Discurso

Prometi a mim mesmo deixar passar mais uma semana antes de por os pontos nas teclas.
Para variar, falhei.
Dois factos me marcaram nesta fase pós-obamiana.
O primeiro, foi a leitura – já o havia escutado mas nada como as palavras… – do discurso de Barack.
Nasceu-me uma vontade de alindar o correio dos meus representantes políticos com as palavras do recém-eleito.
Pensará a maioria dos que me lêem, em especial os mais velhos e sabidos, que o que direi em seguida é fruto de um encantamento utópico ou, quiçá, que estarei anestesiado pelo espírito messiânico que alguns vivem nos dias que passam.
Talvez.
Mas a verdade é que parte dos dinheiro que pago a quem politicamente me representa deveria ser empregue em apontar caminhos, animar as hostes e, sobretudo, fazer sonhar.
Porque, meus caros, ainda vale a pena sonhar.
Esta é a principal, senão a única, virtude do discurso de Barack Obama.
Colocar o acreditar outra vez na agenda.
E é precisamente isso, entre outras competências, o que falta à classe política portuguesa.
Que nos faça acreditar.
Que sonhemos.
Como povo.

O outro facto que me emocionou foram as enormes filas de pessoas que queriam comprar o jornal no dia seguinte eleição. Para recordar. Para oferecer à família. Um dos que escutei e vi afirmou querer preservar o jornal do dia para o dar à filha, agora com dois anos, para a agora analfabeta o leia no futuro.
Transmitido de geração em geração.
Emocionei-me, porque esse objecto, apontado tantas vezes como condenado à extinção qual espécie não adaptada, serve de elo geracional.
De transmissão daquilo que, sobretudo, nos demarca das demais espécies.
Informação.

Imagens – daqui e daqui

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