Big Five – Rinoceronte
“Só então, aliviado, eu escutei o motor do jipe de safari ligando e ouvi-o vir em minha direção rapidamente em primeira marcha. Eu comecei a correr de volta pensando que cada jarda era uma jarda e me sentindo melhor a cada passo dado. O jipe de safári balançava pela trilha numa curva fechada quando eu puxei a maçaneta e entrei para a segurança do jipe, segurei-me na alça e pulei para o banco da frente enquanto o rinoceronte abria caminho com seus chifres destruindo galhos e cipós. Era a grande fêmea e ela continuava a me seguir a galope. De cima do carro ela parecia ridícula com seu pequeno filhote a segui-la galopando.” (Ernest Hemingway, As verdes montanhas da África)
Há, na verdade, duas espécies de rinocerontes nas savanas africanas – o rinoceronte negro, Dicerus bicornis, e o rinoceronte branco, Dicerus simus – ambos considerados integrantes dos Big Five. A maior diferença entre eles em termos morfológicos, talvez surpreendentemente, não reside na cor. Ambos são cinzentos. As espécies diferem na forma da boca: o negro tem um lábio superior alongado para prender folhas e arrancá-las dos galhos mais altos, já o branco tem o lábio curto e corta folhas de capim do chão com os dentes. De fato, o branco vem de weit, largo em holandês, que soa igual a white, branco em inglês. Daí a confusão.
O rinoceronte é um animal que se apóia sobre suas unhas, conhecidos como ungulados. Especificamente sobre três dedos, como se percebe na figura. Isso o posiciona na ordem dos perissodáctilos, junto com os cavalos, zebras e asnos, que apóiam-se em apenas um dedo, e a nossa anta, que também apóia-se em três.
Ambas as espécies estão extremamente ameaçadas pela expansão da ocupação humana, mas o rinoceronte branco está praticamente extinto devido à baixa diversidade genética existente na natureza. Suas populações hoje estão praticamente restritas, e isoladas, às reservas africanas.
O rinoceronte surpreendeu desde cedo os europeus em excursões à África, a figura mais antiga sobre ele que conheço é a de Albrecht Dürer, ilustrador alemão, de 1515. A figura em madeira refere-se a um rinoceronte indiano, mas vale o comentário. Esse animal foi capturado por navegantes portugueses em visita à Índia e levados para o rei Dom Manuel, que já tinha uma bela coleção de feras asiáticas e africanas. O rei presenteou com o rinoceronte o Papa Leão X, mas o navio que o transportava naufragou no litoral italiano e ao papa restou apenas a carcaça do animal empalhada.
O que mais encanta no rinoceronte talvez sejam seus estranhíssimos chifres sobre o focinho. Na realidade o chifre do rinoceronte é um tufo de cabelos completamente aderidos uns aos outros. Não tem osso por dentro e é completamente formado por queratina, a mesma substância que forma nossas unhas e cabelos, mas não duvidem da dureza dessa arma.
Discussão - 3 comentários
A ilustração desse Rinoceronte é real ou contém detalhes de que talvez seja dele como peça de taxidermia pra decoração?