O Museu e o Mercador

Num momento de indefinição quanto ao papel do Museu Nacional de História Natural (MNHN) irá desempenhar na futura reorganização da Universidade de Lisboa, o MNHN perdeu um excelente oportunidade de desempenhar um papel importantíssimo na preservação do património paleontológico e liderar a preservação do património natural.

Qual a posição do MNHN sobre os factos relatados na notícia abaixo citada?
Porque não interveio o MNHN nesta situação?

Oportunidades perdidas pelo MNHN de mostrar à Universidade de Lisboa que está enganada, quando esta o pretende ignorar.

“Vende-se cauda de dinossauro O anúncio – colocado na secção de ‘Antiguidades’ do site do jornal de classificados ‘Ocasião’ – explica que se trata de um “dinossauro, espinha dorsal 90% completa.”
Correio da Manhã – 21 Novembro 2008 – 00h30
Feita a chamada para o telemóvel mencionado no anúncio, Gonçalo Ribeiro, o dono do achado confirma que não é brincadeira: “Tenho um esqueleto de um dinossauro herbívoro que encontrei há cerca de dez anos, quando fazia umas terraplanagens.” Garante “já ter recebido várias ofertas “, mas só não vendeu “por ainda não ter encontrado alguém disposto a pagar um preço justo e que dê garantias de dar um uso correcto ao achado”. Não quer dizer onde foram encontrados os ossos, mas o CM sabe que estavam no concelho do Cadaval. Sem querer adiantar qual o valor que considera justo para vender, Gonçalo Ribeiro confirma que “já recusou uma proposta de cem mil euros de uma autarquia da Região Oeste, por achar que era pouco”. O paleontólogo Octávio Mateus, perito da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, já analisou o esqueleto. “É uma cauda e um perónio de um sauropode, mas não quero fazer considerações sobre o seu valor porque não acho correcto que esteja a ser vendido”, disse ao CM. O cientista escreveu mesmo uma carta ao ‘Ocasião’ a pedir que o anúncio fosse retirado, mas não teve resposta. E lamenta que “a lei não proteja os achados paleontológicos como acontece com os vestígios arqueológicos”.”

Actualização (25/11/2008)

Pelos vistos orgãos de comunicação não portugueses já pegaram no assunto…curioso o silêncio do MNHN.

TelegraphDinosaur tail sale sparks anger in Portugal

The Windsor Star – Portuguese dinosaur tail’s sale sparks controversy

Discussão - 4 comentários

  1. Olá Luís,Já desde os princípios do iluminismo que se diz: "não interessa quem profere o argumento, o que intressa é que seja proferido"! O que é realmente necessário é que todos reflictamos e tomemos uma posição: a venda de fósseis é um CRIME. É preciso uma tomada de consciência generalizada sobre este problema e passar do que é hoje indignação, para uma lei escrita no papel amanhã.Abraço,Ricardo Araújo

  2. Olá Ricardo!Duas coisas:1- interessa quem profere ou quem omite o argumento, em especial quando são instituições que têm particulares responsabilidades no assunto, neste caso o MNHN;2-"a venda de fósseis é um CRIME." Discordo.Não me parece que toda a venda - para diversos fins, entre didácticos, coleccionismo, estéticos - deva ser proibida. Como tu muito bem sabes, existe um conjunto grande de fósseis que, pela sua quantidade relativa, pode ser perfeitamente objecto de comércio, troca, etc.O que me parece indispensável é que os critérios que permitam ou não esse comércio sejam legislados, bem como que devam ser estipulados e fiscalizados por profissionais, neste caso paleontólogos.E é essa a lacuna no sistema legislativo português: não há enquadramento nem fiscalização.AbraçoLuís Azevedo Rodrigues

  3. Olá Luís,Demorou, mas já está... Fiz uma resposta às tuas reacções ao meu último comentário, mas a minha manifestação não se restringe a isso, por favor dá uma vista de olhos: http://lusodinos.blogspot.com/.Abraço,Ricardo

  4. Caro Ricardo,Quando arranjar algum tempo, comentarei o teu post; concordo com a maioria do que que afirmas mas existe um outro tanto que estou em desacordo.Apesar disso, parece-me um post oportuno e interessante para um debate fundamental.AbraçoLuís Azevedo Rodrigues

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