Tamanho…com tamanho se paga!


Para alguns morcegos a vantagem sexual tem o seu preço – maiores órgãos sexuais, cérebros menores. Complementarmente verificou-se que espécies de morcegos em que as fêmeas são promíscuas, os machos apresentam orgãos sexuais maiores.

Na semana passada foi publicado um artigo (Mating system and brain size in bats. Proceedings of the Royal Society of London, Series B.) que analisou 334 espécies de morcegos (à excepção dos roedores, os morcegos são o grupo de mamíferos mais diversificado) e constatou que os morcegos com maiores cérebros apresentavam testículos mais reduzidos.
Os investigadores referem que esses dois órgãos necessitam de grandes quantidades energéticas para se manterem e renovarem.
Assim as espécies de morcegos necessitam de optar, com vista a atingir um balanço óptimo. Este facto – gestão energética – é fundamental para todos os animais, mas para os morcegos ainda mais. Devido ao seu modo de vida – voam – e apresentam uma grande superfície corporal, devido às membranas alares, as perdas energéticas são muito grandes.
Os investigadores igualmente constataram que em espécies cujas fêmeas eram promíscuas (mais do que um parceiro) os respectivos machos apresentavam maiores testículos. Em espécies em que se verifica a “fidelidade” da fêmea observou-se o inverso.
Curioso é o facto de os cientistas terem previsto que os machos de fêmeas promíscuas devessem ter cérebros maiores, para evitarem serem “enganados”. Verificaram o oposto. Segundo os autores deste estudo a monogamia deverá ser um comportamento mais exigente a nível neurológico do que se pensava.
Não pude deixar de sorrir…

Diz-nos uma das leis da Evolução – Lei de Cope – que os animais têm tendência para aumentar de tamanho ao longo do tempo, dentro de uma linhagem.
A lei de Cope, apesar de ter mais de um século de existência, é actualmente ainda pouco conhecida.
O aumento de tamanho, implícito na Lei de Cope, supõe vantagens evolutivas
Entre as vantagens evolutivas de um maior tamanho contam-se a defesa contra predadores bem como vantagem na predação, maior longevidade, vantagem intraespecífica (entre membros da mesma espécie) e interespecífica (de diferentes espécies), entre outras,
Mas ser grande acarreta também alguns problemas – os animais necessitam de maior tempo de desenvolvimento (quer pré- quer pós-natal), de maiores quantidades de comida bem como susceptibilidade à extinção – como apresentam tempo entre gerações maior têm menor capacidade para se adaptarem a alterações ambientais.

A Natureza não pára de assombrar.
Não a podemos interpretar de forma antropocêntrica, especialmente quando discutimos comportamentos animais.
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 26/01/2006)

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