Sobre a relação orientador-orientando

Aos meus apóstolos nas santas ceias de almoço

 de quarta-feira por tudo o que têm me ensinado

 

Ter meus próprios orientandos é uma experiência muito legal. Durante a pós eu carregava sempre um caderninho no qual anotava ideias interessantes de experimentos para um dia poder realizar. Só que as ideias no caderninho cresciam em progressão geométrica, enquanto que a lista de idéias realizadas crescia em progressão aritmética, por isso em alguns semestres descobri que algumas daquelas páginas cobertas de pensamentos estavam fadadas ao ostracismo. Foi aí que descobri para que servem os estagiários, voltei a minhas notas e dali nasceram diversos projetos. Ainda há muitos por parir, mas hoje fico mais aliviado de não ter torrado fosfato à toa.

 

No entanto, a relação que emerge entre o orientador e o aluno é única. Pautada por regras silenciosas e uma etiqueta bastante rígida. Não sou nenhum orientador sênior, estou ainda engatinhando neste quesito, também não acho que eu seja parâmetro para a maioria dos orientadores ou alguém exemplar. Mas percebi que numa busca por como proceder nesta relação não havia nenhum material a contento, então resolvi escrever esta semana uma série de seis posts sobre isto.

 

1)      Para que serve um orientador? O orientador é a figura que vai orientar (Cara, como é que eu ainda não ganhei o Nobel?) seu trabalho. Está na alçada dele direcionar a escolha de um tema, recomendar leituras, métodos e análises. Ele deverá te ajudar na escrita do texto final (seja uma tese, um artigo etc) e te ajudar a corrigir problemas ou antever críticas. Não se esqueça: ninguém te deve nada! Não dá para exigir do orientador atenção ou exclusividade além dos limites. Orientadores em geral também são professores, gestores universitários, pesquisadores, “extensores” e seres humanos comuns, então ele não irá viver em sua função. Alunos de graduação exigem mais atenção do que mestrandos, mestrandos mais do que doutorandos e estes mais do que pós-docs. Optar por um orientador com muitos orientandos passa por saber-se preterido em alguns momentos.

Discussão - 7 comentários

  1. Luis Brudna disse:

    Algumas vezes parece que o processo de orientação parece ser mais demorado do que a própria tarefa proposta. 🙂

  2. Olá,
    Bom, antes de mais nada quero dizer que sou da "categoria" orientando e tenho uma relação muito boa com minha orientadora.
    Gostei muito da sua iniciativa de escrever essa série de posts e concordo quando você diz "ninguém te deve nada". Muitos acabam confundindo suas atribuições e infelizmente acontecem faltas e excessos (de ambos os lados). Diria que simplesmente pelo fato de você se preocupar em buscar um material sobre como proceder na relação orientador-aluno já lhe coloca muito à frente de orientadores mais "experientes" (só porque já orientaram muitas pessoas). Com certeza os trabalhos feitos com base em relações mais saudáveis e justas são melhores!
    Para finalizar, gostaria de perguntar se em algum dos posts você pretende discutir "como escolher um (bom) orientador" e "como escolher um (bom) aluno".
    Um abraço

  3. bessa disse:

    Vinícius, vamos combinar assim, acho que falei um bocado de como escolher um bom orientador de forma meio difusa nos textos (há mais cinco a sair nos próximos dias). Caso você ache que faltou alguma coisa neles volte a me escrever que eu preparo um sétimo texto sobre isto, quem sabe a gente não o escreve a quatro mãos? Já a escolha do orientando não vai tanto por aí, pelo menos aqui na UNEMAT não dá muito para um professor recusar um orientando a menos que ele pise na bola depois de começar ou que você já esteja sobrecarregado de alunos.
    Obrigado pela participação

  4. Claudia Varela disse:

    Olá...
    adorei seu texto, e como uma dos seus vários apóstolos,tenho que concordar com o Vinícius, você está mesmo muito à frente de alguns orientadores. E ressalto que a relação entre orientador e orientando é única e muito enriquecedora, pois ambos aprendem a respeitar e valorizar os limites e as diferenças. Obrigada por esses quase dois anos de orientação e amizade!

  5. lucas eduardo disse:

    Olá Bessa!!!!! cara só você mesmo pra conseguir dar conta de tudo (aulas, pesquisa, orientação de vários alunos, grupo de discussão e ainda escrever e responder comentários do blog). Acho que escolher o aluno para orientar é um pouco complicado porque muitas vezeS você não sabe o real interese deste pela proposta de trabalho, é meio que atirar no escuro para ver se acerta, o que na maioria da vezes dá certo. em relação a como escolher o orientador, segue no mesmo caminho, nós temos uma idéia de como este ou aquele professor trabalha e cobra dos seus orientandos, mas, esta relação varia muito de pessoa pra pessoa. O que eu posso dizer depois de ter passado por este processo aí na UNEMAT é que eu ao escolher o meu orientador eu fiz a escolha certa, porque este fez de fato e continua fazendo o seu papel de orientador e ainda de sobra ganhei um amigo!!!!!
    PS: um belo dia escutei: "o saco do professor é corrimão para o sucesso" HEHEHEEE!!!!!!!!
    ATÉ MAIS E UM ABRAÇO!!!!!
    LUCAS EDUARDO.

  6. gessi disse:

    Olá?
    Gostaria que me ajudasse na escolha do tema da minha monografia. Sou professora de geografia e faço pós em mídias na educação, estou um pouco confusa na escolha do tema, mas gostaria que fosse voltado para minha área de educadora na disciplina que na qual leciono e sou graduada.

  7. bessa disse:

    Gessi, acho que você não leu com atenção os textos. Não é assim que funciona! Você precisa conversar com seu orientador, escolher um tema que te agrade. Não serei eu, que nem da área sou, que inventarei um tema para a sua monografia. Mas boa sorte de qualquer forma.

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