Por que o código florestal que tramita no congresso não pode ser aprovado: Matas ciliares
A proposta de código florestal entregue ao congresso sugere a redução nas áreas vegetadas às margens de rios com menos de 5 m de largura. A redução das matas ciliares legalmente protegidas será de 30 m a partir da margem do rio na cheia para 15 m a partir da margem do rio na seca para cada lado. Os rios mais afetados por esta mudança seriam os de cabeceira, rios já muito degradados por pastagens e assoreamento.
Metade das espécies de anfíbios da Mata Atlântica são restritas a este ambiente, 45 espécies de peixes ameaçados de São Paulo só ocorrem nestes riachos de cabeceira, sem falar em borboletas, mamíferos semi-aquáticos e plantas restritos a este ambiente. As matas ciliares servem de corredores para a dispersão de vegetais e conexão de populações isoladas pela fragmentação da paisagem, impactos em áreas de cabeceira descem os rios com a correnteza afetando-os como um todo. Impactos aí podem resultar em epidemias de dengue e hantavirose, entre outras doenças.
A preservação das matas ciliares e seu referencial a partir da margem do rio na cheia são essenciais para a manutenção destes ambientes e de outros que dele dependem. Em vez de reduzir a área de reserva às margens dos rios o novo código florestal deveria estimular sua recuperação.
Discussão - 2 comentários
Prezado Eduardo,
Também gostaria de acrescentar que a conservação das florestas ciliares também se justifica em um contexto de mudanças climáticas. Basta lembrar que durante os vários eventos passados de mudanças climáticas que ocorreram no nosso planeta, com os períodos glaciais intercalados por períodos inter-glaciais, essas áreas sempre desempenharam funções ecológicas importantes, funcionando como áreas de refúgio e corredores de migração de espécies.
Estarei acompanhando a série de post.
Tem toda razão, pensando em termos evolutivos este é mais um fator chave para a preservação destes ambientes.