O que é que há nesse tal de jaracatiá?

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Falando assim, meio rápido, a palavra jaracatiá até parece um trava-línguas!

E, talvez, travar a língua seja o risco que se corre caso o consumo dessa fruta seja feito à fresco, afinal, o jaracatiá pode até parecer um mamão, mas de mamão é só a aparência mesmo. 

Ambas são da família Caricaceae, muito semelhantes, mas o jaracatiazeiro é uma árvore bem maior que o mamoeiro, podendo chegar até 20 metros de altura.

Pé de Jaracatiá

Interessante é que, embora muito alto, o jaracatiazeiro não apresenta tronco lenhoso e, em algumas regiões, o fruto é usado para a produção de doce.

Embora nativa da Mata Atlântica, a árvore já não é assim tão abundante, e quase sumiu em alguns estados do Brasil. Atualmente, é mais encontrada em regiões de cerrado.

Essa espécie apresenta flores femininas e flores masculinas, separadamente, e a ação de polinizadores é necessária para garantir o surgimento dos frutos (aaahhhhhh o amor!!).

Jaracatiá: O Fruto

Os frutos, também conhecidos como mamão-bravo ou fruta de macaco, têm formato, cor e sementes, super parecidos com mamões. Porém, tem um leite característico que pode queimar a língua e lábios e, por isso, não é recomendado comer a fruta in natura.

Fruto de Jaracatiá

A opção por se usar o fruto na culinária, além de preservar a árvore, garante a colheita todos os anos. Menos mal, já que o jaracatiazeiro demora em média 4 anos para começar a produzir.

Além de ser delicioso, o jaracatiá também é muito nutritivo! De acordo com análises, o jaracatiá tem em média o dobro da quantidade de carotenoides e mais cálcio, fósforo, ferro e magnésio do que o mamão. 

Fruta tradicional

Há quem diga que o doce de jaracatiá é uma das melhores compotas e, em São Pedro, interior de São Paulo, o doce de jaracatiá é uma tradição municipal!

O Festival do Jaracatiá, dia do ano totalmente dedicado à exposição de receitas feitas com a fruta, é possível experimentar até cupcake com essa fruta, que é considerada um patrimônio por lá.

Escrito por: Raquel Salviatto

Categorias: Frutas

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9 comentários

Marcus Torres · 3 de março de 2020 às 18:32

Muito legal esse Blog! Como faço para recebê-lo sempre que sair? Sou produtor orgânico. Minha fazenda é 95% mata atlântica e tem algumas frutas nativas que eu gostaria de ver pesquisadas para que eu consiga adicionar valor para o comércio delas. Entre elas, abiu, pixirica, araça, guamixama, uváia. Seria a pixirica (Clidemia hirta) equivalente a um blueberry em termos de antioxidantes? Sou também pesquisador da UNICAMP (IMECC).

    Descascando a ciência · 28 de junho de 2020 às 13:08

    Muito obrigado Marcus!! Você pode acompanhar nossas publicações pelo nossos canais no Facebook (Descascando a Ciência) e Instagram (@descascandoaciencia). Vamos colocar seu email em nosso sistema para receber nossas atualizações. Iremos procurar a resposta para sua pergunta e será ótimo contar com sua colaborações e experiência como produtor orgânico. Forte abraço!

      Marcus Torres · 17 de setembro de 2020 às 09:07

      Sim ,adoraria poder colaborar! A mata atlântica tem uma riqueza gastronômica muito grande que as pessoas não conhecem. Estudar essa riqueza e divulgá-la nos ajudaria (a mim e a todos que buscam a preservação) a criar manejos sustentáveis da floresta e oferecer renda às pequenas comunidades rurais preservando a floresta. Quero adicionar às riquezas já mencionadas, o jambú, o morango silvestre, cogumelos nativos comestíveis (favolus brasiliensis, lentinus, auricularia, oudemansiella) e as abelhas nativas sem ferrão.

        Descascando a ciência · 27 de janeiro de 2021 às 10:11

        Obrigado pela contribuição, Marcus! Grande abraço

ANDRE LUIZ · 6 de janeiro de 2021 às 01:27

Comprei pensando que fosse mamão, quando abri me assustei, pensei que estivesse podre, corri para o Google, o gosto é horrível, ainda bem que não queimou minha boca, pq deve ser cozido e depois consumido.

Firmino Pimenta · 7 de novembro de 2021 às 22:22

Em algumas regiões de Minas Gerais, o Jaracatiazeiro é uma espécie muito abundante e quando era criança, eu e a turminha da escola com quem convivia, costumávamos colher os Jaracatiás, fazer pequenos sulcos em suas cascas, com uma faca, colocá-los em um recipiente com água que era trocada com frequência num período de 24h e, ao final desse tempo, fazíamos o consumo deles sem nenhuma consequência danosa!
Seria, apenas, sorte dos inocentes?
Atualmente, por questão de saudosismo, cultivo um Jaracatiazeiro na minha propriedade, em Brasília, o qual já está plantado há mais de vinte anos.
É uma árvore com mais de 10 metros de alturo, com um tronco rubusto e saudável, tem uma floração abundante sempre e nunca produziu um fruto sequer.
O que pode estar acontecendo?
Apesar de raro, estou considerando a possibilidade de eliminá-lo, com muito pesar.

    Gloria · 21 de julho de 2023 às 19:08

    Há uma árvore desse fruto numa das curvas da estrada Osvaldo Cruz q vai de Taubaté ao litoral norte. Sempre vi frutos maduros caidos ,mas nunca parei o carro pra catar no solo ,pois o local é bem perigoso devido a descida e a estrada ser ruim.

Calina Alves Alvarez · 22 de julho de 2022 às 15:24

Obrigada pelo esclarecimento dessa fruta que se chama jaracatiá. Ouvi esse nome na minha infância e nunca mais soube mais nada. Agora veio essa feliz explicação sobre ela. Fiquei super feliz!!! Gratidão 🙏

Sandra · 8 de agosto de 2022 às 22:43

Lembra meu tempo de infância, tinha um pé de jaracatiá no sítio dos meus avós em Nova Luzitânia, interior de São Paulo

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