É cedo para pensar em se aposentar?

Boa parte dos pesquisadores que conhecemos são tão apaixonados pelo que fazem que pouco pensam na aposentadoria. Isto, no entanto é um erro. Planejar sua aposentadoria não significa que você odeia o que faz e está contando os dias para parar. Aposentar-se é o momento no qual você poderá escolher a que irá se dedicar mais. Você pode, por exemplo, pular as reuniões e as correções de provas e dedicar-se só ao laboratório, ou esquecer os relatórios de prestação de contas e passar os dias interagindo com jovens universitários com uma energia contagiante.

Invista na sua aposentadoria agora ou dedique anos de pesquisa para tentar voltar no tempo. Imagem: Universal Studios

E por que, mais do que nunca, os pesquisadores ligados a instituições públicas como universidades e centros de pesquisa devem se preocupar com aposentadoria? Com a lei 12618 de 30/4/2012, publicada a dois anos, um dos maiores atrativos do funcionalismo público deixou de existir: a aposentadoria integral. Isto claramente se deve ao inchaço da previdência. Para compensar esta perda todo funcionário público deverá passar a contribuir com uma previdência complementar. A magia dos juros compostos então é fundamental para garantir a menor contribuição atual que gere a maior renda no momento da aposentadoria.

Por exemplo, um funcionário com renda de R$ 8400,00 mensais no momento da aposentadoria perderia 25% do seu salário. Uma previdência complementar para repor esses 25% iniciada logo que o pesquisador começou a trabalhar precisaria de um investimento mensal de R$ 524,00. Se o pesquisador deixar para cuidar disso a apenas 10 anos de se aposentar precisará investir R$ 2900,00. Algo impraticável.

Os bancos já oferecem diversos produtos de previdência privada, embora as taxas de administração frequentemente sejam abusivas. Não deixe de negociar. Uma boa opção tem sido as previdências complementares dos próprios órgãos públicos. A esfera federal criou a Funpresp, o Estado de São Paulo tem a SP PREVCOM. Nessas entidades, cada investimento do trabalhador vem acompanhado de uma contrapartida governamental. Ela é de 100% na SP PREVCOM, por exemplo. Assim, um professor de alguma estadual paulista recém contratado poderia investir só R$ 262,00 mensais para garantir a restituição de seu salário total quando se aposentasse. Além disso, se você mudar de emprego pode levar consigo o que já investiu, incluindo a contrapartida do estado, ou até sacar o valor total.

Alguns estímulos extras. No momento da aposentadoria é frequente que os adicionais vinculados ao salário sejam perdidos, reduzindo ainda mais o poder aquisitivo do aposentado. Isso leva muitos professores a desistirem de se aposentar. Outra; mesmo com as recentes reformas na previdência, nossa projeção populacional prevê um futuro negro para o INSS. Não custa ser precavido e ficar um pouco independente dele. A última; é uma ilusão achar que com a idade nossos gastos diminuam. Confira com seu plano de saúde a mensalidade após os 60 anos ou faça uma enquete com alguns velhinhos próximos sobre os gastos mensais na farmácia.

Discussão - 1 comentário

  1. Maximus Gambiarra disse:

    Ser previdente é fazer previdência. Meu plano de aposentadoria privada permite fazer contribuições maiores que a contrapartida do meu empregador. Mas faz parte da minha preocupação reduzir os riscos. Então, o dinheiro "extra" eu prefiro investir de outras formas ou em fundos com outra administração.

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