Nos jardins de Burle Marx
Esta semana o paisagista Roberto Burle Marx teria completado um século de existência. Felizmente, suas obras de arte – a maior parte delas na forma de jardins – continua a trazer beleza e poesia à vida de quem passa por elas.
No caminho de ser pintor, Burle Marx por acaso descobriu o esplendor das plantas brasileiras. Depois disso se embrenhou pelas matas, aprendeu um bom tanto de ecologia vegetal e trouxe a natureza tropical para mais perto das cidades brasileiras.
São dele o projeto paisagístico do aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, os desenhos em pedra portuguesa do calçadão de Copacabana, o Eixo Monumental de Brasília (onde estão os belos jardins do Palácio do Itamaraty e da Justiça). E os jardins da sede carioca do Instituto Moreira Salles.
Para comemorar o centenário, o Instituto Moreira Salles planejou uma exposição “Burle Marx por Gautherot” e fará passeios guiados pelo jardim. Tive a sorte de participar escrevendo o texto do Guia dos jardins de Roberto Burle Marx no Instituto Moreira Salles. A capa, acima, reproduz um desenho do jardim a guache feito pelo próprio paisagista. O lindo projeto gráfico é da Elisa (no blogue dela tem mais fotos do guia, além de muitas outras coisas bonitas). Adorei trabalhar com ela, aliás.
Foi delicioso fazer esse projeto, a começar pela oportunidade de conhecer o jardim um pouco mais a fundo. Tive o privilégio de ter uma visita guiada por Haruyoshi Ono, a quem Burle Marx passou a direção de seu escritório de paisagismo já uns dez anos antes do fim da vida.
Haruyoshi (que assume sua identidade secreta quando crianças o abordam perguntando se é o sensei Miyagi do filme “Karate kid”) mostrou recantos, apontou conceitos que se perderam ao longo dos anos em que a manutenção passou de mão em mão, explicou um pouco do que há por trás de se pensar um jardim.
Vale uma viagem ao Rio para visitar o jardim. Depois me contem se o guia ajudou a encontrar recantos e descobrir detalhes.
Haruyoshi Ono junto ao laguinho com mural de Burle Marx (faltam as ninfeias que, segundo o projeto, deveriam ocupar a superfície da água com suas folhas em forma de disco e flores de quatro cores).
Discussão - 3 comentários
Durante o breve período em que morei no Recife, tive o privilégio de passar diariamente ao lado da Praça de Casa Forte, belo projeto de Burle Marx, creio que ainda de sua juventude. Belo post.
ítalo, segundo o livro “nos jardins de burle marx”, de jacques leenhardt, Recife é privilegiada.
entre 1934 e 1937 o “Diretor do Departamento dos Parques e Diversões de Recife, responsável pela restauração de vários jardins públicos, Roberto Burle Marx constrói o primeiro jardim ecológico do Brasil.” Foi o segundo trabalho dele.
em 1951, Praça Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira
1957, Aeroporto dos Guararapes
1968, Fortaleza Pau Amarelo, para o Comitê Executivo do Serviço Nacional do Patrimônio Artístico e Histórico
1969, residência José de Oliveira e Banco do Desenvolvimento de Pernambuco
1972, parque paisagístico do campus da Universidade Federal de Pernambuco, sede da Sudene
1973, Parque do Cemitério, residência Elmir Glasner de Barros
1974, Companhia de Eletricidade do Estado de Pernambuco
1976, plano para o edifício Le Corbusier, Indústria e Comércio Sotave Nordeste
1977, Palácio dos Congressos e Exposições do Estado de Pernambuco
1978, residência Glauco Carneiro Leão
1982, Centro Social Tecanor
1983, Centro Administrativo Banorte, Banco Safra, Hotel Mar
1984, residência José Goiana Leal
não encontrei a praça de casa forte passando os olhos pelo livro, então não sei quando foi feita…
Eu amo os jardins de Burle Marx …São belíssimos,maravilhosos…