Melhoramento Genético de Citrus

Publicado por Descascando a ciência em

Eu aposto que muitos de vocês adoram suco de laranja, mas poucos sabem sobre o melhoramento genético para que tenhamos aquele suco gostosinho em casa.

As variedades de citrus (laranjas, tangerinas, limões) precisaram passar um por esse processo de melhoramento ao longo dos anos para que se tornassem docinhas e saudáveis.

E é sobre isso que vamos falar hoje.

Doença das plantas de laranja

Existem várias doenças que acometem as plantas de citrus e causam a redução na produção de frutos, como é a tristeza dos citros, que deixa os frutos feios e indesejáveis para consumo.

imagem de uma laranja em desenho chorando

Para garantir nosso suco de laranja de cada dia, os pesquisadores melhoram as plantas, ou seja, passam características de plantas que são “resistentes” à determinada doença para os filhos, por meio de cruzamentos dos pais.

Isso mesmo que você leu, FILHOS! O melhoramento genético é como um casamento entre as plantas, que gera filhos mais fortes.

Melhoramento de plantas no CCSM

O trabalho da Dra. Mariângela Cristofani-Yaly, do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, é focado exatamente em melhorar as plantas.

Em 1997, no auge do “Amarelinho” (CVC), as laranjas doce (Pêra) eram mais suscetíveis à doença do que outras variedades, e a pesquisadora Mariângela recebeu a missão de obter uma planta de laranja doce que fosse mais forte e não ficasse doente.

Melhoramento genético laranja pêra

A cientista sabia da existência de um tipo (variedade) de tangerina resistente ao “Amarelinho”, a Tangor Murcott, e decidiu cruzá-la com a laranja pêra.

O objetivo era que os filhos puxassem um pouco de cada um, continuando a ser um fruto gostoso como o pai e resistente como a mãe.

Foto de algumas laranjas pêra e tangerinas Tangor Murcott

O resultado do cruzamento foi: algumas plantas filhas parecidas com o PAI LARANJA  e outras parecidas com a MÃE TANGERINA. 

Fotos das laranjas híbridas do cruzamento entre laranja pêra e tangor murcott

Devido a essa grande segregação de irmãos totalmente diferentes uns dos outros, as “laranjinhas” geradas desse cruzamento (geração F1) precisaram passar por uma seleção, que foi feita da seguinte maneira:

  • Cada indivíduo (planta) possui um “código de barras” (marcadores genéticos);
  • Através de um “teste de paternidade” foi possível saber quais plantas tinham o “código de barras” formado metade pelo pai e metade pela mãe.

Esses indivíduos (plantas) são chamados de híbridos.

Seleção de híbridos

Os híbridos criados cresceram, deram frutos e suas sementes foram plantadas em várias regiões do Estado de São Paulo. O objetivo? Selecionar os que melhor se adaptassem às regiões, e que tivessem as características desejadas: corpo de laranja doce (sabor, cor e casca) e alma de tangerina (resistente).

A cientista e pesquisadora, junto com seus alunos, tiveram que escolher os melhores filhos e descartar os fracos.

Evolução dos híbridos

Com o passar dos anos, as características (rugosidade da casca, sabor, tamanho, etc.) dessas plantas híbridas foram melhorando, o que significa que os filhos eram melhores que os pais, ou seja, houve melhoramento genético.

O mais legal disso tudo foi que, em Botucatu, descobriram uma planta parecida com uma tangerina que, além de ser resistente ao CVC (“Amarelinho”), era resistente também à Mancha Marrom de Alternária, uma doença causada por um fungo.

Conclusão

Como vocês devem ter percebido, todo esse processo é muito demorado, principalmente porque as plantas de laranja demoram anos para crescer.

Por esse motivo, existem técnicas de biologia molecular, como os marcadores moleculares, que tem como objetivo facilitar a seleção durante o processo de melhoramento.

Confira o programa de melhoramento do CCSM e continue nos acompanhando para descascar a ciência.


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7 comentários

Rômulo Lima · 20 de junho de 2016 às 12:08

Parabéns pela matéria pessoal, muito boa a temática e o jeito que foi abordado o melhoramento genético de citros! Continuem assim, sucesso ao blog... =)

Taccio Rocha · 20 de junho de 2016 às 19:07

Parabéns muita interessante a matéria .

Raquel Caserta · 20 de junho de 2016 às 20:56

Linda a matéria! Deliciosa de ler e muito informativa! Parabéns!

Silvia Dorta · 21 de junho de 2016 às 20:50

Adorei! Parabéns!

Maiane · 14 de outubro de 2016 às 11:31

Amei seu estilo de escrita que levou informação científica de um modo leve a acessível. Voltarei rsrs

CSI: Citros - Descascando a ciência · 27 de junho de 2016 às 18:59

[…] a essa diferença do tamanho entre os DNAs é possível fazer a seleção dos filhos melhores no MELHORAMENTO GENÉTICO DA LARANJA. Assim, ao invés de esperar uns 8 anos para estudar a planta de laranja adulta e descobrir se ela […]

Um problemão no nosso feijão - Descascando a ciência · 30 de abril de 2019 às 18:00

[…] que começamos a cultivar o feijão (Phaseolus vulgaris), o melhoramento genético trabalha para a obtenção de variedades com melhores características nutricionais, e […]

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