Anonimato do revisor e revisão às cegas

O padrão atual das revistas é ter revisores anônimos. Esse modelo é interessante na medida que permite expor suas críticas sem medo de represálias. No entanto o modelo permite ao revisor a chamada “síndrome dos pequenos poderes”, já que a decisão sobre o sucesso ou fracasso de uma pesquisa passa a depender, em certa medida, dele. Vale a pena lembrar-se que os papéis de revisor e autor são dois que se alternam rapidamente em nossa persona acadêmica. Gosto especialmente do site da Editorial Manager que mostra na mesma tela os trabalhos onde você aguarda o parecer de um revisor anônimo e os trabalhos de pessoas que aguardam o seu parecer. É um bom lembrete da transitoriedade desses papéis.

Lembre-se que os papéis de revisor e autor se alternam rapidamente (Imagem: grcorporate.com.br)

Em certas revistas, você pode considerar a possibilidade de se apresentar ao autor do trabalho. Mesmo os periódicos que garantem o anonimato do parecerista permitem que se abra mão dele, identificando-se. Mantenha, no entanto, um padrão coerente. Identifique-se sempre ou nunca. Identificar-se apenas quando você for todo elogios não é o ideal.

Outra opção considerada por 2/3 dos autores e pareceristas como desejável seria uma revisão duplo-cega (Ware, 2008). Nem o autor saberia quem é o parecerista, nem o contrário. No entanto, tirar do texto todas as pistas da autoria do manuscrito é muito difícil. A maioria dos periódicos que trabalham com o duplo-cego acabam caindo numa quimera de anonimato e revelação do autor que mais complica do que ajuda a avaliação do artigo.

Discussão - 2 comentários

  1. Anderson Arndt disse:

    O ideal seria se identificar e mesmo assim expor as críticas sem medo de represálias.

    • Eduardo Bessa disse:

      Num mundo ideal, né Anderson. Mas a mesma riqueza que a ciência ganha por ser feita por humanos, com suas virtudes e defeitos, ela perde por outro lado.

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