos ancestrais da rã madeira só restou mudar-se um pouco mais para o norte. É certo que lá o ambiente traria desafios medonhos, mas a competição não parecia oferecer uma alternativa muito melhor.

Não e o mesmo vídeo que eu assisti com o Prof. Vicente Gomes no curso de Ecossistemas Polares em que um russo doido bate com a rãzinha saída de um freezer numa bacia para provar que está dura mesmo, mas dá para entender a situação. Situação quase irreal no calor escaldante do Mato Grosso e seus fins de tarde de 38º C. Às vezes me pego nesses dias lembrando com saudades do tempo em que passei fazendo experimentos dentro da câmara fria que eles mantêm no Oceanográfico da USP.

Discussão - 1 comentário

  1. Igor Santos disse:

    Quanto tempo será que elas duram congeladas, já que estão semi-mortas?

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