Um blá blá blá de bactéria

Publicado por Descascando a ciência em

Todo mundo gosta de conversar, não é mesmo? E todo mundo concorda que a comunicação é muito importante! É através da comunicação que a gente conta fatos, novidades, avisa sobre perigo, tenta solucionar problemas, afinal, comunicando a gente se entende!

Já pararam pra observar que mais gente por aí se comunica? E não s01omente através da fala que a comunicação acontece, animais avisam uns aos outros sobre predadores através de piados, rugidos, grunhidos, mugidos e até a dança é utilizada no caso abelhas para informarem umas às outras sobre fontes de água e alimento.

bacterial communicationE se eu contar aqui que bactérias também se comunicam? Juro! Elas são capazes de avisar umas às outras sobre as condições em que se encontram e as condições nas quais o ambiente se encontra!

Já falamos aqui sobre biofilme, aquela característica de crescimento agregado que as bactérias apresentacomicm, lembram?

Pois essa condição de crescimento também permite que alguns sinais moleculares que elas produzem sejam acumulados no meio e percebidos por outras bactérias, disparando assim uma cascata de respostas genéticas para melhor adaptação às alterações ambientais.

Alguns desses sinais moleculares já são muito estudados e conhecidos, como no caso de Xylella fastidiosa e Xanthomonas citri, já conhecidas de vocês! Ambas causam doenças em laranjeiras, mas atuam de maneira diferente nesse processo.

A Xylella habita o interior do xilema e seu crescimento impede que a água e os sais minerais circulem de maneira eficiente na planta, reduzindo o tamanho das laranjas devido a estresse hídrico. Para se segurar no xilema a Xylella gruda – e ela gruda muito! Além de grudar nas paredes dos vasos ela é capaz de se movimentar pra alcançar novos lugares pra grudar de novo e começar um novo ciclo de crescimento. Quando estão aderidas, a possibilidade de serem adquiridas pelo inseto vetor e serem levadas para novas plantas é bastante alta, assim elas podem colonizar novas plantas.

E como elas regulam o momento de grudar ou se movimentar no xilema?  COMUNICANDO-SE!!!

DSFDiffusible signal factor (DSF)

O sinal molecular que elas utilizam se chama DSF (diffusible signal factor), que é um ácido graxo de cadeia pequena (quebra de gordura). Quando a população da bactéria aumenta, o DSF se acumula no biofilme e grandes quantidades de DSF ativam genes de adesão, fazendo com que proteínas chamadas adesinas sejam produzidas e tornem as bactérias mais grudentas. Dessa maneira, elas ficam mais aderidas umas às outras e também aos vasos do xilema, aumentando as chances de serem adquiridas pelo vetor.
Por outro lado, quando a concetração de DSF diminui, genes que codificam proteínas de movimento são ativados, fazendo com que algumas bactérias se desgrudem do biofilme e sejam levadas dentro do xilema para novas regiões. Isso é prejudchá de camomilaicial já que mais vasos das plantas vão ser bloqueados pelo crescimento da bactéria. O DSF em Xylella tem um “efeito calmante”.

Diferença de comunicação

E se vocês acham que a comunicação através de DSF funciona na mesma maneira para todas as bactérias estão enganados! Em Xanthomonas essa molécula pertence a outro idioma! Xanthomonas causa queda prematura de frutos, mas vivem sobre as folhas até que consigam penetrar e começar a causar a doença. Para que encontrem um ferimento ou um estômato aberto como porta de entrada elas tem que se mexer, já que não existem um inseto que as carregue! Movimentar-se em Xanthomonas é crucial! E adivinha quem regula a movimentação? A produção de DSF!

Claro que a molécula que produz Xanthomonas não é exatamente igual a produzida por Xylella, mas também é um ácido graxo de cadeia pequena. Quando o DSF acumula no biofilme de Xanthomonas, genes que codificam proteínas de movimento são ativados, assizangadom como genes que codificam proteínas de virulência, fazendo com que a bactéria seja capaz de penetrar no tecido e começar o ataque! Ao contrário do que acontece em Xylella, em Xanthomonas a percepção do DSF deixa as bactérias mais zangadas!

E esse blá blá blá ainda vai longe! Cada uma falando seu idioma!

bla bla bla

Escrito por  Raquel Caserta Salviatto


Descascando a ciência

O objetivo do Descascando é deixar conteúdos sobre o mundo agrícola e a ciência mais fáceis de serem entendidos. Queremos facilitar o "cientifiquês", para que todos tenham acesso à informação.

5 comentários

MARCELO EIRAS · 9 de agosto de 2016 às 22:18

Muito bom esse blá blá blá!!

Alessandra Alves de Souza · 29 de agosto de 2016 às 17:25

muito legal essa forma de explicar a comunicação das bactérias!!

Gilberto V. Coradi · 9 de outubro de 2016 às 16:49

Gostei da forma como abordou o tema! É fantástico como a sinalização bioquímica funciona como um verdadeira "conversa" entre as bactérias e diversos tipos de células.

    Laís · 9 de outubro de 2016 às 16:57

    Obrigada Gilberto! Continue acompanhando nossos postos e curta nossa página do face.

Comunicação de bactéria confundida por planta transgênica · 23 de agosto de 2018 às 22:10

[…] A comunicação das bactérias acontece por meio de MOLÉCULAS, uma dessas é conhecida como DSF (Difusible Signal Factor) e que são percebidas por outras bactérias. Fazendo uma comparação com os humanos, é como se as bactérias produzissem um som que pudesse ser ouvido pelas outras que estão mais perto. Quando isso acontece, alguns genes têm sua expressão alterada, como se dentro das bactérias alguns botões fossem ligados e outros desligados para que a comunicação acontecesse perfeitamente. Este mecanismo de comunicação por meio de moléculas se chama Quorum Sensing e você já viu sobre isso aqui no Blog […]

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *