Bicho Bizarro: Feiticeira


Feiticeiras, desde 500.000.000 antes de Cristo
Fonte: zoology.ubc.ca

Falar da feiticeira é como falar de uma prima distante, para os biólogos ela representa o mais primitivo membro do grupo dos vertebrados. Esse animal marinho cuja forma se assemelha à de uma enguia, na verdade ainda não possui uma coluna vertebral (apenas um crânio), não apresenta mandíbulas e muito menos nadadeiras pares. Elas habitam os oceanos ao redor do mundo vivendo em águas profundas. Alimentam-se de organismos em decomposição, como a carcaça de uma baleia morta. Para arrancar pedaços dela as feiticeiras dão nós no corpo através dos quais elas puxam suas bocas em ventosa. Sua maior bizarrice talvz seja a produção abundante de um muco que a protege de predadores (vide o vídeo).

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Bicho bizarro: Tartaruga mordedora


A voraz predadora de aparência pré histórica num raro momentos fora d’água
Fonte: nationalgeographic.com

A tartaruga mordedora é uma predadora voraz dos pântanos ao sul dos EUA. Sua tática de captura de alimento é bastante interessante, a ponta de sua língua tem a aparência de uma minhoca vermelha e ululante, um atrativo irresistível para um peixe incauto, como bem sabem os pescadores. A tartaruga posiciona-se no fundo dos rios ou lagos onde vive, escancara sua boca e começa a remexer sua isca. Assim que um peixe se aproxima certo de que terá uma refeição, ele é que se torna o prato do dia. Esse animal consegue segurar a respiração debaixo d’água por até 50 minutos, muito provavelmente graças à respiração acessória que fazem através da mucosa do ânus. Apesar de ser um predador de topo de cadeia, a tartaruga mordedora encontra-se na lista de animais ameaçados de extinção devido à perda de habitat e à caça para obtenção de carne.

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Bicho Bizarro: Panda vermelho


Me dá um abraço?
Fonte: www.eol.org

Essa semana mudarei da abordagem horripilante de semana passada para uma mais cuti-cuticarismática, nosso bicho, talvez nem tão bizarro assim, é o panda vermelho. Esse animal de cerca de meio metro e cauda comprida é um verdadeiro enigma taxonômico. Seu crânio, dentes e o rabo listradinho não deixavam dúvida de que se tratava de um parente do guaxinim, um procionídio. O problema é que não existe nenhum outro procionídio num raio de 5000 km desses pandas, para completar uma análise de DNA apontou para um parentesco com os pandas gigantes e outros ursos. Por via das dúvidas a solução foi propor uma família só para eles, os ailurídios. Eles vivem em florestas de bambu no Himalaia, se alimentam de ramos jovens dessa gramínea (sim, o bambu é uma baita grama alta), frutas silvestres e ovos de aves. Sua pele atraiu muitos caçadores e traficantes de animais, mas somada ao desmatamento o pandinha entrou na lista das ameaçadas da IUCN.

ARKive video - Red panda - overview
Um osso da mão do panda é modificado como um dedo opositor.
Fonte: www.arkive.org

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Bicho Bizarro: Cecília

Leilão de jardim
Cecilia Meireles

Quem me compra um jardim
com flores?
borboletas de muitas
cores,
lavadeiras e
passarinhos,
ovos verdes e azuis
nos ninhos?
Quem me compra este
caracol?
Quem me compra um raio
de sol?
Um lagarto entre o muro
e a hera,
Uma estátua da
Primavera?
Quem me compra este
formigueiro?
E este sapo que é
jardineiro?
E a cigarra e a sua
canção?
E o grilinho dentro
do chão?

Essa semana o Bicho Bizarro retorna a espécies brasileiras, porém mal conhecidas. A cecília, é um anfíbio como o sapo mencionado no poema dessa outra Cecília, a Meireles. Como todo anfíbio ela possui glândulas de veneno na pele úmida, ovos dependentes de umidade e respiração cutânea, mas a cecília é uma lista de exceções. São os únicos anfíbios sem pernas, os únicos com fecundação interna, os únicos que podem ser vivíparos, são subterrâneas, escutam e enxergam mal, mas têm tentáculos olfativos muito eficientes e podem não ter fase larval. Seu filhote nasce com até 40% do tamanho da mãe (imagine uma mulher de 60 kg dando à luz um bebê de 24 kg!), algumas espécies podem nutrir os filhotes com uma secreção da pele da mãe, quase como um leite.


Conheço cecílias mais simpáticas
Fonte: arkive.org

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Bicho Bizarro: Tubarão serra


E você achava o seu nariz engraçado?
Fonte: arkive.org

Como se tubarões já não fossem bizarros o suficiente, este membro da Classe desponta. O tubarão serra é um tubarão de formas peculiares, seu focinho se prolonga suportando dentes na margem, o que o torna parecido com uma motosserra. O peixe o usa para chafurdar no fundo arenoso que habita em busca de pequenos invertebrados. Ele também pode capturar peixes na coluna d’água com o apêndice. O milhonário mercado de nadadeiras de tubarão para sopas afrodisíacas na Ásia tem levado essas espécies de reprodução lenta à redução populacional, outro problema é a captura acidental em redes camaroeiras. Sua distribuição é global e alguns exemplares foram capturados muitos quilômetros para o interior de continentes em rios. O que eu usei nas minhas aulas de faculdade havia sido pescado em Manaus.

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Bicho Bizarro: Rato toupeira pelado


Quem o feio ama, bonito lhe parece.
Fonte: http://www.sandiegozoo.org

No alto da lista dos animais mais feios do mundo figura o rato toupeira pelado. Esse roedor (e não um Insectivora, como as toupeiras verdadeiras) habita o subsolo do Nordeste africano. Essa é a única espécie conhecida de vertebrado eusocial, ou seja, com divisão morfológica do trabalho, sobreposição de gerações e partilha de ninhos. Os ratos toupeiras pelados cavam seus túneis usando dentes incisivos que nunca param de crescer e são resistentes a ponto de cortar acrílico e telas de aço. Seus olhos reduzidos e a ausência de pelos sugerem adaptações à vida subterrânea. Apenas a rainha dessa espécie se reproduz, inibindo a fertilidade das outras fêmeas através de feromônios. Outras bizarrices da espécie é que são extremamente longevos para roedores e aparentemente resistentes ao câncer.

ARKive video - Naked mole rat - overview

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Bicho bizarro: Cavalo marinho


Uma jóia da evolução, esta espécie é muito comum no litoral brasileiro
Foto de Ary Amarante

Nessa semana do dia dos pais o bicho bizarro é uma homenagem ao meu. O cavalo marinho é um dos pais mais cuidadosos do mundo animal, ele desenvolve uma bolsa incubadora que recobre o seu abdômen e a abertura genital. No momento do acasalamento a fêmea introduz seus gametas na bolsa do macho, que os fecundará e guardará até o momento da eclosão, dessa forma, é o macho do cavalo marinho quem engravida. A anatomia do cavalo marinho é tão modificada que ele nem parece mais um peixe, sua boca se alonga permitindo alimentar-se de pequenos itens na coluna d’água ou em frestar nos recifes, suas nadadeiras peitorais encolhem e a dorsal ganha a função de fazê-lo nadar. Os cavalos marinhos têm a cauda prênsil como a de um macaco prego, eles a usam para se agarrar em objetos submersos. Os cavalos marinhos vêm sendo ameaçados tanto pelo comércio ilegal como peixes ornamentais quanto mortos como souvenires, a devastação de manguezais e recifes também os tem prejudicado. No Brasil o grupo de pesquisa da Prof. Ierecê Rosa (UFPB), na Paraíba, tem gerado dados importantes para a conservação dos nossos cavalos-marinhos.

ARKive video - Pygmy seahorse camouflaged against coral
Mestres do disfarce, cavalos marinhos se camuflam muito bem no ambiente.

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Bicho Bizarro: Lhama


Essa lã me produziu um casaco bem legal e quentinho
Fonte: http://www.bio.davidson.edu

Imagine um camelo que, além da escassez de água, seja adaptado ao frio. Você deveria estar imaginando uma lhama. Este mamífero aparentado dos camelos e das girafas vive no alto da cordilheira dos Andes alimentando-se de gramíneas e suportando o frio rascante e a falta de oxigênio. Lhamas são peculiares por serem facilmente criadas por humanos, aprenderem truques como um cão aprende, são até usadas para cuidar de rebanhos de carneiros, são excelentes animais de carga (levando até 30% de seu peso, ou seja, 40 kg de carga) e ainda podem ser criadas para produção de lã ou carne. A Lhama pode passar dias sem beber água, resiste bem ao frio graças a sua lã e a um mecanismo de aquecimento do ar inalado que existe em seu nariz, seu sangue possui mais hemoglobina, com maior afinidade pelo oxigênio e capaz de capturar oxigênio a baixas pressões atmosféricas. Como o camelo, a lhama tem o péssimo hábito de cuspir como sinal de superioridade. Diferente destes, sua gordura corporal não está concentrada em corcovas, ajudando a mantê-la aquecida, o que o camelo certamente não quer.

ARKive video - Guanaco herd feeding, juveniles play-fight; guanaco grazes and shelters during a snowstorm
Guanacos, parentes próximos das lhamas.

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Bicho Bizarro: Axolotl


Adulto com carinha de bebê
Fonte: axolotl.org

Essa semana nosso animalzinho será está mais distante da nossa realidade, o axolotl é uma salamandra que se mantem aquática até a fase adulta. Essa manutenção das características da larva no adulto ganhou o nome de pedomorfose, no axolotl ela inclui brânquias ao lado da cabeça e uma cauda provida de nadadeira. O axolotl vive em lagos no México (daí esse nome com um quê de Asteca) e para se reproduzir macho e fêmea dançam em círculos, depois o macho se afasta deixando uma estrutura gelatinosa contendo os espermatozóides sobre o qual a fêmea se senta para ser fecundada. Recentemente cientistas injetaram hormônios de metamorfose em axolotls forçando-os a perderem as brânquias e saírem da água, o que gerou um animal diferente das outras salamandras conhecidas, mas vagamente semelhante à salamanda tigre mexicana. Ontogenia e filogenia ou apenas genes homeóticos em ação.

ARKive video - Axolotl showing amphibious adaptations for life swimming under water (external gills) and crawling on land (loses gills)
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Bicho Bizarro: Tuvira


Uma amostra da diversidade de tuviras existente
Fonte: http://accessscience.com/

O animal de hoje é na verdade um grande grupo de espécies de peixes de água doce no Brasil, são mais de uma centena de espécies no Brasil. Sua peculiaridade está neles darem choque. As tuviras têm células musculares modificadas que assumem a função de uma pilha, um lado fica carregado de ions negativos e o outro de positivos, gerando 1 mV cada. Junte muitas dessas células em série e a voltagem aumenta bastante. Na verdade a maioria delas só produz uma pequena descarga elétrica, mas uma excessão famosa é o poraquê, cujo choque pode atingir até 600 V. Esses peixes que vivem em rios muitas vezes de águas barrentas e são ativos à noite usam o campo elétrico que produzem e sentem para se localizar, comunicar-se com outros indivíduos, caçar, evitar predadores e namorar. Chocante, não? As tuviras têm também o corpo desprovido de escamas, olhos diminutos e perderam as nadadeiras pélvicas, dorsais e caudal, se locomovem abanando a longa nadadeira anal. O vídeo abaixo mostra um jacaré atacando um poraquê, uma péssima ideia. O filme virou mania no youtube.

“Gente, é incrível a natureza, o jacaré morrendo eletrocutado”

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