Compras de natal e a teoria da mente

Sempre escuto todo mundo que escreve dizer o quanto busca inspiração nas coisas do dia-a-dia para escrever. Comigo, claro, não é diferente. Também é claro que não consegui escapar do furor das compras de natal. Na verdade nem me esquivo muito, adoro fazer a lista dos presenteados, entrar nas lojas e ficar pensando no que dar a cada um, o que combina mais com cada parente ou amigo e foi justamente isso que suscitou o ensaio natalino de hoje.
Ao parar diante de um produto e imaginar o quanto ele combina com alguém o que estamos fazendo é colocar à prova, talvez à prova mais difícil do ano, a teoria da mente. Teoria da mente é a habilidade de atribuir ao outro um desejo ou uma intenção.
Ninguém é capaz de provar a mente dos outros, só temos acesso a nossa própria mente com seus desejos e intenções (E olhe lá! Meu pai psicólogo e frequentemente indeciso, além de excelente companhia nas cerimônias natalinas, diria.) através da introspecção. Mas obviamente temos uma possibilidade de perscrutar, mesmo que imprecisamente, a mente alheia.
Quando olhamos para a cara de um deputado dando depoimento numa CPI e sacamos que ele está mentindo, esta é a teoria da mente. Quando deixamos de dizer uma coisa a alguém para não magoá-lo, esta é a teoria da mente. Quando escolhemos um presente com nossa parca renda para alguém de quem gostamos por combinar com aquela pessoa, esta é a teoria da mente outra vez.
Feliz natal a todos e espero que a teoria da mente de quem lhes presenteou tenha funcionado a contento.

Discussão - 2 comentários

  1. Um atalho é comprar um vale-presente ou dar dinheiro... rere
    []s,
    Roberto Takata

  2. Mr Bhyngo disse:

    Ainda é Natal e a Teoria da Mente
    Na hora da distribuição dos presentes, na maioria dos casos, constatamos a pouca euforia resultado dos acertos e enganos. Mas vale achar graça. Por exemplo, um parente que não tem lá uma vasta cabeleira, entretanto, ganhou da tia um grande frasco de shampoo que deve fazê-lo economizar esse gasto por 5 anos. Confirma-se que o homem não é dono nem na sua própria casa (a mente), isto é, desconhece seus desejos mais verdadeiros e, consequentemente, o do outro. Mas ta valendo a criatividade, a pesquisa cuidadosa do que o outro gosta e as tentativas de erros e acertos. E, por fim, no primeiro dia útil lá estaremos nós na fila da troca dos presentes. Ainda é Natal!

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