Extraterrestres por todo lado
Na reportagem de capa da revista Pesquisa deste mês, conversei com alguns estudiosos do espaço sobre possibilidades de vida fora da Terra. O assunto é absolutamente fascinante, sobretudo quando se conversa com pessoas que acham bem provável que a vida esteja disseminada pelo Universo.
Mas não se trata de homens verdes nem monstros gosmentos. Nem micropatos, como na história do tio Patinhas que o Douglas Galante me mandou. Mais provavelmente seriam microrganismos. Quem diz ser possível é a bactéria Deinococcus radiodurans, que sobrevive a níveis inacreditáveis de radiação e, se as condições experimentais revelam algo, talvez faça viagens interplanetárias agarrada a grãos de poeira.
Quando estava escrevendo, ouvi num episódio do dispersando o Fábio Almeida comentar sobre um conto que parecia caber como uma luva na história que eu queria contar. Enchi o saco de meio mundo e achei. Ou melhor, o John Wieczorek, amigo de Berkeley, recrutou a ajuda de mais um amigo e me mandou o resumo de “Pictures don’t lie”, publicado por Katherine MacLean em 1951. E que também deu origem, em 1962, a um episódio para a série de televisão “Out of this world”, apresentada pelo ator Boris Karloff.
Conto aqui rapidamente. Quem não quiser saber a história, pode pular este parágrafo. Os tais extraterrestres interceptam o sinal da televisão e aparecem pedindo permissão para visitar. Vendo pessoas parecidas conosco e falando uma língua compreensível (inglês, claro), o representante do governo obviamente aceita. Combinam tudo direitinho, vão se comunicando ao longo do caminho. Mas quando a nave pousa, não encontra o comitê de recepção. Nem os terráqueos veem os visitantes, que acusam os anfitriões de lançá-los numa armadilha, um pântano cheio de monstros que começam a devorar a nave. Pois os monstros, descobre-se no fim, eram protozoários.
O Igor achou uma sensacional versão radiofônica, que vale muito a pena para quem tem os ouvidos treinados pro inglês (ou quer treiná-los). Para um pouco da ciência que alimenta a ficção, não esqueça minha matéria!
A onda do aborto
De repente só se fala de aborto. Abortamento, explicou o Karl. Tem outra ótima análise no Brontossauros, e o Osame também entrou no assunto aqui e aqui.
Eu andei muito mal-humorada com o tema. Não por considerá-lo irrelevante, mas por ser completamente inoportuno: numa eleição presidencial, serve apenas como embate moral. E como manobra de distração. A opinião de um presidente não tem o menor efeito sobre essa legislação. Infelizmente, as pessoas não parecem tão preocupadas com isso quando se trata de eleger deputados e senadores – que, esses sim, apitam sobre o assunto.
Mas me rendo, não por ter algo novo a dizer. Porque garimpando nos arquivos deste blogue achei dois textos que são pecinhas do debate. Um da Suzana Couto, autora do ciência e ideias que teve de se retirar por questões profissionais. Por isso está apenas na nossa casa antiga, um motivo a mais para trazê-lo para cá. E outro meu sobre aborto seletivo na Índia.
Reler os textos me deu vontade de aproveitar que o tema está em pauta para recolher mais opiniões.