Big Five – Elefante

 


Além de abanar as orelhas, os banhos de terra ajudam a evitar a insolação. www.arkive.org e www.amnh.org

Além de abanar as orelhas, os banhos de terra ajudam a evitar a insolação. www.arkive.org e www.amnh.org


 

O maior dos big five e maior animal terrestre atual, o elefante africano, está representado na fauna por duas espécies, uma habitante das florestas (Loxodonta cyclotis) e uma das savanas (Loxodonta africana). No museu de anatomia comparada da USP há um esqueleto de um elefante, no caso um asiático, montado. É quase irreconhecível. Acontece que o elefante é muito característico por sua longa tromba e grandes orelhas, ambos compostos de cartilagens e que não permanecem após os processos de preservação do esqueleto. O esqueleto é uma cabeçorra imensa que deixa ver a inserção das orelhas e tromba que não estão lá. As orelhas no elefante africano funcionam na verdade como dois grandes radiadores. Repleta de veias, elas ficam injetadas de sangue quando faz calor. O animal então começa a abaná-las para refrescar o sangue que retorna mais frio para o interior do corpanzil que, de tão grande, tem muita dificuldade de resfriar-se. Quanto à tromba, nada mais é do que um nariz alongado e musculoso cheio de invejáveis habilidades. O elefante pode aspirar água pela tromba só até certa altura, dobrá-la e esguichar essa água dentro da boca, ele pode fazer um movimento de pinça com as pontinhas da tromba para apanhar no chão um amendoinzinho, pode mesmo enrolar um objeto maior e pesado com a tromba inteira e levantá-lo do chão. Os incisivos do elefante africano também são modificados em duas longas presas pontudas que crescem continuamente tanto nos machos como nas fêmeas. Os elefantes usam seu marfim para revirar a terra e apoiar troncos.

Crânio de elefante. O orifício central único é onde insere-se a tromba, mas confundia os antigos parecendo a cabeça de um ciclope

Crânio de elefante. O orifício central único é onde insere-se a tromba, mas confundia os antigos parecendo a cabeça de um ciclope

 

Os elefantes andam em enormes grupos de até centenas de indivíduos guiados por uma fêmea, em geral a mais velha do grupo. É ela que define a direção a seguir, a hora de se alimentar, de tomar banho ou dormir. Quando está velha a matrona é abandonada pelo grupo ou deixa-os ela mesma e vaga solitária até que morra. Já os rapazes elefantes têm uma história bem diferente, ao alcançarem a maturidade sexual, por volta dos 25 anos, deixam as barras das saias das mães e vão tentar a sorte. Eles definem territórios lutando violentamente com outros machos. Essas brigas são tão feias que assustam humanos por toda a África. Os machos permanecem solitários ou em pequenos grupos em seus territórios. Eventualmente os bandos de fêmeas cruzam esses territórios e cabe à matrona recordar-se se o macho dali é amigável ou não, o que elas fazem com grande habilidade. Daí a expressão “memória de elefante”.

 

Outro aspecto interessante da vida social dos elefantes é sua habilidade em comunicar-se pelo solo. Vibrações geradas pelo bater de pés de um grupo distante em fuga, por exemplo, podem ser percebidas através das patas ou trombas do elefante, uma habilidade que os cientistas chamam de comunicação sísmica. Elefantes também podem produzir sons em freqüências extremamente baixas e que se deslocam por longas distâncias para comunicar a presença de uma ameaça, água, alimento ou uma fêmea no cio. Essa forma de comunicação só foi descoberta nos anos 80 acidentalmente enquanto a pesquisadora Katy Payne acelerava fitas K7 nas quais tinha gravado elefantes. Partes que em velocidade normal pareciam não ter nada gravado revelaram um longo diálogo em infra-som entre animais separados por mais de 3 km.

Discussão - 2 comentários

  1. Anapaula Ziglio disse:

    Caro professor Eduardo Bessa, tudo bem? Sou repórter freelancer da Revista Recreio da Editora Abril. Gostaria de saber se vc poderia me ajudar a responder a pergunta de um de nossos leitores na seção Curiosidades.
    Seu nome e crédito aparecerão na revista como um de nossos colaboradores.
    A pergunta do pequeno leitor é a seguinte:
    Existe mesmo cemitério de elefantes?
    Antoane Marinho Montalvão - 11 anos
    Araruama - RJ
    Atenciosamente,

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