Oportunidades em universidades fora de circuito

Ah, a vida no campo... Fonte: lakewoodveterinary.com

Ah, a vida no campo…

Na Nature dessa semana a seção de carreiras trouxe uma matéria simpática sobre as oportunidades que pequenas universidades fora dos grandes centros urbanos podem oferecer. Faremos aqui um paralelo entre a realidade apresentada pelo artigo para o exterior e o que vemos aqui no Brasil.

Tal qual a matéria coloca, muitos doutorandos brasileiros ignoram as possibilidades de carreira em instituições menores. Muitas delas nem são conhecidas (tanta gente que conhecemos não sabe que a UNEMAT existe), outras tantas foram fundadas recentemente em programas como o ReUni. Universidades menores são uma oportunidade real de emprego para pessoas interessadas no ensino e as vagas são frequentes. Até um emprego de tempo parcial (professor substituto), que permita conciliar com a continuação da qualificação, é possível.

O público desses cursos não é tão distinto do de outras universidades, pelo menos não tanto quanto o público descrito para as universidades americanas. Enquanto lá fora a maior parte dos alunos são pessoas mais velhas, já com uma graduação ou com anos de mercado de trabalho que resolvem ingressar no ensino superior; aqui os alunos têm idades similares aos de universidades maiores e recém saíram do ensino médio. O nível cultural ou a qualidade da educação básica podem ser um pouco inferiores.

Os salários dependem da carga horária assumida e da situação e titulação do professor, eles variam enormemente entre instituições. Só para dar uma ideia, um professor substituto com apenas o mestrado e dedicação de 20 horas semanais recebe cerca de R$ 3000,00, enquanto um professor efetivo com dedicação exclusiva e doutorado recebe por volta de R$ 7000,00. Algumas instituições investem inclusive no salário como uma forma de fixar seu quadro de professores.

Com relação à pesquisa, os contrastes com as universidades americanas é ainda maior. E pende em nosso favor! Enquanto nos EUA a pesquisa nas universidades pequenas do interior, lá chamadas de Community Colleges, é quase inexpressiva e foca principalmente a pesquisa em educação, aqui o professor é estimulado a pesquisar como em qualquer outra universidade. É verdade que nas universidades menores a infraestrutura para tal costuma engatinhar, o que dificulta alguns trabalhos e linhas de pesquisa. Aparelhar adequadamente um laboratório será um desafio para o professor que ingressa. Também aos professores substitutos fica facultado se engajar numa linha de pesquisa já existente, mas dificilmente ele terá oportunidade de propor seu projeto independente e de orientar graduandos. O mesmo vale para cursos de pós-graduação, alguns existem, mas a insipiência e a falta de tradição são obstáculos. A pesquisa é estimulada, mas o maior enfoque é o ensino de graduação.

Ficou interessado? A seleção é feita através de concursos públicos (vagas efetivas) e testes seletivos (substitutos). O ideal é ficar de olho na página da instituição que te interessar, especialmente em janeiro, fevereiro e julho. Costumam ser cobrados uma prova escrita de conhecimentos na área do seletivo, uma prova didática na forma de uma aula de graduação e uma avaliação curricular que costuma valorizar mais experiência didática do que titulação e produtividade. Em termos curriculares, aliás, um período como professor substituto será um relevante upgrade na concorrência por uma vaga efetiva no futuro. A experiência vale a pena, especialmente para os que almejam uma carreira no ensino superior.

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