Na Patagónia – V (continua)
Não houve um único dia que não tivesse acordado gelado. A amplitude térmica varia entre os 28º-30º C durante o dia e os cerca de -8ºC à noite. Estas variações contribuem igualmente para o carácter inóspito da região e para aumentar o cansaço da expedição.
Rodolfo Coria incitava o grupo dizendo que hoje lhe parecia um dia prometedor – para nós portugueses esta campanha já havia superado as expectativas. O referencial é completamente distinto entre os dois lados do atlântico – deixarmos no campo alguns fósseis em Portugal seria um pecado paleontológico.
Não sei se foi o sexto sentido paleontológico ou uma informação de campanha anterior o certo é que neste dia Coria “trouxe” à luz do dia três dentes de terópode (dinossáurio carnívoro) e uma mandíbula de crocodilo.
Nesta área (a cerca de 100 km de Plaza Huincul) foram encontrados diversos ovos de saurópodes e os primeiros com embriões preservados, alguns deles com fragmentos de pele preservada. A primeira vez que os vi e estudei não pude deixar de me sentir arrepiado com o grau de preservação dos tecidos – pareciam que tinham acabado de ser postos e a qualquer momento iriam eclodir!
Com todas estas descobertas compreende-se o grau cada vez maior de exigência nas descobertas para que mantenham estes investigadores com ânimo.
Ao fim da tarde e animados com as descobertas do dia permitimo-nos parar no topo do Cerro e admirar a vista deslumbrante que tínhamos a nossos pés. Quilómetros e quilómetros de planície de vegetação rasteira, apenas sulcados com caminhos rectilíneos abertos pelos trabalhadores das companhias petrolíferas.
(Continua)
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