As cores das cenouras

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Pesquiseadores desenvolvem cenouras projetadas com vistas ao combate de doenças

Por Devin Powell
Inside Science News Service
28 de maio de 2009

a rainbow of carrots

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As cenouras estão entrando em contato com seu passado mais colorido, graças aos cien­tistas cujas pesquisas em Maryland, Wiscon­sin e Texas têm produzido uma variedade de cenouras com diferentes cores, cada uma delas direcionada à prevenção de problemas de saúde específicos.

As cenouras projetadas vêm em um arco-iris de cores escolhidas não por causa de sua aparência, mas de suas propriedades tera­pêuticas, que vão da prevenção da degeneração macular e doenças cardio­vasculares, até a melhoria das funções cere­brais e o controle da pressão arterial. A cenoura roxa, por exemplo, contém um pig­men­to que já se mostrou em experiências ca­paz de melhorar a memória e o aprendizado em ratos.

Embora essas cenouras coloridas possam parecer estranhas para os consu­midores, as cenouras estão, na verdade, voltando a suas antigas raízes. As primeiras cenouras domesticadas, cultivadas a mil anos atrás na Ásia, não eram cor de laranja. Elas eram roxas, brancas e possivelmente pretas. Os atuais mercados na Turquia ainda vendem cenouras roxas, que são usadas para fazer uma bebida fermentada chamada “shalgam” que tem gosto de suco de pepino.

As primeiras cenouras cor de laranja apareceram no século XVI. Um rumor, apócrifo e romântico, que corre entre os botânicos, diz que os fazendeiros na Holanda criaram a cenoura mais clara para homenagear seu prícipe, Guilherme I da Casa de Orange. (N.T: e até hoje a cor heráldica da Holanda é o laranja).

Uma estória mais provável, segundo o horticultor Philipp Simon da Universidade de Wisconsin em Madison, é que as cenouras cor de laranja tenham ganhado po­pu­laridade em vários países porque o pigmento roxo faz uma lambança na cozinha. “Se você tocar em uma cenoura roxa, a cor sai em suas mãos; se você cozer uma cenoura roxa, ela mancha tudo dentro da panela – e a própria panela – de preto”, diz Simon, que cultivou vários dos tipos de cenouras cor de laranja vendidas atualmente nos EUA. Diferentemente dos pigmentos roxos solúveis em água, a cor de laranja em uma cenoura é solúvel em gordura e não desbota quando cozida ou fervida.

Simon começou a colecionar cenouras roxas da Turquia, Índia e Síria para decifrar a genética que torna essas mudanças de cor possíveis. Ele descobriu que a cor roxa é ligada a um único gene, que pode produzir cenouras que só são roxas na casca, ou inteiramente roxas. O gene exato ainda está por ser identificado, mas as experiências sugerem que as cenouras cor de laranja car­regam uma mutação nesse pedaço do DNA.

Quando as cenouras se tornaram cor de laranja, perderam algo de seu valor nu­tritivo. A nutricionista Janet Dura-Novotny e sua equipe no Centro de Pesquisa Agrí­cola em Beltsville (BARC) em Maryland (do Departamento de Agricultura), estuda as substâncias químicas que dão às cenouras roxas de Simon seu tom: um grupo de antioxidantes chamado antocianinas que também colorem as cas­cas das maçãs, morangos e folhas caducas.

Estudos com animais mostraram que esses compostos naturais aumentam a saúde física e mental de roedores. Ratos alimentados com extrato de anto­cianina exibiam uma melhor memória e aprendiam novos truques mais rápido na medida em que a substãncia química se acumulava nas partes do cérebro res­ponsáveis por essas capacidades. As antocianinas também reduzem as infla­mações e combatem o excesso de peso, o que pode ajudar no combate às doenças cardio-vasculares. As substâncias químicas também bloqueiam o cres­cimento de vasos sanguíneos que alimentam cânceres.

Para ver se o que é bom para animais, também é bom para pessoas, Dura­Novotny tem administrado suco de cenouras roxas a voluntários. Sua equipe descobriu que alguns – embora não todos – dos vários tipos de antocianinas pre­sentes nas cenouras roxas são “bio-valiosas”, rapidamente absorvidas pela corrente sanguínea quando o suco é engolido.

Somente comer as hortaliças pode não ser o suficiente – o timing também é im­por­tante. A equipe descobriu que o corpo só consegue absorver uma certa quantidade de antocianinas de cada vez: qualquer excesso é simplesmente excretado.
“Comer uma grande quantidade de hortaliças no jantar trará menos benefícios do que comer várias porções menores ao longo do dia”, diz Dura­Novotny.

Além das roxas, todo um arco-iris de cenouras coloridas, cada uma delas com um benefício específico para a saúde, está sendo estudado pelas equipes de melhoramento de hortaliças em Maryland e Wisconsin. Cenouras vermelhas têm uma substância de gosto doce comumente encontrada nos tomates, licopeno, que pode ajudar a prevenção do câncer de colon. Pigmentos amarelos vêm da luteína, uma substância química que se acumula nos olhos e ajuda a promover a resistência contra doenças associadas com o envelhecimento, tais como a de­generação macular. Até as fora-de-moda cor de laranja estão sendo “repo­ten­cializadas”, com as cenouras utra-alaranjadas enriquecidas com beta-queratina que se acredita ser uma proteção contra doenças cardíacas, derrames e danos na retina.

Os pequisadores de Maryland também estão fazendo experiências com outras hortaliças que contém anotcianinas. A tintura vermelha em alface de folhas vermelhas é de antioxidantes pigmentados, um filtro solar natural que ajuda a planta a proteger seu DNA dos danos causados por raios ultravioleta. Steven
Britz, um fisiologista de plantas no BARC, desenvolveu um modo de criar alfaces mais escuras e coloridas, pelo bombardeamento das mudas da planta com radiação UVB
– o componente da luz do Sol que bronzeia o pessoal que vai à praia.

Se essas hortaliças especias vão fazer sucesso nos mercados, é algo ainda a saber. Pequenos produtores na Inglaterra tentaram introduzir cenouras roxas e brancas nos mercados britãnicos em 2002. “Foi um desastre econômico”, diz John Stolarczyk, curador do Museu (virtual) Mundial de Cenouras. “O consu­midor diário inglês é uma pessoa conservadora e queria cenouras cor de laranja, não algo diferente”.

Uma versão de cenouras roxas, cultivadas pelo professor
Leonard Pike da Texas A&M, pode ser encontrada na cadeia de mercados Whole Foods.
Pike as batizou de cenouras “maroon”, em homenagem às cores oficias da universidade: marrom e branco. Pequenas lojas de produtos especiais também podem vender cenouras roxas e de outras cores, e a companhia Bolthouse da Califórnia está comercializado o suco de cenouras roxas. 


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (28/05/09)

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Por Jim Dawson
Inside Science News Service
28 de maio de 2009

Combatendo o aquecimento global com rochas que absorvem carbono

Por mais de uma década,  os cientistas têm estudado rochas que absorvem na­tu­­ralmente o dióxido de carbono para ver se o processo de absorção pode ser acelerado, em um esforço para combater o aquecimento global. Essas rochas absor­ventes de carbono são formadas nas profundezas do manto terrestre, mas, ocasionalmente, são empurradas para a superfície pela colisão das placas tectônicas do planeta.  Em um recente relatório governamental, cientistas do Ins­tituto da Terra da Universidade Columbia na Cidade de Nova York, tra­balhando com o Serviço Geográfico dos EUA, mapearam mais de 15 km² dessas rochas próximas ou na superfície. Seu mapa mostra que as rochas estão, em sua maior parte, em aglomerados próximos das costas Leste e Oeste, perto de cidades grandes que são fontes de consideráveis emissões de dióxido de carbono. Quando essas rochas são expostas ao dióxido de carbono, elas o absorvem e, no processo, são convertidas nas variedades mais comuns de calcário e greda. O problema com o emprego dessas rochas para a absorção de dióxido de carbono é que o processo natural leva milhares de anos. Os pesquisadores em Columbia e em outros lugares estão tentando acelerar o processo, dissolvendo o dióxido de carbono em água e injetando isso nas rochas. Se processo puder ser desenvolvido de maneira a funcionar eficazmente em larga escala, os cientistas dizem que existem rochas suficientes, próximas da superfície, para absorver 500 anos de emissões de CO2 dos Estados Unidos.

O orçamento do presidente Obama dá destaque a um novo sensor para encontrar materiais radiativos contrabandeados

Um novo sensor que é um cruzamento de câmera digital com termômetro, pode ser usado para impedir terroristas e outros de contrabandear material radiativo para os EUA. O sensor, desenvolvido no Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) em Boulder,
Colorado, resolve um problema existente com os atuais detectores de radiação que frequentemente dão leituras confusas para os agentes da alfândega e da polícia. O decaimento radiativo do urânio-235, usado na fabricação de bombas atômicas, é muito semelhante ao emitido pelo rádio-226, um material menos perigoso (mesmo assim, ainda ligeiramente radiativo) presente em diversos produtos industriais, inclusive na areia higiênica para gatos. O novo detector é o primeiro a alcançar um nível de sensibilidade tal que consegue distinguir claramente os raios gama que vêm do urânio-235 dos que vem do rádio-226.

Uma das maiores preocupações dos agentes de segurança dos EUA é que o altamente radiativo urânio-235 seja contrabandeado para dentro do país atra­vés de portos de entrada e usados para fazer uma “bomba suja”. Uma bomba suja é uma bomba convencional combinada com material radiativo, de forma que, quando ela explode, o material radiativo é espalhado por toda uma área do tamanho de vários quarteirões. A capacidade do novo sensor em detectar o urânio-235 foi ressaltada como recomendação para aprovação do projeto na recente proposta orçamentária apresentada ao Congresso pelo Presidente Obama para o próximo exercício fiscal, na categoria de não proliferação nuclear.

Ondas cerebrais sincronizadas ajudam a prestar atenção

Pesquisadores de neurologia já sabiam, há algum tempo, que quando as pessoas focalizam sua atenção em algo, os neurônios em seus cérebros disparam em uníssono. Agora, os pesquisadores no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Boston descobriram o centro no cérebro que focaliza os neurônios, e aprenderam como esse centro coordena as ondas cerebrais para fazer com que diferentes áreas do cérebro trabalhem em conjunto. Os pesquisadores observaram que o cérebro é constantemente bombardeado com mensagens – o ruido do mundo em torno de nós. Mas, quando começamos a prestar atenção a algo, os neurônios no cortez pré-frontal – o centro de planejamento do cérebro – disparam em uníssono e começam a enviar mensagens para os neurônios do cortex visual para que façam o mesmo. A coordenação entre essas duas áreas do cérebro é, então, marcada por ondas cerebrais que oscilam entre essas duas regiões como um diapasão.

Um press-release do MIT sobre o fenômeno o comparou a duas salas com pessoas conversando durante uma festa. Em uma sala, os festeiros param de entabular conversas aleatórias e começam a cantar em coro. As pessoas na outra sala, param de conversar e começam a cantar em resposta. Os cientistas procuraram basicamente por essa sincronia em duas “salas” do cérebro. O trabalho, publicado na atual edição da Science, não só ajuda a explicar como o cérebro se comunica, como também indica pistas de por que o cérebro de pessoas com esquizofrenia, TDAH e outros distúrbios, não consegue se comunicar.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (04/05/09)

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 7de maio de 2009

Por Jim Dawson
Inside Science News Service

Árvores de sombra bem colocadas cortam contas de energia elétrica

Árvores que façam sombra sobre os lados Sul e Oeste de uma casa podem diminuir as con­tas de energia elétrica em até 5% no verão, de acordo com um novo e abrangente estudo fei­­to por cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (NIST) em Gaithersburg, Massachusetts. O estudo sobre árvores de sombra, descrito pelos pesquisadores como “o primeiro em larga escala sobre o assunto”, verificou os efeitos das sombras sobre o consu­mo de energia em 460 moradias unifamiliares em Sacramento, Califórnia, durante o verão de 2007. O estudo descobriu que, embora o plantio de árvores nas faces Oeste e Sul das ca­sas diminuisse o consumo de energia, as árvores plantadas na face Leste não tinham qual­quer efeito. Árvores de crescimento rápido davam mais sombra do que as árvores menores, de crescimento mais demorado, e o exato posicionamento das árvores, particularmente sua distância da casa, é um fator importante, segundo os cientistas.

David Butry do NIST disse: “As pessoas sabem, faz tempo, que as árvores apresentam mui­tos benefícios para as pessoas, mas nós quantificamos um [desses benefícios] pela primei­ra vez, usando dados reais das contas de energia e pondo um valor em dólares nele”. Os ci­entistas também descobriram que as árvores de sombra de crescimento rápido também removem o gás de efeito estufa dióxi­do de carbono da atmosfera. A pesquisa, feita em par­ceria com o Departamento de Agricultura dos EUA, será publicada na edição de junho da re­vista Energy and Buildings.

Mel puro não é uma coisa garantida

Com seu preço elevado e fornecimento limitado, o mel puro está sendo, cada vez mais, di­luí­do com xarope e adulterado com outras substâncias químicas. De fato, a Asso­ciação Americana de Produtores de Mel pediu recentemente por padrões mais rigorosos, em face de “uma barragem de produtos mal rotulados, adulterados, falsificados e/ou conta­minados”. Em resposta a essa preocupação, pesquisadores da Université de Lyon na Fran­ça desenvolveram um novo e altamente sensível teste que usa um tipo especial de cromató­grafo para descobrir as “impressões digitais” de substâncias que tem sido adicionadas ao mel puro. Os cientistas obtiveram três variedades de mel puro de um apicultor e então pre­pararam amostras adulteradas de mel, adicionando 1% de xarope.

Detectar mel adulterado é impossívem, simplesmente olhado para ele. A detecção química também é difícil, dizem os pesquisadores, por causa da complexidade do mel. O novo mé­todo cromatográfico distingue mais rapidamente o mel com impurezas do mel puro, com ba­se nas diferenças do conteúdo de açúcar. A pesquisa foi publicada em Journal of Agricul­tural and Food Chemistry.

Música como óculos cor-de-rosa

Pesquisadores do Colégio Goldsmith da Universidade de Londres colocaram dados mate­má­ticos no sentimento intuitivo de que a música pode afetar as emoções humanas. Os pes­quisadores descobriram que é possível usar música para influenciar como uma pessoa vê as emoções no rosto de outra pessoa. Em um projeto liderado por Joydeep Bhattacharya, voluntários ouviram acordes de 15 segundos de música e, então, julgaram o conteúdo emo­cional de um rosto. Os que ouviram músicas alegres, mesmo que só por 15 segundos, per­ceberam felicidade no rosto que olhavam. O contrário também se mostrou verdadeiro, com os que ouviam música triste percebendo tristeza em um rosto que, segundo os pesquisa­dores, era “emocionalmente neutro”. Medindo as ondas cerebrais dos voluntários, os cientistas também descobriram que ouvir música, alegre ou triste, indu­zia mu­danças nos padrões de atividade do cérebro que usualmente não ficam sob controle consciente.
patterns which are usually not directly under conscious control. Bhattacharya diz: “O que nos surpreendeu é que mesmo um trecho de música com apenas 15 segundos pode cau­sar esse efeito”. A pesquisa foi publicada em Neuroscience Letters.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Cientistas marinhos voltam de expedição a um vulcão submarino em erupção


Press Release 09-090 Marine Scientists Return From Expedition to Erupting Undersea Volcano

Descobertos um enorme cone vulcânico e novas espécies animais das profundezas

A lava irrompe sobre o fundo do mar no NW Rota-1, criando uma pluma esfumaçada e extremamente ácida.

A lava irrompe sobre o fundo do mar no NW Rota-1, criando uma pluma esfumaçada e extremamente ácida.
Crédito e imagem ampliada

5 de maio de 2009

Os cientistas que acabam de retornar de uma expedição a um vulcão submarino em erup­ção próximo da Ilha de Guam, relatam que o vulcão parece ser continuamente ativo, tendo crescido consideravelmente nos últimos três anos e que sua atividade sustenta uma comu­nidade biológica única que se expande a despeito das erupções.

Vista em 3-D do vulcão NW Rota-1.

Esta vista tridimensional mostra o vulcão NW Rota-1, local da recente expedição.
Crédito e imagem ampliada

Uma equipe internacional de cientistas nesta expedição, financiada pela Fundação Nacio­nal de Ciências (National Science Foundation = NSF), obteve novas informações importantes so­bre a atividade eruptiva do NW Rota-1.

“Essa pesquisa nos permite, pela primeira vez, estudar vulcões submarinos em detalhes e de perto”, disse Barbara Ransom, diretora do programa na Divisão de Ciências Oceânicas da NSF, que financiou a pesquisa. “O NW Rota-1 continua sendo o único lugar na Terra on­de se pode observar diretamente a erupção de um vulcão submarino”.

Os cientistas observaram já tinham observado erupções no NW Rota-1, primeiro em 2004 e de novo em 2006, segundo Bill Chadwick, vulcanólogo da Universidade do Estado de Oregon (OSU) e investigador-chefe desta expedição. Entretanto, desta vez descobriram que o vul­cão tinha criado um novo cone com 40 metros de altura e 300 de largura.

“Isso tem a altura de um prédio de 12 andares e a largura de todo um quarteirão”, prosse­gue Chadwick. “Da mesma forma que o cone cresceu, observamos um significativo aumen­to na população animal que vive por cima do vulcão. Estamos tentando estabelecer se há uma conexão direta entre o aumento da atividade vucânica e o aumento da população”.

O vulcão NW Rota-1 fica ao Norte de Guam.

O vulcão submarino NW Rota-1 fica ao Norte da Ilha de Guam.
Crédito e imagem ampliada

Os animais nesse ecossistema desusado incluem cama­rões, caranguejos, caramujos e cra­cas, alguns dos quais são espécies totalmente novas.

“Eles são especialmente adaptados a seu ambiente”, ex­plica Chadwick, “e estão prospe­ran­do nas hostis condições químicas que seriam tóxicas para a vida marinha normal”.

“A vida aqui é, na verdade, alimentada pelo vulcão em erupção”.

Verena Tunnicliffe, uma bióloga da Universidade de Victoria, disse que a maior parte dos ani­mais são dependentes das fumarolas hidrotermais difusas que provêem o alimento bási­co na forma de filamentos de bactérias que revestem as rochas.

“Parece que, desde 2006, as fumarolas difusas se espalharam e, com elas, os animais das fumarolas”, explica Tunnicliffe. “Agora existe uma biomassa muito grande de camarões no vulcão e duas espécies são capazes de suportar as condições vulcânicas”.

Duas espécies novas de camarão descobertas no NW Rota-1.

Duas espécies únicas de camarão foram descobertas no NW Rota-1.
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Os camarões revelam uma intrigante adaptação à vida no vulcão.

“O camarão ‘Loihi’ se adaptou a pastar os filamentos bacte­rianos com pequenas pinças se­melhantes a tesouras de jardinagem”, prossegue Tunnicliffe. “O segundo camarão é uma nova espécie – eles também pastam durante a infância, mas quando se tornam adultos, suas pinças crescem e eles se tornam predadores”.

O camarão Loihi já era conhecido apenas em um pequeno vulcão ativo próximo do Hawaii — a uma grande distância. Ele sobrevive das bactérias de rápido crescmento e tenta evitar os perigos das erupções vulcânicas. Nuvens desses camarões foram vistas fugindo de jatos do vulcão.

As outras espécies atacam o camarão Loihi e predam a vida marinha que se aventura muito perto das plumas vulcânicas e morrem. “Nós vimos peixes, lulas, etc, mortos chovendo so­bre o monte submarino, onde eles eram assaltados pelos camarões vulcânicos — uma linda adaptação à exploração dos efeitos nocivos do vulcão”, relata Tunnicliffe.

Jason sendo içado

O Jason é içado do mar apos um mergulho.
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Os novos estudos são importantes porque o NW Rota-1 é um laboratório natural, único no gê­nero, para a investi­gação da atividade vulcânica submarina e sua relação com ecossiste­mas com base nas substâncias químicas encontradas em fumarolas hidrotermais, onde a vida na Terra pode se ter originado.

“É raro que um vulcão seja continuamente ativo, mesmo em terra”, sublinha Chadwick.

“Isso nos apresenta uma oportunidade fantástica para a­prender sobre processos que nunca pudemos observar di­retamente antes. Quando os vulcões entram em erupção em águas ra­sas, eles podem ser extremamente perigo­sos, criando grandes explosões e até tsunamis. Porém aqui podemos observar seguramente uma erupção no oceano profundo e aprender lições valiosas sobre como interagem a lava quente e a água do mar”.

Chadwick diz que as plumas vulcânicas se comportam comportam de maneira totalmente diferente debaixo d’água e em terra, onde a nuvem da erupção é cheia de vapor e cinzas, e os outros gases ficam inisíveis.

O ,<i>Jason</i> pronto para mergulhar.

O veículo de controle remoto  Jason pronto para um mergulho.
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“No oceano, qualquer vapor se condensa imediatamente e desaparece, e o que fica visível são claras bolhas de dióxido de carbono e uma densa nuvem feita de peque­nas gotículas de enxofre derretido que se formam quan­do o dióxido de enxofre se mistura com a água do mar”, explica Chadwick. “Esses gases vulcânicos tornam a nuvem da erupção extremamen­te ácida — pior do que os ácidos estomacais — o que é outro desafio para as comunidades biológicas que vivem nas proximidades”.

A acidificação dos oceanos é uma séria preocupação por causa da acumulação de dióxido de carbono na at­mosfera, causada pela atividade humana. Chadwick diz: “Os vulcões sub­marinos são locais onde podemos es­tudar como os animais se adaptaram a condições am­bientes muito ácidas”.

Durante a expedição de abril de 2009, a bordo do R/V Thompson da universidade de Wa­shing­ton, os cientistas realizaram mergulhos com o Jason, um veículo de controle remoto (remotely operated vehicle = ROV) operado pela Instituição Oceanográfica Woods Hole.

Cientistas controlam o Jason a bordo.

Cientistas acompanham o progresso do Jason no fundo do mar de uma sala de controle a bordo do navio.
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Chadwick disse que “era interessante ver o quanto o Jason podia chegar perto das fumaro­las em erupção porque a pressão a uma profundidade de 520 metros no oceano impede que a energia liberada pelo vulcão fique explosiva demais”. Algumas das observações mais in­trigantes aconteceram quando o vulcão lentamente expe­lia lava pelas fumarolas.

“Quando isso estava acontecendo, o chão a nossa frente balançava e tremia, e grandes blo­cos eram empurrados para fora, de modo a abrir caminho para a lava que emer­gia das fuma­rolas”, descreve Chadwick.

Parte dos indícios de que o vulcão está em um constante estado de erupção, vem de um mi­crofone submarino – ou hidrofone – que foi instalado no ano passado pelo geólogo da OSU Bob Dziak.

O Jason colhe amostras.

O braço do Jason colhe amostras no NW Rota-1. As rochas escuras são lava.
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O hidrofone monitorou os sons da atividade vulcânica. Os dados por ele recolhidos mostram claramente que o vulcão ficou ativo pelo ano inteiro antes dessa última expedição. Outro hi­drofone e outros instumentos irão monitorar o vulcão no ano vindouro.

A equipe internacional incluiu cientistas dos Universidade do Estado do Oregon, Universida­de de Washington,
Univer­sidade de Victoria, Universidade de Oregon, Laboratório Am­bien­tal Marítimo do Pacífico da NOAA, Nova Zelãndia e Japão.


Ciscando pelo EurekAlert

Duas notícias sobre a Dengue:

Nova compreensão do vírus da dengue aponta caminhos para possíveis terapias e Cientistas identificam fatores no hospedeiro que são críticos para a infecção pelo vírus da dengue, am­bas sobre uma pesquisa realizada por uma equipe da Universidade Duke, liderada por Ma­ria­no Garcia-Blanco, M.D., Ph.D., professor de genética molecular e microbiologia no Centro Médico da Universidade Duke, a ser publicada na edição de 23 de abril da Nature.

Garcia-Blanco e seus colegas conseguiram desabilitar o funcionamento dos genes envol­vidos em células de mosca de fruta infectadas com uma cepa do vírus da dengue conhecida como DENV-2. O “trabalho de chinês” foi, simplesmente silenciar um gene de cada vez ( e eram, apenas, por volta dos 14.000) e indicar, com precisão, quais os genes eram essen­ciais ao crescimento do vírus e quais não eram. Eles usaram a mosca da fruta como mode­lo porque as ferramentas genéticas necessárias para realizar o mesmo trabalho em mosqui­tos ainda não foram desenvolvidas.

Diz Garcia-Blanco: “A dengue é uma doença perigosa e, até agora, não existe tratamento para ela, nem meios para prevenção. Mas, se pudermos achar uma fraqueza no vírus, pode­mos projetar uma estratégia para combatê-lo. Este estudo nos ajudou a identificar algumas brechas na couraça da dengue”.

O processo apresentou 116 fatores do hospedeiro que pareciam ser importantes para o su­cesso da infecção nas moscas de fruta. Durante os testes com vários desses fatores na Uni­versidade Johns Hopkins, os pesquisadores descobriram que ao menos um deles – e possivelmente um segundo – era necessário para que ocorresse a infecção por dengue nos insetos.

Os cientistas também infectaram células humanas com o vírus DENV-2 e descobriram que 82 dos genes do mosquito tinham seus análogos nos genes humanos. Cerca de metade deles se revelaram fatores específicos do hospedeiro importantes para a infecção em pes­soas.


Com o título Plantas absorvem mais Carbono com céus nebulosos, vem o relato de um estu­do realizado sob os auspícios do Conselho de Pesquisas sobre o Ambiente Natural da Grã-Bretanha, que envolveu cientistas do Centro de Ecologia & Hidrologia, do Met Office Hadley Centre, ETH Zurich e da Universidade de Exeter.

A autora principal do estudo, Dra Lina Mercado, do Centro para Ecologia & Hidrologiay, de­clarou: “Surpreendentemente, os efeitos da poluição atmosférica parecem ter melhorado a produtividade global das plantas em até ¼, de 1960 a 1999. Isso resultou em um aumento líquido de 10% na quantidade de carbono armazenado sobre as terras, decontados os de­mais efeitos”.

Um aumento nas partículas microscópicas liberadas na atmosfera (conhecidas como aeros­sóis) pelas atividades humanas e mudanças na cobertura de nuvens, causaram um declí­nio na quantidade de luz solar que atinge a superfície da Terra, desde a década de 1950s até a dácada de 1980 (um fenômeno conhecido como “Escurecimento Global”). Mas isso foi con­trabalançado por uma maior difusão da luz solar, o que permitiu uma maior absorção dessa luz, uma vez que menos folhas ficaram efetivamente na sombra.

Um co-autor do estudo, o Professor Peter Cox da Universidade de Exeter resume assim as consequências do estudo: “Na medida em que continuarmos a limpar o ar na atmosfera in­fe­rior, o que temos que fazer pelo bem da saúde das pessoas, o desafio de evitar mudanças climáticas perigosas através de reduções das emissões de CO2, será ainda maior. Os dife­rentes agentes poluidores envolvidos nas mudanças climáticas têm diferentes efeitos sobre as plantas e esses efeitos têm que ser levados em consideração para que possamos tomar decisões sensatas sobre como lidar com as mudanças climáticas”.


E uma notícia vinda da Universidade de Michigan fala de um Concreto auto-reparante para obras de infraestrutura mais duráveis. Esse novo material, desenvolvido pela equipe de Victor Li, Professor de Engenharia Civil e de Ciência e Engenharia de Materiais, é projetado para se dobrar e rachar em fissuras bem finas, em lugar de quebrar e abrir grandes racha­duras. O melhor é que as únicas coisas necessárias para a “cicatrização” das fissuras são dióxido de carbono e água.

Fotos: Nicole Casal Moore (Clique na foto para ampliar)

O concreto auto-reparante funciona porque pode se dobrar. Quando ele é estressado, se formam várias micro-rachaduras, em lugar de uma grnade rachadura que causaria seu rompimento. Aqui, um corpo de prova é dobrado sob uma tensão de cisalhamento de 5%. O concreto ordinário cisalharia sob uma tensão de 0,01%.

As linhas brancas neste bloco de concreto flexível mostram onde o material se auto-reparou sem qualquer intervenção humana. Para isso, apenas água e dióxido de carbono são necessários.

Ciscando pelo EurekAlert

Algumas notícias sobre o funcionamento do cérebro, em 20/4/09.

Nossos cérebros fabricam a própria maconha: no fundo, somos todos chincheiros

Novo estudo publicado no FASEB Journal mostra que nossos cérebros produzem proteínas que atuam diretamente sobre os receptores de maconha em nossas cabeças

Cientistas norte-americanos e brasileiros acabam de comprovar que um dos refrões mais famosos de Bob Dylan — “todo o mundo tem que ficar doidão” —  está certo. Isso porque eles descobriram que o cérebro fabrica proteínas que funcionam como a maconha sobre receptores específicos no próprio cérebro. Essa descoberta,
publicada online no FASEB Journal (http://www.fasebj.org), pode levar à obtenção de novos medicamentos semelhan­tes à maconha para controlar a dor, estimular a larica o apetite e impedir o consumo abusivo de maconha.

Muitas opções de compra? Como influenciar as decisões dos consumidores

Fazer escolhas é difícil, especialmente em um ambiente competitivo de vendas. Um novo estudo publicado no Journal of Consumer Research lança algumas luzes sobre os processos de escolha dos consumidores entre várias opções.

Para ilustrar o fenômeno investigado, os autores Young-Won Ha e Sehoon Park (ambos da Universidade Sogang, na Coréia, e Hee-Kyung Ahn (Universidade de Toronto) montaram o seguinte cenário: Um consumidor tem que escolher entre dois pacotes de férias na França com o mesmo preço. O pacote A (“o competidor”) oferece estadia em hotéis de 4 estrelas que estão localizados de maneira inconveniente. O pacote B (“o alvo”) inclui estadia em hotéis de 2 estrelas próximos de museus e palácios famosos. Enquanto o consumidor pesa as diferenças entre o serviço e as conveniências, encontra um pacote C (“o chamariz”), que oferece estadias em hotéis de uma estrela convenientemente localizados como os do pacote B.

Pesquisas de consumo anteriores demonstraram que a presença de um chamariz aumenta a atratividade da opção alvo. Mais pessoas escolhem o pacote B (o alvo), quando o chamariz está disponível.

O novo estudo modificou as condições, incluindo o que os pesquisadores chamaram de uma “característica particular” — por exemplo: substituir a França pela Itália no pacote A. Os pesquisadores descobriram que, nesse caso, o poder do chamariz fica bastante reduzido.

Os consumidores costumam se aglomerar… e aí compram menos

Em um estudo publicado no Journal of Consumer Research, Sam K. Hui (Universidade de Nova York), Eric T. Bradlow e Peter S. Fader (ambos da Universidade da Pennsylvania) analisaram dados obtidos com um sistema de rastreamento colocado em carrinhos de supermercado e descobriram que os consumidores têm a tendência de se aglomerarem em determinadas zonas do mercado, mas, uma vez lá, ficam menos dispostos a fazer uma compra.

Eles descobriram que, quanto mais tempo levam em uma loja, mais os consumidores se ficam decididos e procuram os locais onde devem estar as coisas que já pretendiam comprar. E descobriram, também, que, após ceder a uma “tentação” (comprar algum produto que “faz mal à saúde”), os consumidores tendem a aplacar suas consciências comprando um produto “virtuoso” (uma comida “saudável”).

A melhor das intenções: a disponibilidade de comida saudável pode levar ao consumo de de comidas não saudáveis

Foi o que descobriram Keith Wilcox (Universidade da Cidade de Nova York), Beth Vallen (Loyola College), Lauren Block (Universidade da Cidade de Nova York), ), e Gavan J. Fitzsimons (Universidade Duke).

Em uma série de quatro estudos, os pesquisadores descobriram que a mera presença de itens de comida saudável em um cardápio pode levar a uma consciência menos pesada na escolha de comidas menos saudáveis. Por exemplo, quando eram oferecidos como acompanhamentos com o mesmo custo: batatas fritas, nuggets de frango, ou batata assada, poucos escolhiam as batatas fritas. Mas, quando se introduzia no cardápio a opção por uma salada, mais pessoas escolhiam as batatas fritas… E eram justamente as pessoas que, na situação anterior, tinham demonstrado mais auto-controle, enquanto as de menor auto-controle “escorregavam” menos…

“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (20/04/09)

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20 de abril de 2009

Por Jim Dawson
Inside Science News Service

O perigo de ser engolido por uma estrela

Planetas gigantes que orbitam muito perto de suas estrelas em outros sistemas planetários podem ter suas atmosferas roubadas pela estrela e perder até 25% de sua massa durante suas existências. Esses “exoplanetas” gigantes — localizados em outros sistemas solares — estão sujeitos ao fluxo de gases conhecido como vento estelar, vindo das camadas supe­­riores da estrela próxima, e de tempestades chamadas ejeções de massa coronal. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Austríaca de Ciências usaram modelos em computador para estudar as possíveis perdas de massa atmosférica nos exoplanetas que orbitam suas estrelas bem mais perto do que a Terra orbita o Sol. Os  49 planetas modelados incluiam gigantes gasosos quentes, mais ou menos do mesmo tamanho, ou pouco maiores do que Saturno e Júpiter, gigantes gelados quentes similares a Urano e Netuno, e uma “Super-Terra” que é ligeiramente menor do que o dobro da massa da Terra. O exoplaneta tipo Super-Terra poderia ter começado a existir com o tamanho aproxi­mado de Netuno, antes de ter sua atmosfera arrancada.

Alguns dos exoplanetas tiveram apenas uma perda negligível em suas amosferas, o que foi creditado pelos pesquisadores a um equilíbrio entre a pressão da camada eletricamente carregada da atmosfera do planeta e da pressão exercida pela estrela próxima. Mas, se o planeta chegar perto demais,
explosões na superfície da estrela vão suplantar a pressão do planeta e arrancar grande parte da atmosfera. As novas descobertas foram apresentadas no encontro da Semana Européia de Astronomia e Ciências Espaciais na Universidade de Hertfordshire, ao norte de Londres, Inglaterra.

A poeira de um cometa mostra o início do sistema solar

Em abril de 2003, aeronaves da NASA realizaram voos em grandes altitudes na atmosfera, na hora em que a Terra estava passando pela cauda de poeira deixada para trás pelo cometa 26P/Brigg-Skjellerup. As aeronaves recolheram a poeira que caia sobre a atmosfera superior e uma coalizão internacional de pesquisadores estudou as amostras para verificar se a poeira poderia revelar algo acerca de suas origens. Uma equipe de cientistas do grupo da Universidade de Manchester na Inglaterra anunciou, nesta semana, suas descobertas, na Semana Européia de Astronomia e Ciência Espacial. O pesquisador Henner Buseman declarou: “Encontramos uma pletora de ‘impressões digitais’ de substâncias químicas primi­tivas, inclusive alguns grânulos pré-solares, uma verdadeira forma de poeira de estrelas formada em torno de outras estrelas mais antigas, algumas durante explosões de super­novas, associadas com matéria orgânica primeva que deve antedatar a formação de nossos planetas”.

A matéria primitiva encontrada na poeira consiste, em parte, de amostras inalteradas das matérias-primas de nosso Sistema Solar, segundo os pesquisadores. Dois dos grânulos parecem pertencer à nebulosa de onde se originou o Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Outra partícula contém quatro grânulos de silicatos pré-solares com uma estranha composição que coincide com a predição feita para os tipos de silicatos que devem ter-se formado no gás que se segue à explosão de uma supernova. A poeira da cauda de um co­meta é considerada uma boa maneira de estudar as condições reinantes nos estágios ini­ciais da formação do Sistema Solar, porque os cometas congelados são vistos como “refri­geradores gigantes” que mantém o material original em suas condições primevas.

Ciclones, um novo culpado pelo aquecimento global

Os cientistas há muito tempo pensavam que o aumento das temperaturas causado pelo aquecimento global poderia ser responsável pelo aumento do número e da intensidade de ciclones tropicais. Agora, pesquisadores da Universidade Harvard descobriram que os ciclo­nes injetam gelo bem para o alto na estratosfera e, possivelmente, realimentam o aqueci­mento global. David Romps do Departamento da Terra e de Ciências Planetárias de  Harvard declarou: “Uma vez que o vapor d’água é um importante gás de efeito estufa, um aumento do vapor d’água na estratosfera aqueceria a superfície da Terra”. A Tropopausa, a região mais fria da atmosfera terrestre, entre 12 e 22 km acima da superfície, normalmente impe­de que o vapor d’água suba até a estratosfera. Porém, estudando dados obtidos por satélites de observação em infravermelho colhidos entre 1983 e 2006,
Romps e seu colega, Jiming Kuang, descobriram que estreitas plumas de nuvens de tempestade com quilômetros de altura podem subir de maneira tão explosiva que bombeiam água para a estratosfera. Quando o vapor d’água é empurrado para além da tropopausa, ele se congela e, então, é injetado na forma de gelo na estratosfera mais quente, onde se evapora. O aumento no vapor d’água na estratosfera acescenta ao aquecimento global, segundo os pesquisadores. Eles dizem, em seu estudo publicado em Geophysical
Research Letters
: “Muitos acreditam que o aquecimento global levará a mudan­ças na frequência e na intensidade dos ciclones tropicais. Por conseguinte, os resultados aqui apresentados demonstram a possibilidade de haver uma retro-alimentação entre os ciclones tropicais e o clima global”.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (13/04/09)

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13 de abril de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Desenvolvidos teste mais rápidos para detectar o agente de bioterrorismo ricina

Testes mais rápidos e mais sensíveis para detectar a substância tóxica ricina foram desenvolvidos por dois grupos de cientistas na Geórgia e Nova York. Ricina que é encontrada nas mamonas, é conhecida há quase um século como um veneno mortífero quando inalada ou ingerida. Uma vez que não existe antídoto conhecido, ela é considerada como um agente potencial para o bioterrorismo por meio da contaminação de alimentos. Os testes existentes para a detecção da ricina são lentos e frequentemente imprecisos.

Em um dos novos testes, os cientistas do Colégio de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, no Bronx, Nova York, desenvolveram um detector químico que reage com substâncias liberadas pela ricina, ativando a enzima luciferase, a mesma substância que brilha nos vagalumes. Os cientistas literalmente conseguem enxergar a presença da ricina, detectando a luminescência semelhante à dos vagalumes emitida pelo material contaminado. O teste, segundo os pesquisadores, pode detectar um bilionésimo de grama de ricina em questão de minutos.
O segundo teste, desenvolvido por pesquisadores no Centro de Controle de Doenças em Atlanta, Geórgia, se desdobra em três partes que empregam anticorpos especiais para capturar a ricina. Um espectrômetro de massa pode, então, encontrar até pequenas quantidades de ricina em alimentos e em fluidos corpóreos. Segundo os pesquisadores, o teste é “altamente específico e preciso em comparação com os testes existentes”.
As origens da vida podem estar ligadas a antigos vírus e eventos de extinção em massa
No fundo dos oceanos, nas terrivelmente quentes paredes de chaminés hidrotermais, vivem alguns notáveis organismos, conhecidos com hipertermófilos; não só vivem, como prosperam em um ambiente mais quente do que 80ºC e que frequentemente é altamente ácido. Esses organismos são regularmente atacados por vírus que também suportam o ambiente extremo. Pesquisadores da Universidade de Jyvaskyla na Finlândia estabeleceram que esses vírus podem ser uma das formas mais primitivas e inalteradas da face da Terra. O fato de que esses vírus das profundezas oceânicas não tenham evoluído muito ao longo dos bilhões de anos de sua existência, tem implicações sobre o processo evolutivo de vírus e outras formas de vida na superfície do planeta, segundo os pesquisadores. Eles desenvolveram um modelo que indica que repetidos eventos de destruição em massa na superfície, causados tanto por meteoros, quanto por erupções vulcânicas, acabaram não só com as espécies existentes, como também com os vírus que viviam nessas espécies. Com a variedade da vida deixada quase em branco pela extinção em massa, tanto novas formas de vida, quanto novos tipos de vírus tiveram que evoluir, de forma que as novas vidas puderam evoluir por algum tempo sem a pressão de ataques significativos de vírus.
Um press-release da universidade explica: “Normalmente, os organismos têm que evoluir constantemente sob a pressão dos vírus, atualizando suas estratégias anti-vírus. Porém, sob as condições livres de vírus, os organismos podem herdar mutações mais úteis a longo prazo, em lugar de só desenvolver novas estratégias defensivas”. Os períodos livres de vírus após as extinções em massa “podem acelerar o desenvolvimento de novas funções biológicas que, de outra forma, não teriam tido oportunidade para surgir”.
Pesquisadores encontram uma chave bioquímica para por o esperma “na boa”
Embora “capacitação” possa não ser o nome de uma canção romântica de Barry White, ela é um passo necessário pelo qual o esperma tem que passar, antes que se torne capaz de praticar a fertilização dentro do sistema reprodutor de uma fêmea. Pesquisadores em três universidades norte-americanas, trabalhando com ratos, chegaram mais perto de resolver o duradouro mistério biológico sobre as modificações bioquímicas que “ligam” o esperma. Os pesquisadores, liderados por Mark Platt, do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, Nova York, identificaram 44 peptídeos em 59 aminoácidos que estão envolvidos na capacitação. A pesquisa envolveu a descoberta e a descrição das complexas modificações nas proteínas envolvidas na modificação do esperma de forma a que este possa fertilizar um ovo. A pesquisa, publicada no Journal of Proteome Research, é um avanço potencial para o desenvolvimento de um contraceptivo masculino e para o desenvolvimento de tratamentos para a infertilidade.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Ciscando pelo EurekAlert

Alguns press-releases que chamaram minha atenção entre os vários publicados no EurekAlert, hoje:

Pesquisador da Universidade Estadual de Iowa identifica a proteína que concentra o gás carbônico nas algas

Martin Spalding, catedrático do Departamento de Genética, Desenvolvimento e Biologia Celular identificou, pela primeira vez, a proteína encarregada de acumular o CO2 em micro-algas: a HLA3.

As crescentes concentrações de CO2 na atmosfera são encaradas como uma fonte de preocupação por causa do efeito estufa. No entanto, as plantas precisam e muito do CO2 para realizar a fotossíntese e transformá-lo em açúcares que formam seus tecidos.

Porém, nem todas as plantas são dotadas dessa enzima acumuladora de CO2 A idéia de Spalding é, por meio de engenharia genética, dotar plantas de cultivo, por exemplo o arroz, dessa enzima para acelerar seu crescimento.

O press-release nem menciona isso, mas eu logo me lembrei que isso talvez possa ser usado como um meio auxiliar para aumentar o sequestro do CO2 atmosférico.


MIT: A maneira como se sente o mundo influencia como o vemos (aqui e aqui)

Ilusões motoras revelam novas abordagens sobre a percepção

 


IMAGEM:

Um estimulador tátil piezoelétrico.

Cliqe aqui para mais informações.

No caso da clássica ilusão da queda d’água, se nos fixarmos no movimento para baixo das águas que caem por algum tempo, objetos estacionários, tais como pedras, parecerão estar subindo. Os neuro-cientistas do MIT descobriram que este fenômeno, chamado de efeito residual do movimento (motion
aftereffect
), ocorre não só com a percepção visual, mas também com a percepção tátil, e que esses sentidos se influenciam entre si. Dito de outra forma, a maneira como se sente o mundo pode até modificar a maneira como o vemos — e vice versa.

Em um artigo publicado na edição online de 9 de abril de Current Biology, pesquisadores relatam que pessoas expostas a um movimento visual em uma dada direção, percebiam um movimento tátil na direção oposta. Ao contrário, o movimento tátil em uma direção provocava a ilusão de movimento visual na direção oposta.

O principal autor do artigo, Christopher Moore do Instituto McGovern para Pesquisas do Cérebro no MIT, explica: “Nossa descoberta sugere que o processamento sensorial de movimento visual e tátil se valem de circuitos neurais que se superpõem. A aparência ou a sensação tátil causada por alguma coisa pode ser influenciada por um estímulo na outra modalidade sensorial”.


IMAGEM:

Dispositivo de  “tactores” envia estímulos táteis para as pontas dos dedos.

Clique aqui para mais informações.

A experiência colocuo voluntários observando um movimento visual em uma tela de computador, enquanto colocavam o dedo indicador em um estimulador tátil logo atrás da tela. Esse estimulador consistia de um dispositivo com 1 cm² com 60 pinos para dirigir vibrações precisamente controladas para as pontas dos dedos. Esse estimulador é único no mundo e foi desenvolvido por Qi Wang do Instituto de Tecnologia da Georgia e por Vincent Hayward da Universidade Pierre et Marie Curie na França.

Para testar o efeito do movimento visual na sensação tátil das pessoas, o monitor exibia um padrão de faixas horizontais que se moviam para cima ou para baixo durante dez segundos. Depois que o padrão visual desaparecia, uma única linha horizontal de pinos fazia vibrar a ponta dos dedos da pessoa. Embora os pinos enviassem um pulso estático de vibração, todos os oito voluntários perceberam a faixa horizontal de pinos como estando em movimento para cima ou para baixo, sempre na direção oposta do movimento do padrão visual precedente.

E, para testar o efeito do movimento tátil sobre a percepção visual, fileiras adjacentes de pinos eram vibradas em rápida sucessão, criando a sensação de um objeto tátil que se movia para cima ou para baixo pelas pontas dos dedos das pessoas. Após um estímulo de 10 segundos, o monitor exibia um padrão estático de faixas horizontais. Contrariamente à suposição prevalescente de que a visão sempre triunfa sobre o tato, as pessoas percebiam as faixas como se movendo na direção oposta do estímulo tátil anterior.

[Clique aqui para ver uma demonstração do estímulo de movimento usado nesse estudo]

Até agora se pensava que os efeitos residuais refletiam a fadiga dos circuitos cerebrais, mas se chegou à conslusão de que os neurônios processam continuamente as informações sobre movimentos e são capazes de recalibrar o cérebro para modificações no ambiente sensorial. Os recentes estudos descobriram que a região do cortex visual conhecida como MT ou V5, há tempos associada à percepção de movimentos, pode ser igualmente responsável pelo processamento da percepção tátil do movimento. A equipe de Moore pretende explorar essa região do cérebro para estabelecer o quanto ela pode contribuir para esses efeitos residuais sinestésicos.


“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (07/04/09)

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7 de abril de 2009,
Por Jim Dawson
Inside Science News Service


À procura do aquecimento global — um projeto de ciências para todos nós outros

Pesquisadores do Serviço de Pesquisa Geológica dos EUA (U.S. Geological Survey) e outras organizações estão procurando voluntários para auxiliar o rastreamento do impacto do aquecimento global sobre o ecossistema, mediante a observação e relato de quando se abrem os botões de flores. Ao entrar em seu segundo ano, o “Projeto Floração” (“Project BudBurst”) está coletando dados colhidos por milhares de voluntários que escolhem o tipo de planta que querem observar e relatam quano os botões das plantas se abrem. Quando os participantes enviam suas observações online, podem visualizar mapas de fases da abertura dos botões ao longo do país. No ano passado foram relatadas online 4.861 observações de todos os estados, exceto do Hawaii. “Quando esses dados são coletados por vários anos a fio, eles revelam indícios de como as variações no tempo afetam plantas e animais em nosso ambiente”, declara Carol Brewer, professora de biologia da Universidade de Montana e co-fundadora do programa de observação dos botões. Ela diz que, eventualmente, “poderemos procurar por sinais de mudanças climáticas nos tempos de abetura das folhas e das flores”. Os cientistas aprenderam que algmas plantas respondem a temperaturas mais altas extendendo suas estações de crescimento — dando botões alguns dias mais cedo a cada estação e permanecendo por mais alguns dias. Um dos problemas que está sendo causado pelas mudanças na estação de crescimento, causado pelo aquecimento global, é que os insetos polinizadores, tais como abelhas, baseiam seus ciclos na luz do Sol, não na temperatura. Se as flores se abrirem antes da hora esperada pelos insetos, a polinização não acontece. O projeto pode ser encontrado nesta página: http://www.windows.ucar.edu/citizen_science/budburst/

Fumantes cronicamente doentes ainda têm dificuldades para deixar de fumar

Fumantes que sofrem de sérias doenças, inclusive câncer e doenças cardíacas, são m segmento desproporcionalmente grande dos atuais fumantes, são alguns dos fumantes mais viciados e frequentemente continuam fumando a despeito de estarem doentes. “O bom senso deveria ser capaz de fazer alguém parar de fumar se tiver uma doença grave, porém mais da metade dos fumantes que receberam a pouco tempo um diagnóstico de câncer, continuam fumando”, diz Michael Steinberg, diretor médico do Programa de Dependência de Tabaco na Universidade de Medicina e Odontologia de Nova Jersey. “Nossa pequisa ilustra o quanto terrivelmente viciante o tabaco é, mas esse vício pode ser superado se adequamente tratado”. A despeito do poder do vício, Steinberg descobriu que mais de um terço das pessoas por ele estudadas foram capazes de deixar de fumar por ao menos seis meses, se recebessem uma combinação de medicamentos para deixar de fumar e que esses medicamentos fossem usados por um tempo maior do que o usual. A equipe de Steinberg dividiu 127 fumantes com doenças sérias em dois grupos.

Um grupo foi tratado com adesivos de nicotina pelo período padrão de 10 semanas. O outo grupo foi tratado com os adesivos, inaladores de nicotina e o anti-depressivo bupropion, usualmente empregado nos casos de dependência de tabaco. Após 26 semanas, 35 % dos que receberam a terapia combianda tinham deixado de fumar, enquanto apenas 19 % do grupo “somente adesivo” tinham-no feito. “Pessoas com doenças sérias e que continuam fumando, poderão viver mais e ter uma maior qualidade de vida se receberem um tratamento agressivo para sua dependência do tabaco”, declarou Steinberg. Ele recomendou que os planos de saúde estendam o período em que cobrem as despesas com a terapia para o tabagismo. “A dependência do tabaco deve ser tratada como qualquer outra doença crônica”, acrescenta ele. Seu artigo foi publicado em Annals of Internal Medicine.

Supercondutores podem ampliar a energia eólica

As companhias de energia elétrica dos EUA e Europa, trabalhando em conjunto com laboratórios de pesquisa dos governos, esperam conseguir dobrar a potência dos geradores eólicos de eletricidade existentes, usando fiação supercondutora de alta temperatura nas turbinas. A energia eólica é produzida quando as lâminas rotatórias de uma turbina fazem girar magnetos em torno de uma bobina em um gerador. Empregando-se fios super-condutores, o gerador poderia alcançar 100 vezes a atual densidade de corrente com os fios de cobre comuns. Companhias nos EUA, Alemanha, Grã-bretanha e Dinamarca estão todas trabalhando para criar turbinas eólicas comerciais que possam gerar 10 megawatts ou mais e, ainda assim, serem mais ou menos do mesmo tamanho e peso das turbinas eólicas existentes que são capazes de gerar apenas de 5 a 6 megawatts. O “Projeto Super-vento”, conduzido pelo Laboratório Nacional para Energia Sustentável da Dinamarca, está perto de concluir a construção de uma turbina com supercondutores de alta temperatura com uma potência um pouco menor, para realizar pesquisas. Essa turbina será um primeiro passo para a máquina de 10 megawatts. A Dinamarca gera 20% de sua eletricidade a partir de usinas eólicas — mais do que qualquer outro país. Além do apoio das agências governamentais dos EUA e vários países europeus, as turbinas eólicas de supercondutores de alta temperatura têm o apoio de vários grupos industriais e ecológicos, segundo um relatório publicado na edição corrente de Physics Today.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

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