Na Patagónia – VI (continua)
Hoje escavei com Rafael Cocca, do Museo de Zapala e Marina Alegria, do Museo Carmen Funes. É a única mulher preparadora num ambiente quase exclusivamente masculino e foi ela que preparou os embriões de saurópodes descobertos em Auca Mahuida (informalmente chamada a partir daí Auca Mahuevo). Desenvolveu uma relação tão forte, ao longo das centenas de horas de trabalho, com os seus pequenos sáurios que inclusivamente os baptizou – Filipe, Pepe, etc. Baixa e de uma energia inesgotável fala dos seus pequenos “bebés” com um carinho enorme, como se fossem os seus animais de estimação. Apercebo-me que aqueles animais desaparecidos, pelo prazer e curiosidade científica aliados a uma imensa sensibilidade, podem ser “ressuscitados”.
Enquanto procedíamos à prospecção e escavação de alguns fósseis, contaram-me um pouco da história desta região e da fundação de Plaza Huincul. No final do séc. XIX esta era uma área que se encontrava sob forte colonização. Inicialmente eram estabelecidos fortes militares que serviam de guarda-avançada aos colonos que posteriormente se instalavam. A prévia instação militar justifica-se pela existência de indígenas Mapuche. Carmen Funes era uma mulher que acompanhava algumas dessas expedições de conquista do território patagónico. Numa delas decidiu estabelecer-se aqui e começar uma vida tendo casado com um dos militares.
O casal estabeleceu uma hospedaria e, diz a lenda, que o seu marido foi morto pelos Mapuche numa das constantes refregas.
No início do séc. XX, e devido ao desenvolvimento da extracção petrolífera, Plaza Huincul ter-se-à desenvolvido só adquirindo o carácter de Município nos anos 60 após ter expirado a concessão, pela companhia petrolífera YPF, da exploração das terras onde a cidade crescia.
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