A arte de saber cair

A arte não está em jamais cair, mas em saber se levantar e continuar. (Foto: culturamix.com)

O primeiro dia letivo de 2015 começou com um e-mail nada animador para mim (Eduardo Bessa). Recebi o parecer do editor-chefe de uma revista para a qual havia submetido um artigo e não havia nada de bom naquela mensagem. O editor de área que recebeu meu manuscrito afirmou que o trabalho não tinha o interesse amplo o suficiente, o estudo parecia preliminar e que o texto seria recusado sem nem passar pelos revisores para poupar meu tempo e o deles. Ainda sinto um gosto ruim na boca pensando no que ele disse.

O trabalho, que começou a ser planejado e desenvolvido em 2009, foi uma parte do meu doutorado, contou com uma parceria internacional, incluiu horas de mergulho em riachos gelados, um volume considerável de recursos (na maioria públicos, mas também próprios) investidos, o aprendizado de técnicas estatísticas novas em programas que não domino bem e dias diante do teclado redigindo, revisando e formatando o manuscrito para a revista. No momento da submissão não só eu estava cansado, mas também havia me apegado ao texto que submetia à avaliação.

É por isso que a pancada doeu. Quando recebemos críticas como essas, ao invés de ler que o texto será recusado, lemos que nós autores não somos bem-vindos ao clubinho. No lugar de entender que o manuscrito não apelava a um público abrangente o suficiente, pensamos que nós não somos interessantes. Em vez de entender que o estudo parecia preliminar, nos sentimos despreparados e iniciantes. Receber um feedback negativo abre uma fratura exposta narcísica! Um traumatismo craniano narcísico. Nossa primeira reação é nos trancarmos, rechaçarmos tudo o que lemos e tacharmos o pessoal da revista de idiotas, bem ao estilo da raposa e as uvas, mas de maneira nada madura.

Antes que esse post se torne um lamento, vamos à moral da história. Se você está na vida acadêmica, precisa estar preparado para levar esses tombos. O que distingue os bem-sucedidos dos fracassados não é a sorte, o talento ou a inteligência, é a determinação. É cair, mas conhecer a arte de saber cair. Ter a motivação para se levantar e tentar de novo. É sobreviver aos porcos. Porco é um acrônimo para os passos que levam ao seu sucesso: Pressão, Otários, Rejeição, Críticas e Objetivo. Para chegar ao seu objetivo você precisa passar por tudo o que virá antes: pessoas te pressionando, gente que só atrapalha, ser desprezado e ouvir falarem mal do que te tomou muito esforço. Só depois de sobreviver a tudo isso você terá o direito de atingir suas metas. Portanto, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Boa sorte!

Discussão - 1 comentário

  1. Roberto Berlinck disse:

    todas as artes marciais ensinam o mesmo princípio. Saber cair, saber levantar e continuar a luta. Quem sabe, no fim voce ganha.

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