Muito cuidado com este inseto!

Muito cuidado com este inseto, mas não pelo motivo que você está pensando. (Imagem: Matthew Robinson)

Desde o começo do ano vem circulando pela internet, principalmente whatsapp e facebook, um alerta sobre um inseto indiano ou chinês que está transmitindo pelo simples contato um vírus ou fungo mortal que se manifesta primeiro por erupções na pele. A única coisa viral a respeito dessa história foi a velocidade com que a mentira se espalhou online, e parece que uma mais recentemente houve um novo surto.

O Gilmar Lopes, do E-farsas, já desvendou nesse texto aqui mais essa lenda virtual, mas devido ao seu ressurgimento e a um outro aspecto interessante dessa história, resolvi revisitá-la no Ciência à Bessa.

O inseto mostrado é um Belostomatideo, chamado popularmente de barata d’água apesar de ser mais aparentado aos percevejos que às baratas. Eles não são transmissores de nenhuma doença até onde se sabe. Barbeiros, por outro lado, são parentes próximos e muito mais esquecidos, mas que seguem rondando até grandes centros urbanos como Brasília com a doença de Chagas. Apesar de não transmitirem doenças, a picada da Barata d’água é extremamente dolorida e pode causar até paralisia.

Esses animais são aquáticos e mergulham para capturar seu alimento, que podem ser até pequenos peixes e girinos. Insetos modificaram suas peças bucais numa enorme variedade de dietas em resposta à competição por alimento. Os percevejos, como a barata d’água e o barbeiro, as transformaram em um aparelho bucal sugador. Em sua saliva eles apresentam uma enzima que liquefaz tecido e causa dor intensa na região da picada. Apesar disso, nos humanos todos os sintomas desapareceram até cinco horas depois da picada.

Previna-se sim contra a barata d’água, mas contra sua mordida e não doenças imaginárias. Um estudo do Professor Vidal Haddad, da UNESP, mostrou que zoólogos, entretidos em suas pesquisas, entre outras criaturas distraídas que se aventuram na água, são vítimas frequentes desse inseto. No viral que anda circulando online diz que não é para matar o animal nem com os pés nem com as mãos. Com isso eu concordo. De preferência deixe o bicho viver. Como predador de topo de cadeia, ele tem um papel ecológico importante no equilíbrio da fauna aquática. Além disso, são excelentes pais, cuidando dos ovos (essas bolinhas nas costas do animal da foto) no lugar das fêmeas. Portanto, lembrem-se, crianças, não vamos espalhar qualquer coisa que lemos online por aí. Combinado?

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