A ameaça do Crime Organizado
Bilhões de dólares em propinas são pagos anualmente, vão para os bolsos de funcionários públicos nos países ricos
Julian Borger, editor diplomático
Quarta-feira, 12 de setembro de 2007
The Guardian
O crime organizado internacional se transformou em um monstro de 2 trilhões de dólares que ameaça perverter a democracia por todo o mundo e alimenta níveis já perigosos de desigualdade global, alerta um recente estudo.
Enquanto o mundo se torna mais rico, o incansável crescimento do crime organizado emerge como um dos maiores riscos para o futuro do planeta, ombreando com o aquecimento global e a escassez de água potável, de acordo com a pesquisa “Estado do Futuro”, realizada pela Federação das Associações das Nações Unidas.
Os ganhos anuais das quadrilhas de criminosos por todo o mundo são aproximadamente iguais ao PIB da Grã-Bretanha, ou duas vezes o orçamento mundial para defesa. Metade dessa quantia é paga como propina, o que tende a tornar os ricos e poderosos cada vez mais prósperos.
As 225 pessoas mais ricas do planeta, atualmente, ganham o mesmo que os 2,7 bilhões dos mais pobres, o que equivale a 40% da espécie humana, afirma o relatório. E, embora a democracia esteja em alta, com quase metade da população do mundo vivendo, atualmente, em sistemas democráticos, ela corre o risco de ser demolida por uma cultura de propinas.
“As implicações que o mundo tem que compreender, é que decisões governamentais podem ser compradas e vendidas”, afirma Jerome Glenn, chefe do projeto do milênio das Associações e um dos autores do relatório. “O que acontece se o crime organizado decidir que, em vez de comprar e vender cocaína ou heroína, vai comprar e vender decisões governamentais? Isto é uma ameaça à democracia”.
Contrariamente ao estereótipo da “banana republic”, somente uma pequena parte das propinas políticas, pagas todos os anos, vão para os funcionários públicos no mundo em desenvolvimento. O relatório, publicado nesta semana, afirma que “a vasta maioria das propinas são pagas a pessoas nos países mais ricos” onde a tomada de decisões é “vulnerável a vastas somas de dinheiro”.
Grande parte da renda, mais de 520 bilhões de dólares, que flui através do mercado negro mundial, vem de falsificações e pirataria. O tráfico de drogas é o segundo maior ganhador, com um movimento estimado em 320 bilhões de dólares. O tráfico de pessoas é uma indústria pequena, em comparação, com um valor abaixo de 44 bilhões de dólares, mas que pode ser tido como o mais pernicioso. De acordo com a ONU, cerca de 27 milhões de pessoas se encontram em situação de escravidão, muito mais gente do que na época do pico do comércio de escravos africanos. A maioria das vítimas, desta vez, são mulheres asiáticas.
O relatório diz: “A violência dos homens contra as mulheres continua a causar mais vítimas do que as guerras, hoje em dia”. Uma em cinco mulheres em todo o mundo será vítima de estupro ou tentativa de estupro durante sua vida. A situação é tão ruim que as escolas deveriam ensinar artes marciais às meninas para auto-defesa, diz o relatório.
“Nós temos Departamentos de Defesa, por todo o mundo, protegendo as pessoas. Qual é o Departamento que defende as mulheres?” pergunta o Sr Glenn.
A pesquisa, entretanto, afirma que, para a maioria das pessoas, o mundo está se tornando “um lugar melhor” e deve continuar melhorando na próxima década, com o crescimento da renda, expectativa de vida e acesso à saúde e à educação.
A economia global cresceu 5,4% em 2006, ganhando longe do crescimento populacional de pouco mais do que 1%. “Mantida esta taxa, a pobreza mundial será cortada pela metade entre 2000 e 2015, alcançando a meta de desenvolvimento da ONU para a redução da pobreza global, exceto na África sub-Sahariana”, prediz o relatório.
De acordo com a OMS, a expectativa de vida média no mundo deve crescer de 48 anos, para os nascidos em 1955, para 73 anos, para os nascidos em 2025.
Paz
E, a despeito das contínuas atrocidades no Iraque, Afeganistão e Darfur, o mundo está se tornando, de modo geral, um lugar mais pacífico, de acordo com o relatório. Na África, o número de conflitos caiu de 16 em 2002 para apenas 5 em 2005.
Misturando todos esses dados em uma medida geral de bem-estar, os autores do relatório derivaram um índice para o futuro. Ele se inclina, de maneira reconfortante, para cima pelos próximos dez anos, mas as principais ameaças a este otimismo parecem vir de efeitos como níveis de miséria, aquecimento global, falta de água e o crime organizado. Este último pode ser o mais perigoso, por causa de sua capacidade de subverter a tomada de decisões e porque existem poucas iniciativas internacionais combinadas para combater esta ameaça.
“Está na hora de uma campanha internacional de todos os setores da sociedade para desenvolver um consenso global para ação contra [o crime organizado transnacional] que chegou a um ponto onde sua crescente influência interfere com a capacidade dos governos agirem” , diz o relatório.
Nele se aponta o fato de que a estimativa global de entre 13 e 15 milhões de futuros órfãos criados pela AIDS representam uma gigantesca fonte de “soldados” em potencial para as quadrilhas de criminosos. “Não há nada que possa deter isso”, diz o Sr Glenn.
“Não há qualquer estratégia global”.
Em números
211 milhões: O número global de pessoas afetadas por desastres naturais a cada ano
225: O número de pessoas cuja renda é a mesma dos 2,7 bilhões de pessoas mais pobres
18%: Proporção de analfabetos, comparados com os 37% em 1970
1 em cada 5: Proporção de mulheres que serão vítimas de estupro ou tentativa de estupro
US$1.000.000.000.000: O custo da corrupção mundial em 2006
Precisa falar algo mais?…
Mais más notícias vindas dos mares
Chuva ácida tem um impacto desproporcional nas águas costeiras
A liberação de Enxofre e Nitrogênio na atmosfera por usinas de energia e atividades agrícolas desempenham um papel menor em tornar os oceanos mais ácidos em escala global, mas o impacto é grandemente ampliado nas águas mais rasas das costas dos oceanos, de acordo com nova pesquisa realizada por químicos atmosféricos e marinhos.
A “acidificação” dos oceanos ocorre quando compostos químicos, tais como Dióxido de Carbono, Enxofre ou Nitrogênio se misturam às águas do mar, um processo que diminui o pH e reduz a armazenagem da Carbono.
A acidificação dos oceanos prejudica a capacidade de organismos marinhos, tais como ouriços do mar, corais e certos tipos de plancton, de reclher Carbonato de Cálcio para produzir suas cascas exteriores duras ou “exoesqueletos”. Esses organismos fornecem alimento e habitat essencial para outras espécies, de forma que sua destruição pode afetar ecossistemas oceânicos inteiros.
(para ler a íntegra da notícia em inglês e ver os gráficos, use o link do título do artigo)
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Por enquanto, as conseqüências mais notáveis estão restritas ao Hemisfério Norte, onde o carvão ainda é o principal combustível para termoelétricas. Pelo jeito, as queimadas no Hemisfério Sul, ainda não conseguiram atingir a grau de poluição atmosférica do Norte Industrializado. Até quando?… Ninguém sabe.
Bom… Já que ninguém topou a provocação…
Bejamin Disraeli, “Sybil”
A título de exemplo, ele apresenta o caso hipotético de uma prova de matemática elementar, onde aparece a questão: “2+2=?”. Joãozinho responde “azul” e Mariazinha responde “3,99999…” Pelas regras em vigor, ambas as respostas estão “erradas”, mas a de Mariazinha está “quase certa”.
Este tipo de classificação é nefasto. Incute nas crianças uma falsa certeza de que existem “verdades absolutas” e que, o que delas se afastar, por menos que seja, está “errado”. O grande problema é que o Universo não é feito de “certezas”. E, antes que algum matemático se levante com quatro pedras na mão, eu lembro que existem mais números irracionais do que racionais.
Se eu fosse um fabricante de rodas de carroça e quisesse calcular o tamanho da barra chata para revestir a banda de rodagem de uma roda recém-fabricada, eu poderia medir o diâmetro da roda e aplicar a fração 22/7 para cortar a barra. O trabalho de ajuste com uma lima seria bem pequeno. 3,1416 é “errado”… menos “errado” do que 3,1415925536 (usando o mnemônico: “que o cabo é ponto terrestre, eu sabia desde que nasci”), mas não existe um valor “certo” para Π…
A provocação do artigo anterior estava na passagem: Bom… Se os “Livros Sagrados” são duvidosos, só nos resta acreditar nas afirmativas dos sábios e aceitar esse novo “Deus”, a “Ciência”… E ninguém mordeu o anzol…
É exatamente essa aura de “misticismo” que não podemos permitir que a ciência seja revestida.
A ciência é a eterna pergunta, onde a solução de um problema leva, não a certezas, porém a mais questionamentos. É muito fácil rotular as coisas e fingir que elas fazem sentido (aliás, é o que os místicos vêm fazendo desde sempre…), mas chamar as propriedades dos quarks de “cores” (por semelhança ao processo de adição/ subtração das três cores básicas) e pregar-lhes rótulos de “up”, “down”, “strange”, “charm”, “top” e “bottom” (as primeiras propostas para os dois últimos eram “truth” e “beauty”, mas logo perceberam que “verdade” e “beleza” não se encaixavam muito bem na coisa…), não nos diz coisa alguma que possamos comparar com nossa experiência cotidiana.
Eu quase me urinei de rir na cara de um médico que se saiu com a resposta sobre o que meu filho, febril e amuado, tinha: “um rotavirus de etiologia desconhecida”. E respondi: “O que quer dizer que você não faz a menor idéia do que seja!…”
Mas parece que aos nossos acadêmicos falta a seriedade de transmitir, principalmente à onipresente mídia, a não-conclusividade de suas conclusões… Que “teorias”, por embasadas que sejam em experimentos, são apenas isso: “teorias”.
É claro que existem “teorias” e “teorias”… Da mesma forma que a resposta do Joãozinho de que “2+2 = azul”, existem “teorias” que são obviamente ridículas, em face das provas de que estão erradas. E quem prefere acreditar nessa resposta, porque a de Mariazinha não é, a rigor, correta, que se dane!… Deixem esses “casos perdidos” recorrerem a seus “Livros Sagrados”, onde se “prova” que o valor de Π é exatamente 3,000 (as rodas das carroças deles vão se escangalhar rapidamente…)
Quem sabe o maior incentivo para quem está ainda aprendendo o básico, não seja exatamente a idéia de que nenhuma conclusão é, ainda, definitiva e que se pode ir ainda mais longe, extraindo da Natureza mais segredos. Que ainda não chegamos (e, provavelmente, nunca chegaremos) ao “porto seguro” do conhecimento absoluto sobre tudo, mas que sabemos onde fica o Norte e podemos traçar as rotas do progresso com uma segurança sempre maior.
E que essa “incerteza”, onde os céticos enxergam apenas o acaso e os místicos, a presença divina, obedece a regras claras e nada misteriosas, e que o “sobrenatural” é apenas aquilo para o que ainda não se encontrou explicação — porque, assim que um “sobrenatural” for explicado, diversos outros “sobrenaturais” vão aparecer.
Isso, quando mais não fosse, nos pouparia de contra-argumentar (à maneira de Bizâncio) os arreganhos obscurantistas daqueles que menosprezam a “ciência”, “porque ela não tem todas as respostas”… Afinal, eu sempre gosto de repetir: “Todo problema complexo tem uma resposta simples, elegante e errada”.
Prefiro o bom e velho Einstein: «A hipocrisia do não-crente é, para mim, quase tão engraçada como a hipocrisia do crente.»
(Por favor, comentários aqui )
Physics News Update nº 838
BOLINHAS QUÂNTICAS (no original “Quantum dots”) ACÚSTICAS. Uma nova experiência no Laboratório Cavendish, na Universidade de Cambridge, é a primeira a carrear, de modo controlável, elétrons ao longo de um chip e observar suas caracteírstica quânticas. Uma bolinha quântica restringe os elétrons a uma região do espaço em um semicondutor tão pequena que é virtualmente adimensional. Isto, por sua vez, força um regime quântico; o elétron pode ter apenas certas energias discretas, o que pode ser útil, dependendo das circunstâncias, para a produção de luz laser ou para o uso em detectores e, talvez, até em futuros computadores.
Uma bolinha quântica é usualmente feita, não pela moldagem do semicondutor em uma granulação fina, porém pela imposição de restrições nos possíveis movimentos dos elétrons, mediante a aplicação de voltagens a eletrodos próximos. Isto seria uma bolinha quântica estática. Também é possível fazer bolinhas quânticas dinâmicas — bolinhas móveis que são criadas pela passagem de ondas acústicas de superfície (surface acoustic waves = SAWs) que se movem através de um estreito canal através do plano de um circuito de chip especialmente projetado ( ver figura em http://www.aip.org/png/2007/289.htm).
A própria onda acústica é gerada mediante a aplicação de microondas a eletrodos com extremidades intervaladas por sobre um material piezoelétrico, tal como GaAs. O campo elétrico aplicado entre as protuberâncias dos eletrodos induz uma onda de som a se propagar ao longo da superfície do material.
Estas ondas acústicas têm a habilidade de capturar elétrons e conduzí-los (no original: “chauffer them”) ao longo da superfície.
A pequena região que confina o elétron, mesmo enquanto ele se move, é, com efeito, uma bolinha quântica. Tais bolinhas quânticas com base acústica já foram feitas antes, porém, de acordo com o pesquisador Michael Astley de Cambridge, esta é a primeira vez que o tunelamento dos elétrons (mesmo de elétrons isolados) para dentro e para fora de bolinhas quânticas foi observada. Esta é uma parte importante no carreamento de elétrons, uma vez que se quer controlar os movimentos e os spins dos elétrons. Se, além disso, elétrons em dois canais acústicos muito próximos ficassem emparelhados, então isso poderia apresentas a oportunidade de criar algo da sorte de um qubit[2] móvel, que poderia estar no coração de um computador quântico.(Astley et al., Physical Review Letters, artigo em publicação; website do laboratório em aqui)
CABELOS ENCARACOLADOS SE EMARANHAM MENOS DO QUE CABELOS LISOS. Os cabelos nas cabeças das pessoas (tipicamente entre 100.000 e 150.000 fios por cabeça), vêm em vários tons, graus de oleosidade e em vários graus de encaracolamento.
Jean-Baptiste Masson, que trabalha para o Laboratório de Óptica e Biociências da Ecole Polytechnique da França, resolveu estudar o problema cientificamente. No front experimental, ele consultou cabeleireiros e fez com que eles constassem os emaranhados nos cabelos das pessoas. No front teórico, ele engendrou um modelo geométrico de cabelo, na esperança de explicar os resultados matematicamente. Emaranhados, definidos como grupos de cabelos que resistem ao penteamento, se provaram estar presentes quase que o dobro das vezes em cabelos lisos do que em cacheados.
Masson explica isso dizendo que, embora cabelos lisos interajam entre si com menos freqüência, a interação se dá em grandes ângulos e que é o ângulo relativo entre os fios de cabelo que causam os emaranhados. Uma possível aplicação de seu trabalho em cabelos, diz Masson, é no projeto de produtos semlhantes ao velcro. Por exemplo, as propriedades do velcro poderiam ser modificadas pela adição de escamas extras à parte suave do velcro, ou por tornar a tensão dos fios maior — o equivalente a tornar os fios mais duros. Masson, cujo principal campo de pesquisas é a biofísica, espera que seu modelo geométrico possa ser também útil no estudo de polímeros e outros materiais filamentares no mundo biológico. (American Journal of Physics, agosto de 2007)
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[1] Não foi um erro de Ctrl-C & Ctrl-V, não… O nome de Ben Stein aparece nessa edição.
[2} “qubit” é uma apócope de “quantum bit” = “bit quântico”.
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Cadê minha certeza que eu deixei aqui?…
Os filósofos discutiam se primeiro existiu a idéia, ou se a idéia nasceu da constatação das coisas. Mas, em uma coisa todos eram unânimes: tudo está como sempre foi e nunca vai mudar. Existem coisas vivas que nascem, crescem, envelhecem e morrem. E existem coisas que não são vivas e não mudam nunca.
Qualquer um podia constatar: existiam coisas duras, com formas definidas, coisas moles com formas maleáveis, coisas que não dava para segurar nas mãos, como a fumaça e os vapores, e aquela substância misteriosa, roubada dos Deuses, que era assustadora, mas extremamente útil: o fogo.
A Natureza era razoavelmente previsível. Depois do calor do verão, começava o outono, vinha o frio do inverno e, na primavera, tudo o que parecia morto, ressuscitava. Isto é… quando os Deuses estavam bonzinhos… Se eles estivessem de mau humor, sempre havia como fazer umas cerimônias propiciatórias e, se não desse certo, bom… troca o sacerdote por outro…
Aí, começaram a aparecer uns chatos, metidos a espertinhos, que não se limitavam a especular sobre os misteriosos caminhos dos Deuses, mas achavam que tudo o que existia tinha que ter um “motivo”, que tudo podia ser tratado como os carneiros no rebanho, contados, ou como as distâncias, medidas, ou como as cargas, pesadas. Aquilo que era domínio dos Magos, as relações numéricas ocultas, passou a ser objeto de “experiências”. Até os monges que deviam saber mais sobre a onipotência divina, se puseram a fazer especulações perigosamente blasfemas: era possível descobrir os segredos divinos!
Um deles, o franciscano Roger Bacon, ousou mesmo desmentir o que era de conhecimento geral: nossos sentidos sempre têm razão!… Ousou afirmar que era necessário dissecar o que “todo o mundo sabia” e repetir as peripécias da Natureza em ambientes controlados por instrumentos de medição!
E, dái para a frente, foi um “salve-se quem puder”. Um tal Galileu meteu as mãos em um instrumento que ampliava a visão e ousou olhar para o Céu! Não viu Deuses nem Anjos, mas veio com uma estória absurda de que a Terra não era o Centro do Universo… Que disparate!… Só faltava, agora, me aparecer um Charles Darwin e dizer que o homem não era criado à imagem e semelhança de Deus, mas um “macaco-que-deu-certo”.
O próximo passo era inevitável: os Deuses eram desnecessários. Tudo podia ser explicado pelas interações entre minúsculas partículas invisíveis e as coisas não foram sempre iguais: todas mudam com o tempo.
E agora?… Depois que o tal do Einstein mostrou (lá para os comparsas dele) que nem o tempo era confiável, onde é que vamos parar?… Afinal, o que vamos ensinar para nossos filhos para que eles sejam cidadãos de respeito? Bom… Se os “Livros Sagrados” são duvidosos, só nos resta acreditar nas afirmativas dos sábios e aceitar esse novo “Deus”, a “Ciência”…
Mas – que coisa mais difícil!… Os cientistas jamais chegam a uma conclusão definitiva… Quer dizer, então, que os átomos (“não divisíveis”) não são a menor coisa que existe?… Como assim “o espaço é curvo”?… De onde veio esse universo que “explodiu” e continua se afastando (afastando do que?…)?… Espere um pouco: como assim? A tal da “evolução das espécies” nem sempre “evolui” para “melhor”?… Que raios quer dizer esse negócio de que uma onda é uma partícula e uma partícula é uma onda?… E essa tal de “incerteza”?… Quer dizer que eu, se bobear, posso, de repente, passar por dentro de uma parede e sair do outro lado?… Como não?… Você acabou de me dizer que um respeitável núcleo de Hélio faz isso toda hora e isso é a tal da “radiatividade”, à qual eu estou tão acostumado naquelas fotografias dos ossos dentro do corpo e tenho tanto medo, porque é veneno…
Ah!… Sem essa!… Você quer que eu aprenda essas maluquices que você chama de “matemática” (matemática, para mim, é aquela chatice de “taboada”… 2+2=4, sempre… Heim?… Que negócio é esse de “na base dez”?…), para poder me enrolar…
Não meu amigo, eu sou uma pessoa prática! Quero certezas e segurança! Quero a tranqüilidade para ensinar meu filho, como meu pai me ensinou e o meu avô ensinou para ele… Esse negócio de “raciocinar” dá muito trabalho e trabalho é o que não me falta! Afinal, alguém tem que pagar as contas do armazém. E eu não vejo por que vamos gastar um dinheirão com essas “pesquisas científicas” que só trazem mais dúvidas e perplexidades, se há tanta miséria por aí…
O que?… Lá vem você com essa lenga-lenga de “se não fosse a ciência…”
Esse computador?… É… ele é muito útil!… Eu passo o dia no MSN e no Orkut (mas não conta pro meu chefe, tá?…) discutindo sobre um monte de coisas… Não, “ciência” não… Isso é coisa de quem tem tempo para perder, estudando. Quando eu quiser saber sobre ciência, eu abro a página de meu jornal preferido e leio as reportagens. Lá, tudo está bem claro, em termos que eu posso entender… quer dizer, quase sempre… Eu ainda não entendi direito esse negócio de células-tronco, mas não deve ser boa coisa porque o Procurador-Geral está processando (é assim mesmo que diz?…) a tal Lei de Bio-não-sei-que-lá…
Quer saber?… Eu preferia os bons tempos em que tudo o que se precisava saber, estava na tal da Bíblia. Meu vizinho diz que essa tal de “ciência” é “coisa do demônio” e que ele sabe as respostas para tudo. E quando não sabe, vai perguntar para o Pastor.
Sabe de uma coisa?… Está bem!… Eu fico muito grato por vocês terem inventado a eletricidade para eu poder ver TV, mas, me desculpe… agora é hora do futebol. Vamos deixar esse “papo-cabeça” para outra hora, tá?…
(Comentários aqui, por favor)
1 ano de “Roda de Ciência”
Nove temas estiveram em discussão:
– Ciência x divulgação científica (agosto 06)
– Internet na Academia: the good, the bad and the ugly (setembro 06)
– Relação entre ciência e arte (outubro e novembro 06)
– Falar e escrever simples (dezembro 06 e janeiro 07)
– Ciência e religião (fevereiro 07)
– Aquecimento global (março e abril 07)
– Existem raças na espécie humana? (maio 07)
– A rebelião nas Universidades (junho 07)
– Ensino básico, criatividade e curiosidade (julho 07)
O post comemorativo é este aqui.
(quem quiser comentar, que o faça lá…)
Já começou o bate-boca
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Chefe do Exército Britânico ataca os EUA como “em bancarrota intelectual” sobre o Iraque
Peter Richards
Saturday September 1, 2007
The Guardian
O antigo chefe do Exército Britânico criticou a política pós-guerra dos EUA, chamando-a de “bancarrota intelectual”.
O General Sir Mike Jackson, que comandou o exército durante a guerra no Iraque, descreveu como “disparatada” (“nonsensical”) a alegação do antigo Secretário da Defesa dos EUA, Donnald Rumsfeld, de que as forças dos EUA “não realizam construção de nações”. Ele també contra-atacou as insinuações de que as forças britânicas tenham falhado em Basra.
Mr Rumsfeld foi “um dos maiores responsáveis pela corrente situação no Iraque”, diz o General Jackson says em sua autobiografia, “Soldado”. Ele descreve a abordagem de Washington para o combate ao terrorismo global como “inadequada” por depender de poder militar. sobrepujando a diplomacia e a construção de nações.
Na última semana, o General Jack Keane, um comandante americano recentemente de volta do Iraque, declarou que a situação no Sul do Iraque estava “se deteriorando” e que havia um “desengajamento geral” dos militares bitânicos em Basra. Mas o General Jackson disse ao Daily Telegraph, que está publicando em capítulos seu livro: “Eu nã acho essa afirmativa justa”.
“O que aconteceu no Sul, como no resto do Iraque, foi que a responsabilidade primária pela segurança deveria ser transferida para os iraquianos, uma vez que as autoridades iraquianas e a coalizão estivessem satisfeitos com seu treinamento e seu desenvolvimento fosse apropriado”.
“No Sul, nós tínhamos responsabilidade por quatro províncias. Três delas foram entregues, de acordo com essa estratégia”.
Ele também criticou a decisão de entregar o controle do planejamento da administração do Iraque ao Pentágono e declarou que a dissolução do exército e das forças de segurança iraquianos foi “muita miopia”.
O Pentágono declarou que pontos de vista diferentes são uma “característica das sociedades abertas e democráticas”.
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Oceanos tóxicos?
University of Wisconsin – Milwaukee
Quando os bivalves dominavam o mundo
Paleobiologista estuda como o nível elevado de CO2 afetou a vida marinha primitiva
Margaret Fraiser, professora assistente de geociências na UW-Milwaukee, exibe fósseis dos poucos sobreviventes da extinção em massa Permiano-Triássico, a maior da história da Terra. |
Antes da pior extinção em massa da vida na história da Terra – a 252 milhões de anos – a vida oceânica era diversa e organismos semelhantes às ostras, chamados braquípodes, dominavam. Depois da calamidade, quando pouca coisa mais existia, um tipo diferente de organismo semelhante à ostra, chamado bivalve, passou a dominar.
O que os destinos diferentes desses dois invertebrados podem contar aos cientistas acerca de sobrevivência a um evento de extinção em massa?
Muito, diz a paleoecologista da UWM Margaret Fraiser. Sua pesquisa sobre esta questão particular não só responde esta questão; ela também apoia uma teoria relativamente nova para a causa da extinção em massa que ocorreu quando o Período Permiano terminou e começou o Período Triássico: oceanos tóxicos criados por um excesso de dióxido de Carbono (CO2) atmosférico.
A teoria é importante porque pode auxiliar os cientistas a prever o que aconteceria nos oceanos durante um “evento CO2” moderno. E poderia dar-lhes uma idéia de quanto seria o tempo necessário para a recuperação.
O estudo da recuperação da ecologia é igualmente significativo, afirma Fraiser. A evolução das espécies sobreviventes na seqüência da extinção em massa, estabelece o cenário para a evolução dos dinossauros no final do Triássico.
Dos registros fósseis a céu aberto aos subaquáticos, tudo sugere que o trauma nos oceanos realmente começou no ar.
“As estimativas do CO2 na atmosfera de então ficam entre seis a 10 vezes mais do que a atual”, afirma Fraiser, uma professora assistente de geociencias. Faz sentido, diz ela. A maior erupção vulcânica contínua da Terra – conhecida como as “Armadilhas Siberianas” – estiveram exalando CO2 por cerca de um milhão de anos antes da extinção em massa Permiano-Triássica.
A escala de tempo mostra o intervalo de tempo entre a extinção em massa Permiano-Triássica e a menos grave extinção em massa que eliminou os dinossauros. |
A extinção Permiano-Triássica varreu 70 por cento da vida na terra e perto de 95 por cento no oceano – quase tudo exceto os bivalves e um pequeno número de gastrópodes (caracóis).
O C02 é um gás de efeito estufa que influencia as temperaturas globais. Porém, afirma Fraiser, de acordo com o registro fóssil, altos níveis de C02 e os correspondentes baixos níveis de Oxigênio causam muito mais do que isso.
A hipótese se desdobra da seguinte maneira: Altos níveis de CO2 aumentariam as temperaturas, resultando em um aquecimento global em larga escala. Sem água fria nos Polos, a circulação oceânica teria estagnado. Os oceanos teriam se tornado pobres em Oxigênio, matando a vida nas águas mais profundas onde não havia a oportunidade para a água se misturar com o pouco Oxigênio restante na atmosfera.
Mais Dióxido de Carbono teria sido criado, à medida em que formas de vida iam morrendo e os micróbios os fossem decompondo, o que, por sua vez, teria criado o venenoso Sulfeto de Hidrogênio. Os oceanos teriam se tornado um coquetel inabitável.
Acompanhamento do CO2
De fato, muitos eventos de CO2 ocorreram na escala de tempo geológica e eles, literalmente, deixaram sua marca.
“Pode-se ver onde as rochas se tornam escuras”, diz Fraiser, apontando as camadas multicoloridas em uma amostra fóssil do período. “Isto é uma indicação de baixos níveis de Oxigênio na época. Estes são de locais que estavam submersos no início do Período Triássico”.
Fraiser, que acabou de concluir seu primeiro ano na UWM, é titular de uma de várias novas cadeiras de geociências e seu emergente programa de paleobiologia.
Ela coletou amostras fósseis dos sobreviventes do período nos locais onde hoje são a China, Japão, Itália e o Oeste dos Estados Unidos. As semelhanças entre os fósseis de todos esses lugares foi surpreendente.
“É algo inesperado ver isso”, afirma Fraiser. “Parece que esses bivalves e gastrópodos foram os únicos sobreviventes em todo o mundo”.
Eles possuíam todas as características certas para tolerar a falta de Oxigênio, diz ela. Eles eram pequenos habitantes de águas rasas, com um alto metabolismo e formato chato que lhes permitia se espalharem para extrair mais do limitado Oxigênio quando se alimentavam.
As condições tóxicas também inibiam a vida marinha em produzir conchas. O tamanho, de repente, tornou-se significativo para os moluscos e somente os muito pequenos sobreviveram, erodindo a cadeia alimentar marinha.
Recuperação ultra lenta
À medida em que organiza os registros rochosos de logo após a extinção em massa Permiano-Triássica, Fraiser também desenterrou indícios que explicam porque levou tanto tempo para a vida se recuperar. A resposta parece ser mais do mesmo: os níveis de CO2 permaneceram altos por muito tempo após a matança inicial.
“ Após outros eventos de extinção em massa na Terra, a vida ressurgiu dentro de 100.000 a um milhão de anos”, diz ela. “Mas com a extinção em massa Permiano-Triássica, nós não vemos uma recuperação por 5 milhões de anos. Existe uma complexidade e diversidade ecológica muito baixa por todo este tempo”.
Outro aspecto intrigante deste intervalo da história da Terra, diz Frasier, é que, de acordo com o registro das rochas do Triassico, ele foi limitado por dois eventos de CO2.
O primeiro foi o desaparecimento dos recifes de coral. “Esta falta acionou o alarme”, diz ela. “Isso era o que indicava que os níveis de C02 estavam elevados”.
No final, grandes comunidades de bivalves prevaleceram em números tão grandes que eles formaram seus próprios recifes.
O mapeamento de Fraiser do “efeito dominó” do CO2 na vida marinha do Triássico inicial tem valor para o estudo científico das alterações climáticas atuais, afirma o Professor de Geologia da UWM John Isbell.
“O sitema da Terra não se importa de onde vem o CO2”, diz Isbell. “Ele vai responder da mesma maneira”.
Atualizando a matéria em 07/09/2007:
Por favor, consultem o artigo “O fim de (minha) igenuidade ambiental da Lúcia Malla. Principalmente a seçâo dos comentários.
Physics News Update nº 837
ANTENA NUCLEAR. Um novo cálculo mostra que Raios-X, produzidos em máquinas planejadas ou em construção, podem ser convertidos em raios Gama ou outras partículas, usando um processo análogo ao que acontece quando ondas de rádios batem em uma antena.
Em uma antena convencional, as ondas de rádio excitam o movimento de elétrons ao longo de uma região extensa; por exemplo, em uma antena de telhado, a interação dos elétrons com as ondas de rádio incidentes são espalhadas pelo comprimento da antena, tipicamente um metro ou mais. A excitação concertada dos elétrons é então amplificada em um sinal com mais energia em um circuito sintonizado em um aparelho receptor de rádio.
Michael Kuchiev, um físico da University of New South Wales, Austrália, produziu um equivalente nuclear de tudo isto, um processo no qual Raios-X podem interagir em uma “antena” e serem “amplificados” em uma nova forma de energia — na forma de partículas. Fazer isto necessita apenas das circunstâncias adequadas.
A teoria da Eletrodinâmica Quântica (quantum electrodynamics = QED) sugere que tal conversão de luz laser, nas vizinhanças de um núcleo atômico, pode ocorrer em fortes campos elétricos, da ordem de 1018 V/m e densidades de potência laser de mais do que 1029 W/cm².
Tais condições podem ser alcançadas no futuro “x-ray free electron laser” (FEL). Nesse tipo de ambiente, com intensos campos elétricos de laser interagindo com o campo elétrico estático de um núcleo atômico, a uma distância de 10-4 nm, a absorção sucessiva de centenas ou milhares de fótons de laser pode ser transformada em um par elétron-posítron. Este tipo de produção de pares é inteiramente esperado na próxima geração de fontes de Raios-X.
Porém, de acordo com Kuchiev, outras coisas interessantes podem ser esperadas. O par elétron-posítron ainda fica imerso no potente campo elétrico, diz ele, e pronto para absorver ainda mais energia (de modo análogo ao movimento concertado de elétrons sendo amplificado em um sinal utilizável em um rádio), tanta energia que o par elétron-posítron pode ser até transformado em um par de múons, os irmãos mais pesados dos elétrons (ver figura em http://www.aip.org/png/2007/287.htm). Com efeito, o fenômeno da antena nuclear seria como ter um colisor elétron-posítron do tamanho de um átomo.(Physical Review Letters, artigo em publicação)
RESULTADO GRAVITACIONAL DO TERREMOTO MORTAL. Cientistas da Universidade do Texas usaram um par de satélites para medir as deformações sísmicas produzidas na Terra durante e após o enorme terremoto em Sumatra/Andaman de dezembro de 2004, aquele associado ao tsunami que matou centenas de milhares de pessoas nas costas do Oceano Índico.
A Experiência de Recuperação de Gravidade e Mudança Climática (Gravity Recovery and Climate Change Experiment = GRACE) consiste em dois satélites em órbita da Terra. O espaçamento relativo entre os dois satélites, monitorado continuamente, pode ser alterado pelas sutilezas das modificações gravitacionais disparadas pelo movimento dos objetos maciços por baixo deles. Isto pode significar grandes mudanças em águas terrestres e lagos, mudanças nos níveis dos mares, derretimento de calotas polares ou mudanças no leito do oceano, causadas por terremotos. Essencialmente, GRACE mapeia o campo gravitacional da superfície da Terra antes e depois de um terremoto. No caso do terremoto de Sumatra/Andaman, vários detectores estavam em funcionamento, mas somente GRACE pode medir e mapear a ruptura oceânica ao longo de toda sua extensão de 1.800 km, a partir do espaço (ver o mapa GRACE em http://www.aip.org/png/2007/288.htm).
Eles puderam fazer este mapa ao longo da duração do terremoto e depois, quando a Terra diminuiu sua ressonância sísmica. Um dos pesquisadores, Jianli Chen, diz que a missão de maior sucesso de GRACE, até agora, foi monitorar as modificações nas reservas de água da Terra e o derretimento das calotas polares, e, desta forma, é uma das mais importantes sentinelas que vigiam potenciais mudanças climáticas (Chen et al., edição corrente de Geophysical Research Letters; website: http://www.csr.utexas.edu/personal/chen/)
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Physics News Update nº 836
PULSO ELÉTRICO DE FEMTOSSEGUNDO ATIVADO POR LUZ. Cientistas no Canadá imaginam o uso de campos eletromagnéticos de luz laser para induzir e reverter pequenas correntes elétricas ao longo de fios moleculares, sem o uso da aplicação de uma voltagem aplicada através das pontas. Eles conseguiriam este feito mediante a aplicação de pulsos de laser especiais, contendo ondas de luz em duas freqüências diferentes, sobre uma molécula de poliacetileno, usada como uma junção entre dois fios metálicos em ambas extremidades ( ver figura em http://www.aip.org/png/2007/286.htm). Dependendo das exatas freqüências usadas, a duração em tempo do pulso e a relação de fase entre as duas componentes da luz, o pulso induzido de fluxo elétrico poderia consistir desde um único elétron, até muitos. Para o caso de um elétron posto em movimento pelo pulso laser de 400 femtossegundos, a “corrente” elétrica resultante seria de cerca de 0,4 microamperes.
Por que usar luz, no lugar de voltagem, para ativar eletricidade? Porque isto pode ser feito com lasers na escala de femtossegundos. Ignacio Franco diz que um uso potencial de eletricidade ativada por laser seria em futuros dispositivos optoeletrônicos tais como nanocomutadores utra-rápidos. (Franco, Shapiro e Brumer, Physical Review Letters, artigo em publicação)
OBSERVANDO POLARIZAÇÃO MAGNÉTICA EM ÁTOMOS SINGELOS. Físicos, da Universidade da Califórnia em Berkeley e no Laboratório de Pesquisas Naval, conseguiram medir as propriedades de spin de átomos individuais adicionados a uma superfície metálica. Eles fizeram isto, primeiro formando ilhas triangulares, na escala de nanômetros, de Cobalto por sobre um cristal de Cobre. O Cobalto é ferromagnético, o que significa que os spins dos átomos de cobalto nas ilhas se alinham todos para cima juntos (metade das ilhas tem seus spins coletivo apontando para cima, enquanto a outra metade aponta para baixo).
Átomos adicionais (adátomos = adatoms = aditional atoms) magnéticos, pulverizados em cima das ilhas têm sipns que interagem magneticamente com o Cobalto subjacente, fazendo com que os spins dos adátomos ou se alinhem ou contra-alinhem com os spins das ilhas subjacentes. Assim, quando uma pequena quantidade de átomos de Ferro (também foram usados átomos de Cromo) é despejada sobre as ilhas, eles imediatamente se tornam orientados (polarizados) pelo contato com uma ilha de Cobalto. Desta forma, átomos isolados (até 5 nm de separação) foram preparados com um estado de polarização definido (ver figura em aip.org/png/2007/285.htm).
A seguir, os níveis quânticos de energia dos adátomos magnéticos foram estudados, usando-se uma ponta de um microscópio de tunelamento (scanning tunneling microscope = STM), o qual tinha sido, ele próprio, magnetizado. Os níveis de energia quântica dos adátomos de Ferro e Cromo foram amostrados mediante a observação das correntes que fluiam dos adátomos para a ponta do STM. A corrente medida assim será maior ou menor, dependendo da polarização do spin da ponta estar alinhada a favor ou contra cada adátomo individual observado.
Os estados de energia dos adátomos são vistos de maneira diferente para estados de spin-up e spin-down, indicando que os átomos de Ferro e Cromo se acoplam magneticamente ao Cobalto com polaridade oposta. Um dos pesquisadores, Michael Crommie, da UCB, diz que ainda é muito cedo para tentar armazenar dados na forma de átomos individualmente polarizados. Em lugar disto, eles estão procurando compreender como o spin de um átomo individual é influenciado por seu ambiente, com vistas a aplicações futuras em spintrônica e aplicações informáticas. (Yayon et al., Physical Review Letters, 10 de agosto de 2007; website do laboratório: http://physics.berkeley.edu/research/crommie/)
BEN STEIN, co-editor do Physics News Update, quase que desde seu surgimento, 17 anos atrás, deixou a AIP para assumir um importante cargo de informação pública no NIST-Gaithersburg. Durante seus anos na AIP, ben foi uma figura importante no funcionamento da sala de imprensa de grandes encontros da AIP, no estabelecimento de técnicas de comunicação externa inovativas, tais como “salas de imprensa virtuais” (e.g., http://www.acoustics.org/press/index.html#t01), e na publicação dos resultados das pesquisas das sociedades-membros da AIP em geral.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.