Manchetes comentadas 8 – Paes assume com decreto contra nepotismo


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Parece que agora vai. Mais uma tentativa de coibir a prática do nepotismo entre os cargos de confiança, desta vez na prefeitura carioca em resposta a uma súmula do STF. O nepotismo, para quem não sabe, é o ato de nomear parentes para cargos com salários atraentes, mesmo que eles nada tenham a contribuir com aquela função. Assim, os empregos acabam servindo de cabide, o parente nem aparece, mas recebe o seu. Nepotismo pode ser a maior calhordice política, mas tem boas bases biológicas.

Em se tratando de evolução impera o egoísmo. Cada indivíduo prefere agir em seu próprio proveito. Algumas exceções, porém, intrigaram por muito tempo os etólogos. O esforço em proteger a prole é um claro exemplo disso. Fêmeas chegam a colocar a si próprias em risco para defender seus filhotes. Corujas solteiras ficam nos ninhos e ajudam a criar suas irmãs. Há muitos exemplos em que parentes próximos se auxiliam mutuamente.

Baseando-se nisso um novo nível de atuação para a seleção natural foi sugerido. Ela não apenas pode selecionar indivíduos, mas também seus genes. Assim, um tiziu pode não conseguir acasalar-se, mas se ele ajudar um irmão a fazê-lo irá, indiretamente, ajudar a proliferar seus genes através do irmão. É a teoria da seleção de parentesco, proposta por Bill Hamilton, da qual eu já falei na manchete comentada 4. Segundo ela, se você pode ajudar alguém, o mais indicado para receber a tal ajuda seria seu parente mais próximo.

Vereadores e prefeitos têm uma grande oportunidade de ajudar pessoas com suas indicações a cargos de confiança. Indicar seus parentes próximos é simplesmente o biologicamente mais natural a fazer. É lógico que esperamos de nossos políticos algo além do biologicamente mais natural, o Macaco Tião do post passado sabia seguir muito bem seus instintos biológicos. Sair tentando copular com a primeira gostosa que passasse pela frente é igualmente instintivo, mas desenvolvemos um sistema cultural que nos faz desviar da obviedade instintiva (ok, ok, Bill Clinton é exceção). Por isso o nepotismo não deveria ser tolerado. Não elegemos nossos políticos para expressarem suas animalidades, elegemos para sermos representados, e por pessoas competentes para os cargos, não parentes queridos dos governantes.

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