Manchetes comentadas 5 – Juiz recusa promoção e fica no caso Dantas
Expirou ontem o prazo para o Juiz Fausto de Sanctis, responsável pelos dois mandatos de prisão expedidos contra Daniel Dantas em decorrência da operação Satiagraha, candidatar-se ao cargo de desembargador do Tribunal Regional Federal. Parece que causou grande surpresa o ato do juiz. Surpresa aos colegas, não a mim. Os benefícios de assumir tal cargo vão além do financeiro, que ao que consta é de apenas 5% acima do soldo atual. O principal atrativo vem do prestígio de ser um desembargador do TRF, os holofotes.
Ora, se o juiz já tem sido assunto de tantas reportagens com o bom trabalho que tem prestado nas operações da Polícia Federal (trabalho esse freqüentemente desfeito pelo Sr. Gilmar Mendes do STF e seus Habeas Corpus), os holofotes já estão com ele. Assumir o cargo seria recomeçar sua ascenção e ser afastado justamente do que lhe tem garantido popularidade.
Isso tudo me remete a um conceito famoso da ecologia. O de custo e benefício. Segundo ele, qualquer organismo só tende a realizar uma dada tarefa se os benefícios de realizá-la forem maiores do que seus custos. Por causa dela um guepardo sabe até onde insistir em perseguir uma gazela e quando parar de correr. Por causa dela um sapo sabe quão alto coachar para atrair uma fêmea sem acabar chamando a atenção de um predador. Também é por causa dela que nosso juiz não abriu mão do caso Daniel Dantas para concorrer ao TRF. O custo (deixar a projeção da Satiagraha) supera em muito o benefício (Desembargador). Ainda mais que não há garantias de que ele assumiria o cargo, apenas concorreria a ele.
Discussão - 2 comentários
Vale lembrar que, de economia a computação, passando por qualquer área do conhecimento imaginável, o conceito de Custo-Benefício praticamente rege o mundo.
Ou, como diz o rifão popular: “Melhor ser cabeça de sardinha do que rabo de tubarão”...