A importância de se chamar primata ou Teilhardina magnoliana

O Teilhardina magnoliana é um pequeníssimo vertebrado com 55.8 milhões de anos (MA).
A sua importância reside em ser o mais antigo primata do sub-continente norte-americano.
Para além de dar informações sobre a história evolutiva dos nossos parentes mais próximos (este é um antepassado comum a todos os seres humanos, chimpanzés, gorilas e outros primatas) permite inferir o seguinte:

-sobre o “campeonato” dos mais antigos primatas, neste momento “liderado” pelo Teilhardina asiatica, espécie descoberta em 2004 na China e de um género já conhecido a partir de exemplares descobertos na Bélgica – Teilhardina belgica.
Apesar de ter suscitado alguma controvérsia aquando da sua descoberta, o T. asiatica permitiu avançar com a hipótese de uma passagem entre a Ásia e a Europa, já que este animal apresentava muitas semelhanças com a espécie belga.
Há cerca de 55MA, a Europa encontrava-se separada da Ásia pela existência de um mar interior, actualmente desaparecido, que se estendia de norte a sul.

A espécie asiática, para além da sua idade provecta, apresentava ainda outra característica peculiar: as suas órbitas eram de tamanho reduzido, permitindo assim avançar com um modo de vida diurno, ao contrário da maioria dos primatas primitivos.

-sobre as migrações destes ancestrais primatas. Terá existido uma passagem continental entre a Ásia e a América que permitiu à nova espécie T. magnoliana migrar da Ásia para a América, numa zona que corresponderá aproximadamente ao estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca.

Estas espécies de primatas primitivos viveram numa época da história da Terra em que se verificou um máximo de temperaturas, o denominado Máximo Térmico do Paleocénico/Eocénico – os dois períodos em causa – e que terá sido um dos factores que originaram a extinção de muitos animais e plantas entre o períodos referidos.

Em resumo:
-registo do mais antigo primata norte-americano;

-informações bio e paleogeográficas sobre uma passagem entre a Ásia e a América, que actualiza a informação anterior sobre a chegada dos primatas à América – da Ásia via Europa (pela Gronelândia).

Referências
Beard, C. 2008. The oldest North American primate and mammalian biogeography during the Paleocene-Eocene Thermal Maximum. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 10.1073/pnas.0710180105

Ni X, Wang Y, Hu Y, Li C.2004. A euprimate skull from the early Eocene of China. Nature. Jan 1;427(6969):22-3.

Thierry Smith, Kenneth D. Rose, and Philip D. Gingerich. 2006. Rapid Asia-Europe-North America geographic dispersal of earliest Eocene primate Teilhardina during the Paleocene-Eocene Thermal Maximum. PNAS vol. 103 no. 30, 11223-11227

http://caisdegaia.blogspot.com/2006/07/de-salto-em-salto-da-sia-at-amrica.html

Ilustrações – Mark A. Klingler/Carnegie Museum of Natural History; Smith et al. 2006

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