O alto impacto das atividades humanas na Costa Oeste dos EUA

[ High Human Impact Ocean Areas Along U.S. West Coast Revealed ]

Mudanças climáticas, pesca e navegação comercial encabeçam a lista de ameaças

Mapa da influência humana na Costa Oeste dos EUA.

Os cientistas criaram um mapa que mostra as áreas oceânicas da Costa Oeste mais afetadas pelas atividades humanas..
Crédito e imagem ampliada

11 de maio de 2009

Mudanças climáticas, pesca e navegação comercial encabeçam a lista de ameaças ao oceano ao largo da Costa Oeste dos EUA.

Ben Halpern, um ecologista marinho no Centro Nacional para Análise e Síntese Ecológicas (National Center for Ecological Analysis and
Synthesis  = NCEAS) na Universidade da Califórnia em Santa Barbara, declarou:   “Cada ponto do oce­ano ao longo da Costa Oeste é afetado por entre 10 a 15 atividades humanas diferentes, anual­mente”.

Em um estudo de dois anos para documentar as maneiras com que os humanos estão afetando o oceano nessa região, Halpern e seus colegas sobrepuseram dados sobre as localizações e a intensidade de 25 fontes de estresse ecológico, geradas por atividades humanas, que incluiam mudanças climáticas, navegação comercial e pesca recreativa, fontes de poluição com base em terra e atividades comerciais com base no oceano.

Com as informações, eles produziram um mapa composto dos ecossistemas marinhos da Costa Oeste.

O trabalho foi publicado online hoje na revista Conservation Letters  e foi realizado no NCEAS. O NCEAS é financiado principalmente pela Divisão de Biologia Ambiental da NSF.

Phillip Taylor, chefe de seção na Divisão de Ciências Oceânicas da NSF, disse: “Essa
importante análise da geografia e da magnitude dos estressantes com base em terra deve auxiliar a focalizar a atenção nos pontos críticos onde são necessários um gerenciamento coordenado das terras e das atividades oceâ­nicas”.

Os principais cientistas deste estudo conduziram uma análise similar em escala global, cujos resultados foram publicados no ano passado na Science.

Refinando os métodos usados no estudo global e os aplicando em escala regio­nal, os cientistas puderam avaliar quão bem os resultados previam a saúde do oceano em nível regional.

Mapa de satélite do litoral da Califórnia.

Mapa de satelite da costa da Califórnia, uma das áreas da Costa Oeste mais afetadas pelas atividades humanas.
Crédito e imagem ampliada

“Descobrimos dois resultados notáveis e inesperados nesta pesquisa”, disse Halpern.

“O gerenciamento do oceano precisa deixar de ser um gerenciamento de um único setor e passar a ser um gerenciamento compreensivo com base em ecossistemas, se queremos que ele seja eficaz na proteção e manu­tenção da saúde do oceano”.

“Igualmente, os resultados globais para essa região fica­ram altamente correlacionados com os resultados regio­nais, o que sugere que os resultados globais podem for­necer um guia valioso para os esforços regionais por todo o mundo”.

Os resultados do estudo mostram que os pontos críticos de impacto cumulativo ficam nas áreas costeiras próximas a centros urbanos e bacias de drenagem altamente poluídas.

A pesquisa foi um processo com quatro etapas.

Na primeira, os cientistas recolheram informações para quantificar e comparar como as diferentes atividades humanas afetavam cada ecossistema marinho. Por exemplo, constatou-se que eflúvios de fertilizantes tinham um grande efeito sobre manguezais salgados, mas tinham um impacto muito menor sobre recifes rochosos.

Então, os pesquisadores recolheram e processaram dados sobre ecossistemas marinhos e as influências humanas.

A seguir, eles combinaram os dados dos dois primeiros passos para estabelecer “escores de impacto humano” para cada ponto ao longo da Costa Oeste.

Finalmente, eles compararam os resultados regionais com os resultados globais para as mesmas áreas, tirados das análises anteriores.

Um pescador.

As populações de peixes da Costa Oeste dos EUA sofrem um grande impacto causado pelas atividades humanas.
Crédito e imagem ampliada

O biólogo e co-autor do artigo, Kim Selkoe, também do NCEAS, disse: “Comparar a versão global do mapa às versões em escala regional nos permite verificar onde eles se saem melhor”.

“A alta correlação é uma boa notícia para os gestores ambientais marinhos nas áreas do mundo que podem necessitar de mapas de impacto humano, mas não têm os recursos para realizar suas próprias análises”.

O estudo fornece informações críticas para a avaliação de onde certas atividades podem prosseguir com pouco efeito sobre o oceano e onde outras atividades podem ter que cessar ou serem deslocadas para áreas menos sensí­veis, segundo Taylor.

Na medida em que o gerenciamento e a consevação dos oceanos se volta na direção da criação de áreas marítimas de proteção ambiental, o gerenciamento com base em ecossistemas e o zoneamento oceânico para contrabalançar as influências das atividades humanas, tais informações podem se provar inestimáveis para os gestores e os responsáveis pelas políticas, afirma Halpern.

“Os resultados são um toque de alerta”, disse ele. “Nós estamos afetando significativamente os oceanos”.


Sedimentos do fundo do mar revelam 53 milhões de anos da história do clima






Press Release 09-089 Sea-floor Sediments Illuminate 53 Million Years of Climate History

Navio-sonda JOIDES Resolution completa a primeira expedição como navio remo­delado

Mapa com as localizações das expedições de sondagem do Oceano Pacífico Equatorial.

Duas expedições consecutivas de perfuração do leito oceânico estudarão os sedimentos do fundo do mar e mudanças climáticas.
Crédito e imagem ampliada

1 de maio de 2009

O navio-sonda JOIDES Resolution
do Programa Integrado de Sondagem do Oceano (Integrated Ocean Drilling Program = IODP) está retornando ao porto em Honolulu nesta semana após uma viagem de dois meses para cartografar uma história detalhada do Oce­ano Pacífico Equatorial. A expedição foi a primeira de duas viagens sucessivas de um projeto chamado Tran­secto Cronológico do Pací­fico Equatorial (Pacific Equa­­torial Age Transect = PEAT). Foi a primeira expe­dição científica internacio­nal de sonda­gem depois que o JOIDES Resolution passou por uma reforma que durou vá­rios anos, para transformá-lo em um laboratório científico flutuante do século XXI.

As expedições do PEAT estão recolhendo uma série de registros históricos de sedimentos em várias localizações geográficas diferentes sob o Oceano Pacífico Equatorial. O primeiro esforço de pesquisa, intitulado Expedição 320, teve lugar de 5 de março a 4 de maio de 2009; a Expedição 321 acontecerá de 5 de maio a 5 de julho de 2009.

A parte científica da Expedição 320 foi co-chefiada por Heiko Palike da Universidade de Southampton, Reino Unido, e Hiroshi Nishi da Universidade de Hokkaido, no Japão. Na Ex­pedição 320, os cientista obtiveram registros que remontam desde a época presente até o mais quente dos períodos de “estufa” na Terra, que aconteceu em torno de 53 milhões de anos atrás.

Os estudos realizados ainda a bordo revelaram que as mudanças na acidificação do oce­ano ligadas às mudanças climáticas têm um impacto grande e global sobre os organismos mari­nhos.

“Os sedimentos coletados durante esta expedição proporcionam um vislumbre sem prece­dentes sobre a evolução do Pacífico tropical, uma das regiões oceânicas maiores e mais im­portantes em termos climáticos na Terra”, declarou Julie Morris, diretora da Divisão de Ci­ências Oceânicas da Fundação Nacional de Ciências (NSF).

“Ao focalizar um período que inclui alguns dos melhores similares para bruscas mudanças no clima, eventos climáticos extremos, acidificação do oceano e mundos ‘estufa’, os resul­tados nos dão perspectivas acerca dos impactos em potencial vindos de mudanças climá­ticas futuras”.

As mudanças ambientais ficam registradas nas conchas de pequenos micro-fósseis que constituem os sedimentos do mar profundo.

“Nós podemos usar os micro-fósseis e as camadas desse ‘arquivo’ sedimentar como refe­rência para medir a idade geológica”, declarou Hiroshi Nishi.

“Isso nos permitirá estabelecer os ritmos de mudanças ambientais, tais como a primeira ex­pansão rápida das calotas polares na Antártica, a 33,8 milhões de anos. Esse processo po­lar tem um impacto profundo sobre o fitoplâncton até no Equador”.

“Conseguimos retirar vários registros dessa importante transição climática”.

Heiko Pälike declarou que “é realmente notável ver 53 milhões de anos de história serem  tra­­zidos à superfície sobre o convés do navio-sonda, passados por nossas mãos e passa­rem adiante. Nós vimos em primeira-mão os efeitos da máquina climática da Terra em ação”.

Para a subsequente Expedição 321, os co-chefes científicos serão Mitch Lyle da Universi­da­de Texas A&M, dos EUA, e Isabella Raffi da Universita “G. D’Annunzio” da Itália.


O Ministro Stephanes resolveu dar uma de Lobão

Perdidinha no meio do noticiário (alarmista e desorientador, diga-se de passagem) sobre a “Gri­pe Suína”, apareceu no Jornal do Brasil – on line essa reportagem, assinada por Lúcia Nório da Agência Brasil: Stephanes apresenta propostas para aperfeiçoar a legislação ambiental.

Oooops! O ministro da agricultura querendo aperfeiçoar legislação ambiental?… mau cheiro no ar… e a reportagem já começa assim:

Uma das sugestões é manter a permissão de atividades agropecuárias em áreas de pre­servação permanente (APPs) já consolidadas (topos de morro,
encostas e várzeas)

Peraí!… Afinal a área é para ser de “preservação permanente”, ou não?… Eu acho que o Mi­nistro se confundiu e quer preservar permanentemente qualquer porcaria que estiver lá agora.

E a coisa piora:

>

Para o ministro, se um agricultor já planta 20% da área para preservar nascentes de rios, não precisa manter a reserva legal. As APPs são locais de floresta e vegetação ao longo de rios, nascentes, várzeas, encostas e topos de morro. Já a reserva legal é o per­centual de floresta que deve permanecer intacto em propriedades rurais e que varia de acordo com os biomas: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nos demais.

Sei lá!… Eu já acho que esses percentuais são baixos demais para a cobertura vegetal nativa.

O Minsitro ainda propõe que sejam considerados válidos, para efeitos de APA, o plantio de árvores frutíferas e “com florestas manejáveis, que tragam rendimento econômico, árvores que pudessem ser exploradas economicamente, como o babaçu e o dendezeiro”.

Bom… Eu não sou agrônomo, nem engenheiro florestal… Mas esse papo do Ministro Stephanes está me cheirando igualzinho àquele da “Coalizão do Clima Global“: “o meio ambiente que se dane; o (agro)negócio é mais importante”…



Deu no The New York Times: indústria ignorou os próprios cientistas sobre aquecimento global

A edição de 24 de abril do The New York Times vem com uma reportagem, assinada por Andrew C. Revkin, intitulada: Na questão climática, a indústria ignorou seus próprios cien­tistas.

Os primeiros parágrafos da reportagem dizem:

Por mais de uma década a Coalizão do Clima Global, um grupo que representava as indús­trias cujos lucros eram ligados aos combustíveis fósseis, liderou uma agressiva campanha de relações públicas e lobbying contra a ideia de que emissões de gases de efeito estufa poderiam levar ao aquecimento global.

“O papel dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas não é bem compre­ndido”, afirmava a Coalizão em um “backgrounder” científico distribuído a legisladores e jorna­listas no início da década de 1990, que acrescentava que “os cientistas divergiam” quan­to à questão.

Porém, um documento anexado a um processo em uma corte federal mostra que, mes­mo enquanto a coalizão trabalhava para desviar as opiniões, seus próprios experts téc­nicos e científicos estavam avisando que a ciência que apoiava o papel dos gases de efeito estufa no aquecimento global, não podia ser refutada.

“As bases científicas para o Efeito Estufa e o impacto potencial das emissões humanas de gases de efeito estufa, tais como o CO2, sobre o clima, estão bem estabelecidas e não podem ser negadas”, escreveram os experts em um relatório interno compliado para a Coalizão em 1995.

A coalizão era financiada por taxas pagas por grandes corporações e grupos de comér­cio que representavam as indústrias de petróleo, carvão e automotivas, entre outras. Em 1997, no ano em que foi negociado um acordo internacional sobre o clima que veio a ser conhecido como o Protocolo de Protocol, seu orçamento totalizot US$1,68 milhões, de acordo com registros de impostos obtidos por grupos ambientais.

O artigo prossegue (são duas páginas na Internet) mostrando que o lobby das indústrias poluidoras fez o que podia e não podia para – nem tanto para impedir, mas muito mais para retardar o quanto possível – a conscientização do público e as medidas dos governos que, já sabiam, seriam inevitáveis mais cedo ou mais tarde.

Só que eu notei uma enorme omissão nesse artigo: bem ao estilo da “nova-era-Obama”, não se faz qualquer referência ao governo W. Bush…

Em qualquer banana-country esse (des)governo já estaria sendo alvo de milhares de Comissões Parlamentares de Inquérito, Auditorias Fiscais e investigações criminais (de preferência, pela Corte de Haia).

Mas os Estados Unidos não podem “passar esse recibo”…

Nuvens: Mais leves que o ar, mas carregadas de chumbo

Traduzido de: “Clouds: Lighter than air but laden with lead”, do Pacific Northwestern National Laboratory

O chumbo atmosférico faz com que as nuvens se formem com mais facilidade, o que pode mudar os padrões de chuvas e neves




Nuvens do tipo Cirrus (também conhecidas como nuvens de gelo) se formam em grandes altitudes da atmosfera. Sua formação pode ser afetada pelo chumbo gerado pelas atividades humanas.
Cortesia do National Weather Service
(Imagem original em alta definição.)

RICHLAND, Washington. – Tirando amostras de nuvens – e produzindo suas próprias – os pesquisadores conseguiram demonstrar que existe uma correlação direta entre a presença de chumbo nos céus e a formação de cristais de gelo que dão origem às nuvens. Os resul­tados sugerem que o chumbo gerado pelas atividades humanas causa a formação de nuvens em temperaturas mais altas e com uma quantidade menor de água. Isso pode alte­rar os padrões de chuvas e nevascas em um mundo mais quente.

As nuvens carregadas de chumbo têm, não obstante, um lado menos sombrio. Sob algu­mas condições, essas nuvens podem permitir que mais calor da Terra seja drenado pelo espaço, o que deve arrefecer ligeiramente o planeta. O chumbo presente na atmosfera vem principalmente de atividades humanas, tais como a queima de carvão.

A equipe internacional de pesquisadores relatou seus resultados na edição de maio da revis­ta Nature Geoscience. A colaboração incluiu pesquisadores de instituições nos Esta­dos Unidos, Suíça e Alemanha.

O químico atmosférico Dan Cziczo do Laboratório Nacional do Pacífico Noroeste (do Depar­tamento de Energia) e um dos autores do estudo, declarou: “Nós sabemos que a esmaga­dora maioria das partículas de chumbo na atmosfera é proveniente de fontes ligadas às ati­vidades humanas. E agora demonstramos que esse chumbo está modificando as proprie­dades das nuvens e, dessa forma, a distribuição da energia solar que afeta nossa atmos­fera”.

Percorrendo o mundo em busca do chumbo

Os cientista inicialmente tentaram extrair chuvas dos céus com iodetos de chumbo e de prata na década de 1940. Desde então, os pesquisadores sabem que o chumbo pode bom­bear cristais de gelo para formar nuvens. Porém as atividades do dia-a-dia da humanidade também podem adicionar chumbo à atmosfera. As maiores fontes incluem a queima de carvão, pequenas aeronaves que voam nas altitudes onde se formam as nuvens, e o chumbo que é liberado do solo por construções ou pela atividade dos ventos. Cziczo e seus colegas queriam saber como o chumbo oriundo dessas fontes poderia afetar as nuvens.

Para descobrir como, os pesquisadores coletaram o ar do alto do topo de um pico de mon­tanha na fronteira entre o Colorado e o Wyoming. Em seu laboratório de alta altitude, eles criaram nuvens artificiais em uma câmara de nuvens do tamanho de uma pequena geladeira. Eles descobriram que metade dos cristais de gelo que eles extraíam das nuvens sintéticas, continha chumbo.

A equipe então coletou uma pequena amostra de uma nuvem de verdade no topo de uma montanha na Suíça. Metade dos cristais de gelo dessa outra nuvem também continham chumbo. Entretanto, encontrar chumbo em uma posição incriminatória não quer dizer que ele seja a causa da formação de cristais de gelo.

Para poder estabelecer se o chumbo era ou não a causa da formação dos cristais de gelo e das nuvens, a equipe se voltou para um laboratório na Alemanha que abriga uma câmara de nuvens com três andares de altura, bem como para uma câmara menor na Suíça. Eles cria­ram partículas de poeira que eram, umas, livres de chumbo, outras continham 1% de chumbo em peso, mais ou menos o conteúdo de chumbo encontrado pelos cientistas na atmosfera. Eles puseram essas partículas de poeira nas câmaras e mediram a temperatura e a umidade em cada ocasião em que o gelo se nucleava em torno da poeira.

Eles descobriram que o chumbo modificava as condições nas quais as nuvens apareciam. O ar não tinha que ficr tão frio ou tão cheio de vapor d’água se o chumbo estivesse presente.

“As partículas de poeira constituem a maioria dos núcleos em torno dos quais se formam as nuvens”, explica Cziczo. “Metade das que examinamos, tinham chumbo super-carre­gando elas”.

Nuvens carregadas (de chumbo), climas mais frios

Para investigar o possível significado disso para o clima da Terra, os pesquisadores criaram simu­lações do clima global, com três cenários: um com partículas de poeira livres de chum­bo; outra com um conteúdo de 10% de chumbo; e uma terceira com todas as partículas de poeira contendo chumbo.

A simulação em computador mostrou que as nuvens que eles estudavam — nuvens tipica­mente altas e rarefeitas — se formavam em altitudes inferiores e em locais diferentes, no Hemisfério Norte, quando havia a presença de chumbo nas partículas de poeira. Isso prova­velmente afetaria as precipitações, segundo Cziczo.

“Em nossa atmosfera, o chumbo afeta a distribuição e a densidade dos tipos de nuvens que estudamos”, explicou Cziczo, “o que pode, por sua vez, afetar onde e quando vai cair chuva ou neve”.

Nuvens em altitudes menores permitem que mais calor da Terra – a chamada radiação de ondas longas – escape para o espaço. Assim, as nuvens causadas pelo chumbo poderiam compensar parcialmente o aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa.

Mas isso não quer dizer que o chumbo na atmosfera poderá sinplesmente refrigerar o planeta, explica Cziczo, uma vez que eles só estudaram um tipo de nuvem. Céus nebulo­sos são muito mais complicados do que sua aparência sugere.

Cziczo prossegue: “Este trabalho sublinha o quão complexas são essas interações entre o chumbo e o vapor d’água. Elas não são tão simples quanto gases de efeito estufa”.

Futuros trabalhos examinarão os tipos de chumbo e o quanto é necessário para afetar a for­mação de nuvens e as precipitações, assim como a distibuição pela atmosfera da poeira metálica.

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Referência: D. J. Cziczo, O. Stetzer, A. Worringen, M. Ebert, S.
Weinbruch, M. Kamphus, S. J. Gallavardin, J. Curtius, S. Borrmann, K.
D. Froyd, S. Mertes, O. Möhler and U. Lohmann, Inadvertent Climate
Modification Due to Anthropogenic Lead, Nature Geoscience, Maio 2009, DOI 10.1038/NGEO499.

A camada de ozônio também sofre com as mudanças climáticas



Still from video of ozone levels at the North Pole
Esta simulação mostra o avanço e recuo sazonais do ozônio sobre o hemisfério Norte de 1974 a 2065. Observe como a extensão geográfica e as concentrações de ozônio — os vermelhos escuros denotam as maiores concentrações — diminuem na virada do século e, então, sobrem novamente. Crédito: Trent Schindler, Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
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Still from video of ozone levels in Antarctica Esta simulação mostra o avanço e recuo sazonais das concentrações de ozônio sobre a Antárctica. Observe o crescimento na intensidade e na área do buraco do ozônio no Sul (as faltas de ozônio aparecem em azul) que levará várias décadas para ser sanado no século XXI.
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Plot of ozone concentration by latitude and altitudeEste gráfico da concentração de ozônio por latitude mostra os ganhos líquidos (vermelhos e laranjas) e as perdas líquidas desde os período de 1975-84 até
2060-69. Crédito: Feng Li et al, NASA, publicado em Atmospheric Chemistry and Physics
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Plot of the change in ozone concentrations by latitude
Gráfico das mudanças nas concentrações de ozônio por latitude desde 1975-84 até 2060-69, que mostra um excesso sobre as altas latitudes e uma perda nas proximidades dos trópicos e do equador.Crédito: Feng Li et al, NASA, publicado em Atmospheric Chemistry and Physics
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Still from animation showing ozone layer shielding our planet from the sun
Esta animação mostra como a camada de ozônio absorve quase toda a radiação UV (nociva aos organismos) vinda do Sol, antes que esta atinja a superfície da Terra. Crédito: Estúdio de Visualizações Científicas da NASA
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A Camada de Ozônio da Terra deve se recuperar, mais cedo ou mais tarde, da destruição não intencional causada pelo uso de cloro-fluor-carbonos (CFCs) e outras substâncias químicas que destroem o ozônio, durante o século XX. No entanto, novas pesquisas feitas por cientistas da NASA sugerem que a camada de ozônio no futuro dificilmente parecerá com a que havia, porque os gases de efeito estufa estão mudando a dinâmica da atmosfera.

Estudos anteriores mostraram que, enquanto o acúmulo de gases de efeito estufa torna o ambiente mais quente na troposfesra – a camada da atmosfera que vai da superfície da Terra até 10 km de altitude – ele na verdade resfria a estratosfera superior – a faixa que vai dos 30 aos 50 km de altitude. Esse resfriamento retarda as reações químicas que destroem o ozônio na estratosfera superior e permite que a produção natural de ozônio nessa região supere a destruição pelos CFCs.

Porém, os cientistas da NASA observam que o acúmulo de gases de efeito estufa também modifica a circulação das massas de ar estratosféricas dos trópicos para os polos. Nas latitudes médias da Terra, isso sigifica que o ozônio deve apresentar uma recuperação excessiva, atingindo concentrações ainda mais altas do que antes da produção em massa dos CFCs. Nos trópicos, as mudanças na circulação estratosférica podem impedir que a camada de ozônio se recupere plenamente.

O cientista Feng Li do Centro Goddard de Ciências e Tecnologia da Terra, na Universidade de Maryland em Baltimore diz: “A maior parte dos estudos sobre o ozônio e as mudanças globais se focalizou no resfriamento da estratosfera superior, mas descobrimos que a circulação é igualmente importante. Não se trata deste processo ou daquele: trata-se de ambos”.

As descobertas se basieam em um detalhado modelo computacional que inclui os efeitos das mudanças químicas atmosféricas, mudanças nos ventos e mudanças na radiação solar. A experiência de Li faz parte de um esforço internacional em curso, organizado pelo Painel de Avaliação Científica do Ambiente, um programa das Nações Unidas, para avaliar o estado da camada de ozônio. Li e seus colegas publicaram suas análises na edição de março de Atmospheric
Chemistry and Physics
.

Trabalhando em conjunto com Richard Stolarski e Paul Newman do Centro Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, Md., Li adaptou o modelo Goddard Earth Observing
System Chemistry-Climate Model (GEOS-CCM)
para examinar como as mudanças climáticas afetariam a recuperação da camada de ozônio. A equipe inseriu medições passadas e projeções futuras de substâncias que destroem o ozônio e de gases de efeito estufa no modelo. A partir desses dados o modelo projetou como o ozônio, a química em geral e a dinamica da estratosfera mudaria até o ano de 2100..

Richard Stolarski, co-autor do estudo, diz: “No mundo real, temos observado uma reversão estatiscamente significativa na destruição do ozônio, que pode ser atribuida ao banimento das substâncias que atacam o ozônio. Mas o estabelecimento desta conexão é complicado pela resposta do ozônio aos gases de efeito estufa”.

Os pesquisadores descobriram que os gases de efeito estufa alteram um padrão natural de circulação que influencia a distribuição do ozônio. A Circulação Brewer-Dobson funciona como uma bomba para a estratosfera, bombeando o ozônio das camadas inferiores da atmosfera para a estratosfera superior sobre os trópicos. Daí as massas de ar fluem para o Norte ou Sul através da estratosfera, dos trópicos para os polos.

Na experiência de Li, esta bomba de circulação acelerou a um ritmo tal que o ozônio bombeado para cima e para longe dos trópicos criava um excesso nas latitudes médias, Embora a concentração de cloro e outras substâncias que atacam o ozônio não retorne aos níveis anteriores a 1980 até 2060, a camada de ozônio sobre as latitudes médias estará recuperada aos níveis anteriores a 1980 até 2025.

O Ártico — que tem conexões com as massas de ar das latitudes médias melhores do que a Antártica — será beneficiado pelo excesso no hemisfério Norte e pelo declínio geral das substâncias que atacam o ozônio, se recperando até 2025. A média global de ozônio e as concentrações sobre a Antártica vão etrar no passo até 2040, na medida em que a produção natural de ozônio na atmosfera reiniciar.

Esta recuperação nas latitudes médias e polares terá consequências mistas, como observou Li. Pode trazer alguns benefícios, tais como níveis menores de radiação ultravioleta atingindo a Terra e uma correspondente menor incidência de câncer de pele. Por outro lado, pode ter efeitos não programados, tais como um aumento nos níveis de ozônio da troposfera, a camada atmosférica mais próxima da superfície da Terra. O modelo também mostra um défcit continuado de ozônio na estratosfera sobre os trópicos. Com efeito, quando o processamento do modelo terminou no ano de 2100, a camada de ozônio sobre os trópicos ainda não mostrava sinais de recuperação.

E fevereiro, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, se juntaram a Stolarski e outros cientistas da NASA em um artigo similar, sugerindo que o aumento nos gases de efeito estufa podem retardar ou mesmo adiar a recuperação dos níveis de ozônio na estratosfera inferior sobre algumas partes do globo. Usando o mesmo modelo que Li, Stolarski e Newman, os pesquisadores descobriram que a estratosfera inferior sobre as latitudes tropicais e intermediárias do Sul podem não conseguir retornar aos níveis de ozônio anteriores a 1980 por mais de um século, se é que vão conseguí-lo.

Michael Carlowicz
NASA Earth Science News Team

Mais uma ameaça à camada de ozônio: foguetes.

A Universidade do Colorado em Boulder avisa: [Lançamentos de foguetes podem requerer regulamentação para evitar danos à camada de ozônio](http://www.colorado.edu/news/r/13dcef625a8a43e2e6d4d0e06e10ac8f.html).
O fato é que o mercado para lançamento de foguetes e satélites está crescendo, e ninguém se lembrou de que eles também afetam a camada de ozônio. Com o banimento dos CFC, a indústria de lançamento de foguetes pode, em futuro breve, ultrapassar os aerossóis em termos de ameaça.
O professor Darin Toohey do Departamento de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da UCB estima que, por volta de 2050, os lançamentos de foguetes (caso deixados sem regulamentação), podem causar mais destruição do ozônio do que jamais os CFCs produziram. Ele comenta que o Protocolo de Montreal, que baniu os CFCs, “deixou de fora a indústria espacial que deveria ter sido incluída”.
O pesquisador-chefe do estudo, Martin Ross da *Aerospace Corporation* de Los Angeles, lembrou que as agências do governo americano realizaram estudos para avaliar as perdas potenciais da camada de ozônio em face de uma frota de estimados 500 aviões supersônicos (uma frota que jamais veio a existir), poucos estudos foram feitos para avaliar os danos que poderiam ser causados pela frota mundial de foguetes.
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Comentário meu: já repararam que, depois que o Bush se foi, diversas questões referentes a meio ambiente (que devem ter ficado trancados em gavetas durante oito longos anos), resolveram aparecer?
Uma crise econômica mundial, duas guerras para lá de questionáveis e um atraso nas ciências que lembra a Idade Média… E o que falta para mandar Bush e seus sequazes para a Corte de Haia por crimes contra a humanidade?…

Boa notícia para os pecuaristas

O nosso Igor publicou um post preocupante sobre Os Gases de Efeito Estufa do Gado Bovino Brasileiro. Embora eu tenha algumas dúvidas sobre alguns números apresentados, o problema existe e exige providências rápidas.

Um dos meios de contornar o problema é fornecer ao gado de corte uma alimentação mais adequada, de forma a diminuir a flatulência bovina. E boas notícias sobre isto estão sendo divulgadas, via EurekAlert: Óleos de Peixe reduzem as emissões de gases de efeito estufa em vacas com flatulência.

Na reunião da Society for General Microbiology em Harrogate, pesquisadores da University College of Dublin, relatam que a inclusão de 2% de óleo de peixe, rico em ácidos graxos Ômega 3, reduz a quantidade de metano emitida pelas vacas

Um dos pesquisadores, a Dra Lorraine Lillis, declarou que “O óleo de peixe afeta as bactérias geradoras de metano no rúmen das vacas, o que diminui as emissões. Uma melhor compreensão sobre quais espécies de micróbios são particularmente influenciadas pelas mudanças na dieta e estabelecer um relacionamento entre estas e a produção de metano pode levar a uma abordagem mais direta para a redução das emissões de metano por animais”.

A produção de metano pelos animais domésticos é um ponto crítico no controle de emissão de gases de efeito estufa — principalmente nos animais destinados ao corte, já que uma “conversão” generalizada da humanidade ao vegetarianismo é meio fora de cogitações — já que cerca de um terço das emissões anuais de metano, estimadas em 900 bilhões de toneladas, são originadas por bactérias metanogênicas que vivem no trato digestivo de ruminantes tais como vacas, ovelhas e cabras. Em certos países, como o Brasil (como se vê no post do Igor) e a Irlanda, onde, segundo a notícia, 50% das emissões de metano são de animais de fazenda, esse problema é ainda mais agudo.

Para quem, como eu, não está disposto a trocar o bife por um peixinho, a solução é brilhante: basta dar o peixe para o gado…

Mais uma vez, na contramão…

Com profundo desprazer, leio que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) concedeu US$ 197 milhões para a construção de duas usinas termoelétricas a carvão no Brasil (uma no Ceará e outra no Maranhão) [notícia do G-1 aqui].
Como triste ironia, na hora em que o mundo inteiro discute fontes alternativas de geração de energia, logo em dois estados com grande potencial para isso (eólica no Ceará e maremotriz no Maranhão) vão construir usinas termoelétricas a carvão… E sem sequer a má desculpa da proximidade com jazidas de carvão — o que me leva a suspeitar ainda mais do que pode estar por trás dessa decisão tosca.
Tudo bem que não temos um Steven Chu para o Ministério das Minas e Energia… mas precisava ser um Lobão?…

Macaco, olha seu rabo!…

Uma notícia do Le Figaro me chamou a atenção: Metade das espécies de primatas correm grave perigo (veja aqui o original em francês). E a causa?… Outra espécie de primata (uma que chama a si própria de Sapiens…) Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, 48% das espécies estão ameaçadas de extinção em um prazo que vai de médio a curto.Um estudo que reuniu dados coletados por diversos cientistas, divulgado no 22° Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia (realizada em Edimburgo, Escócia), com dados de recenseamento coletados desde 1966, mostra que das 634 espécies estudadas, 303 estão na “Lista Vermelha”: 15% classificadas como “vulneráveis”, 22% “em perigo” e 11% “em grave perigo de extinção”.
Diversas ações humanas põem nossos “primos” em perigo: a destruição de seus habitats (por incêndios, desmatamento e ampliação das áreas urbanas) e, por incrível que pareça, a caça. Não só se come os macacos, como ainda servem como animais “domésticos” e como fonte de “medicamentos” na medicina tradicional do Oriente (notadamente a chinesa).
A situação é mais grave na Ásia, onde 71% das espécies estão na “lista vermelha”. Cinco países apresentam situações tidas como catastróficas: 90% das espécies do Camboja, 86% no Vietnã, 84% na Indonésia, 83% no Laos e 79% na China.
Pelas mesmas causas, o México e a Guatemala aparecem a seguir (67% das espécies na “lista vermelha”). As Américas, em geral, têm uma média de 40% de espécies ameaçadas.
Até na África a coisa não vai bem (37% das espécies: chimpanzés, bonobos, colobos…) estão nos “grupos de risco”, dos quais 43% em Madagascar, o santuário dos lêmures…
Mas existem boas notícias, também… Desde 2000, os primatologistas descobriram 53 espécies de primatas, até então desconhecidas, principalmente em Madagascar. A descoberta de uma grande população de gorilas (cerca de 125.000) em regiões remotas do Congo, foi relatada por pesquisadores americanos. E uma para nos fazer ter esperanças: o mico leão preto (Leontopithecus chrysopygus) do Brasil, está se recuperando, graças aos esforços de nossos conservacionistas.

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