Biotecnologia – Profissão Biólogo
Fernando Nodari
- Fernando Nodari, especialista de aplicação de produtos em Biotecnologia
Trabalho na área comercial de uma empresa de Biotecnologia chamada Affymetrix. O mercado de trabalho em que atuo tem espaço para biólogos no futuro. Em meu cotidiano profissional são exigidos raciocínio lógico, bom relacionamento com clientes, inglês fluente e conhecimentos de biologia molecular.
Aqui na Affymetrix sou o especialista de aplicação, responsável pelo suporte pré e pós venda dos produtos da empresa na América Latina. Ministro palestras em eventos e participo de reuniões com clientes antes da venda para tentar definir qual o melhor produto para sua pesquisa. Após a compra, treino os pesquisadores a utilizar o equipamento e a realizar os ensaios. Se o cliente encontra algum problema, eu o ajudo a encontrar a fonte do problema e a solucioná-lo.
Em teoria trabalho 40 horas semanais, mas eu acabo sempre trabalhando mais que isso. Meu regime é de home-office, então sou eu quem faço os meus horários. Porém, como meus clientes estão trabalhando no horário comercial, preciso estar disponível nesse horário. Quando não estou no laboratório de um cliente, eu trabalho de casa. Devo dizer que, como tudo, tem suas vantagens e desvantagens trabalhar em casa. Vantagem: não pegar trânsito numa cidade caótica como São Paulo; estar em casa e poder resolver pequenas coisas do dia-a-dia. Desvantagens: não ter muita hora para parar de trabalhar, se bobear você acaba ficando até tarde trabalhando. Exige muita disciplina.
Na graduação gostava das disciplinas da área de zoologia, mas atualmente meu trabalho está muito voltado para as de biologia molecular e bioquímica. Depois da graduação fiz mestrado em genética. Isso me ajudou a conseguir meu emprego porque aprendi as técnicas dos produtos que passaria a representar e conheci pessoas que me levaram ao cargo que ocupo. No entanto, o mestrado não foi uma exigência do contratante, era apenas desejável.
Durante meu mestrado percebi que não queria seguir carreira acadêmica e assumo que só entrei no mestrado pela inércia das faculdades públicas de biologia. Mas, isso foi bom, porque foram os conhecimentos do mestrado que me permitiram chegar aonde cheguei hoje. Bom, quando depositei minha dissertação comecei a procurar emprego. Anunciei meu CV na Catho e, nos sete dias gratuitos, fui chamado para uma entrevista na Uniscience (empresa nacional distribuidora de equipamentos e reagentes de biologia molecular) para uma vaga de vendedor. Fui selecionado e trabalhei por três meses nessa função. Em pouco tempo pude ver que eu não sou um vendedor. Então, abri o jogo com minha chefe. Falei que eu não estava me adaptando ao cargo e queria saber se a empresa poderia me aproveitar em outro setor. Como ela tinha gostado do meu trabalho, me indicou para a equipe de suporte. Consegui a transferência e, na equipe de suporte, passei a cuidar dos produtos da Affymetrix (na época, representada pela Uniscience no Brasil). Permaneci no mesmo cargo por dois anos e meio até que consegui uma vaga de especialista de produto na Perkin Elmer. Trabalhei lá por dois meses quando tive uma “crise dos 30 anos”; larguei tudo e comecei a dar aula de biologia para o ensino médio.
Após quatro meses, vi que tinha feito um movimento errado. Foi então que a Affymetrix decidiu abrir um escritório no Brasil e, graças ao bom trabalho e aos bons relacionamentos que desenvolvi na Uniscience, eles entraram em contato comigo para que eu ocupasse a vaga de especialista de aplicação. A “crise dos 30” foi essencial para que eu tirasse uma dúvida antiga da minha cabeça: como seria minha vida como professor? Sempre gostei de ensinar e achei que a minha felicidade estivesse nas aulas. Porém, quando me vi tendo que ser mais disciplinador do que professor, vi que esse caminho me reservaria mais estresses do que alegrias. Essa experiência também me ajudou a valorizar muito meu atual trabalho. Estou trabalhando na Affymetrix há seis meses e pretendo construir uma carreira longa e de muito sucesso aqui.
Me motiva em minha profissão estar sempre atualizado sobre a biotecnologia e encontrar a fonte do problema onde ninguém encontra. O que invariavelmente ajuda os pesquisadores das mais diversas áreas. Com relação às dificuldades que alguém como eu encontra na carreira estão duas principais: as viagens constantes e competição desleal com os concorrentes. Se você pretende seguir uma carreira como a minha tenho três conselhos: estudar, networking e estudar.
*Um agradecimento especial do autor do Blog ao Gabriel Cunha que me apresentou o Fernando Nodari
Discussão - 6 comentários
Muito bacana esse post. Serve para tirar um pouco daquela ideia que Biólogo não arruma profissão fora da universidade.
Olha! Roubou meu amigo pra escrever no seu blog! Até tu, Fernando!
Heheheh
"Porém, quando me vi tendo que ser mais disciplinador do que professor, vi que esse caminho me reservaria mais estresses do que alegrias."
E assim a educação perde mais um professor e a indústria ganha mais um bom funcionário.
Enquanto as coisas continuarem do jeito que estão a educação sempre irá perder, baixos salários, péssimas condições de trabalho competindo com a indústria e todas as qualidades apresentadas pelo entrevistado.
Não estou criticando a tua escolha Fernando. Eu mesmo tomei uma atitude semelhante há dois anos deixei de lecionar para ensino básico. Apenas não resisti a reflexão.
Concordo plenamente com vc Felipe!
Gostaria de saber sobre a areá de patologia, se é possível também fazê-la após graduação em biologia. E se possível dizer áreas que se relacione com a especie humana ao invés de plantas e animais.
Nossa a legal isso, eu fiz Mestrado em Biotecnologia também, mas como você não sou muito de lecionar, e estou sem emprego atualmente. Agora estou fazendo uma especialização em Gestão Ambiental, penso que assim seja "Mais fácil " consegui um emprego.
Então, gostaria de saber quais empresas tipo essa em que você trabalha emprega Biólogo. Se alguém puder me ajudar, ficarei grata.