Uma cidade de fundir os miolos


Centro de Sao Paulo essa época do ano, o ar frio concentra a poluição próximo ao chão e ao seu nariz
Fonte: http://csm7anod.pbworks.com/

Essa semana a revista Nature publicou um estudo sobre os efeitos da vida nas megalópoles sobre o cérebro. Em 2006 eu deixei a enorme cidade de São Paulo para trás e a troquei pela pequenina Tangará da Serra, no interior de Mato Grosso. Nunca fui muito fã de grandes centros urbanos e a vida em Sampa frequentemente me dava desespero. Óbvio que adorava as agitações culturais, teatros, shows, bons restaurantes e livrarias; adorava acima de tudo meu reduto uspiano, o Instituo de Biociências. Nada disso, no entanto, me garantia um futuro ou amenizou as pressões para sempre, assim que fui aprovado na UNEMAT mudei-me para cá.
O número de seres humanos vivendo em cidades, que está em cerca de 3,3 bilhões de pessoas, deve atingir 70% da humanidade em quarenta anos. É sabido que serviços de saúde são mais frágeis fora das cidades e que as zonas rurais têm outros problemas (como as recentes descobertas de agrotóxicos no leite materno aqui em MT). No entanto a vida nos grandes centros reconhecidamente aumenta em 30% as chances de você desenvolver depressão ou síndrome do pânico e a sua chance de desenvolver esquizofrenia dobra se você mora ou nasceu e passou seus primeiros anos de vida numa megalópole. Provavelmente a alta densidade populacional que Tangará ainda não tem é que proporciona a saúde que eu busco e que São Paulo me negava.
O estudo de autoria de Florian Lederbogen correlacionou viver na cidade com atividade em áreas cerebrais relacionadas a doenças psiquiátricas e à violação da privacidade ou espaço pessoal sob estresse. Como o estudo só buscou correlações, e não causa e consequência, passos posteriores são necessários para saber como uma coisa leva à outra, mas os resultados são preocupantes. Quer dizer, preocupantes para aqueles que ainda vivem na cidade grande, eu estou feliz com a minha opção e satisfeito com a vida em Tangará.


Centro de Tangará essa época do ano, a seca estimula os ipês rosas a entrar em floração.
Fonte: diariodetangara.blogspot.com

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Discussão - 1 comentário

  1. Accustandard disse:

    Nem se compara.... dá até falta de ar só de ver essa foto de SP.

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