A fêmea no poder I

Passei o ano novo em Brasília, portanto estava lá durante a posse de nossa primeira presidenta (como ela mesma gosta de se denominar). Foi daí que surgiu esta série de posts contando exemplos de sociedades animais onde a fêmea assume o papel central. Sem dúvida que em todas as espécies as fêmeas exercem um papel fundamental e que é apenas nossa visão machista (a ciência é fundamentalmente machista, basta ver a quantidade de homens e mulheres neste ramo do conhecimento) que nos faz crer no contrário, mas os exemplos que darei esta semana apresentam aqueles animais que até o mais chauvinista dos cientistas consideraria exemplos da força da fêmea. Esta será minha homenagem ao poder da mulher e um rol de esperanças acerca de como esse poder pode ser exercido de modo mais saudável do que o masculino.

seta

Inveja do pênis? Batedoras em forma de flecha

Fonte:  http://fcodantas.blogspot.com/

 

Durante o trajeto entre a residência presidencial do Torto e o Congresso Nacional as motociclistas que serviam de batedoras à presidenta fizeram uma coreografia que deve ter feito Freud sorrir no caixão, posicionaram as motos na forma de uma flecha. O pai da psicanálise dizia que a mulher tem inveja do pênis pelo símbolo de poder que ele traz. Batedoras em forma de seta foi o falo simbólico que a presidenta ganhou no dia da posse, nem sei se de propósito ou inconscientemente. No entanto, não é só ela que aposta em símbolos fálicos na hora do poder, a hiena manchada faz o mesmo.

hienas

Avaliação do status hierárquico entre duas fêmeas de hiena manchada através do tamanho do pseudo-pênis

Fonte: http://www.myspace.com/herberthyena

 

Hienas manchadas, Crocuta crocuta, formam bandos de até 90 indivíduos (dependendo da abundância de presas) liderados por uma fêmea. Elas ocupam territórios amplos delimitados por marcas de cheiro e gritos, a divisão de tarefas entre os indivíduos é definido por uma hierarquia onde as fêmeas posicionam-se no topo. A fêmea mais dominante, ou alfa, em geral não é definida pela agressividade como na maioria das espécies patriarcais, mas pela capacidade de se articular com outros membros. Eis aí algo a se esperar da nossa presidenta. O símbolo máximo do poder da fêmea dominante vêm do pseudo-pênis, um clitóris aumentado que pode atingir 15 cm de comprimento. Fêmeas mais no alto da hierarquia de poder têm dificuldades na vida familiar. O mesmo órgão que define poder traz à fêmea uma grande dificuldade em dar à luz sua prole, já que os filhotes terão de sair através do estreito e longo canal ao longo do pseudo-pênis, resultando em muitos natimortos.

Discussão - 5 comentários

  1. Claudia Chow disse:

    Esse negócio de ter q ter um pseudo-penis me intriga, será q para a mulheres estar no poder precisa pelo menos parecer homens?

  2. bessa disse:

    Espero que não, Clau. É só algo recorrente mesmo, mas necessário acho que não é.

  3. Marão disse:

    Bem, lembram-se de Margaret Thatcher, de Golda Meir e Indira Ghandi? Não foram exatamente exemplos de suavidade no trato com o poder, muito pelo contrário, usaram e abusaram dos respectivos cetros ou pseudo-pênis. Radicalização, jogo duro, truculência, autoritarismo e etcéteras e tal...não se iludam, portanto, com o Matriarcado Pindorama. O tacape e a borduna certamente serão manejados com maestria. Os tempos de “Lulinha Paz e Amor” já eram...

  4. reagentes disse:

    A verdade é que existem pessoas comuns e também pessoas geniais independentemente do sexo.

  5. Mr. Bhyngo disse:

    Presidente ou Presidenta?
    Se a formação da Escolta de Honra da Presidenta simboliza o poder fálico ou tão somente a melhor forma de proteção do carro Presidencial é assunto para tergiversação. E se é que a proeminência do órgão masculino é de causar inveja nas mulheres tenho certeza que muitos “homens” ficarão de queixo caído frente a essa tal hiena.
    O importante é que: se o falo é real a ponto dos homens temerem perdê-los, já estamos sofrendo essa castração do “poder” masculino há algumas décadas. Se, por outro lado, ele é um atributo imaginário o qual pode ser substituído por outros objetos de desejo é inteligente que nós homens procuremos aceitar essa cisão para que não morramos narcisicamente. E, finalmente, se esse falo imaginário adquire uma condição de operador simbólico, “falo simbólico”, parece que as mulheres estão mais bem preparadas para exercer essa função. Isso porque elas nunca tiveram em seu inconsciente o fantasma da perda e, consequentemente, puderam ser mais tranqüilas para lidar com a lei, a transitar entre o poder e a compreensão de forma mais suave e humana par. Essa condição da mulher de imprimir mais amor no diálogo com o outro, atribui a elas a capacidade de conferir melhor a cada um o seu lugar definido. Viva a primeira Presidenta do Brasil!

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