Continuando, Dawkins teve um natal ruim devido a uma nova pesquisa realizada entre os professores de ciências da Inglaterra e publicada no dia 24. Segundo a pesquisa, 30% destes professores acreditam que o criacionismo deveria ser ensinado junto com a Teoria da Evolução nas escolas. Sim, é isso mesmo que você está lendo. Professores de ciências, não de filosofia, história ou geografia. Professores de ciências defendem que o criacionismo seja ensinado em escolas públicas da Grã-Bretanha. Adivinha a opinião do Dawkins? Ele classificou este resultado de “vergonha nacional”. Depois ainda perguntam porque ele defende tanto seus argumentos. Podemos questionar o seu posicionamento em relação a religião em geral, mas defender criacionismo nas escolas é algo realmente impensável. Quem diria que países considerados “desenvolvidos” pudessem apresentar este quadro. Podemos perceber que o problema da pseudo ciência está muito além da educação básica.
Uma frase do professor britânico Michael Reiss quase me fez cair da cadeira. Ele é ex-diretor de educação da Royal Society. Em setembro deste ano pediu demissão, devido a polêmica gerada pelo seu posicionamento a favor do criacionismo.
“O simples fato de uma determinada coisa não ter fundamento científico não me parece ser razão suficiente para justificar a exclusão do tema de uma aula de ciências.”
Ah, então entendi. Não é preciso ter fundamento científico para algo ser discutido nas aulas de ciências? O que é preciso então? Daqui a pouco vamos ter cursos de homeopatia e florais em universidades…bem, já temos.
Luiz e amigos. Acredito que a questão do criacionismo ser ensinado com o conteúdo de Evolução não tem cabimento e é uma vergonha mundial (porque aqui algumas escolas grampearam os livros nos capítulos de evolução e reprodução, enfim...). Tenho certeza que a causa desta bagunça toda é o fato de que a evolução indiretamente (ou diretamente) coloca o ser humano em um patamar diferente do proposto pelas religiões ocidentais institucionalizadas (porque as africanas, orientais e aquelas culturas que acreditam que o mundo surgiu da serpente e outras, parecem não estar tão preocupadas) de que o ser humano é o “must” da “criação”. Então se não somos o “must”, mas uma espécie como outra qualquer e a mercê das “intempéries”, ou “Deus” não está nem aí ou então ele não existe. Se não existe “Deus” ou se ele não está nem ai, as igrejas perderam seu status e seu ônus. Outra questão que põe lenha no fogo e o fato de nós biólogos, acadêmicos, professores (alguns) e cientistas muitas vezes sermos tachados como ateus convictos ou afirmarmos isto. Acho que deveríamos ser convincentes ao ponto de sermos apenas a favor do fundamento científico, através da qual grande progresso tem sido feito. Em relação às histórias bíblicas e histórias da evolução, acredito que seja uma questão cultural e a ciência ainda não alcançou este patamar como um patrimônio cultural, mas, ainda um patrimônio financeiro (similar as religiões) por isto persistem até hoje na nossa sociedade (lembremos da biblioteca de Alexandria). Como Carl Sagan em “Contato” (inclusive é outro tema que incomoda as religiões, isto é, vida em outros planetas por causa da mesma questão da posição do ser humano) que fala muito bem sobre esta questão. Como diz no final do filme: nosso alvo comum deve ser a verdade. Grande abraço e muito bom este blog.
Bom, primeiro cumpre-me apresentar-me como xará do Luiz portanto também não sou "Bento" também, porque aprecio e muito as idéias de Richard Dawkins. Entrei aqui para elogiar o texto e os comentários e confesso que não possuo os conhecimentos acadêmicos dos participantes. confesso apenas que, quanto mais leio, aprendo a ficar mais distante ainda das crenças religiosas e portanto continuarei sendo o que o que sempre fui: Um ateu convicto. Continuarei acompanhando esse blog para aprender mais. Um abraço a todos, um Feliz Natal e um próspero ano novo.
Olá Everaldo,
Acho que você precisa ler um pouco mais a literatura especializada. O arqueopterix (se foi esse caso que você citou) está longe, muito longe de "não ter mais tanta credibilidade na comunidade científica. E também está longe de ser o único caso de transição. Além disso, mesmo se não tivéssemos nenhum caso de transição temos outras centenas de evidências que suportam a evolução por seleção natural. Uma pena que muitas pessoas simplesmente não querem ver.
Recomendo para este natal a leitura do livro "O maior espetáculo da Terra", do Richard Dawkins. Mais especificamente o capítulo 6: "Elo perdido? Como assim "perdido"?. Lá você vai encontrar vários casos de transição em uma linguagem simples. Basta apenas "querer" abrir os olhos para a infinidade de evidências existentes.
Abraços.
È sabido q o clã de cientistas evolucionistas se infiltraram nas escolas americanas a muito, como membros de uma religião. Mais porque? Dai em diante a evolução começou a virar uma doutrina e ganhou notariedade. O momento de transição de uma certa espécie para outra na verdade nunca foi encontrado, nem será, sabe pq? porque simplesmente não existe nem nunca existiu.
O parprio Darwin disse q se não fosse observado o momento de transição, sua teoria seria invalidada e o tal arqueopetrix a "menina dos olhos" dos evolucionistas, ja nãoo tem mais tanta credibilidade na comubnidade.
Bem anônimo, primeiramente bem vindo ao blog. Segundo, gostaria muito que você me indicasse qual "teoria" que mostra que a ciência tem muita "relação" com religiões. Teoria atualmente tem um significado bem amplo. Pode ser qualquer coisa defendida por qualquer pessoa sem nenhum embasamento. Se você está falando de criacionismo, design inteligente ou qualquer outro nome dado a este tipo de pseudo ciência, então estamos a anos luz de uma "teoria científica".Criacionismo não é uma teoria científica e nunca deve ser ensinado juntamente com teoria da evolução em nome de uma pseudo liberdade de pensamento. Este argumento é utilizado para tentar equiparar uma teoria religiosa (criacionismo) a uma teoria científica baseada em fatos como a evolução por seleção natural. Para criticar uma teoria científica não podemos apenas dizer que ela tem o que você chama de "incertezas" e por isso devemos adotar uma teoria religiosa que não explica absolutamente nada e dizer que devemos tudo a um criador. Nós cientistas vemos em "incertezas" motivos para buscar provas e explicações para um fato. Criacionistas veem em incertezas maneiras de "provar" que existe um "design superior". Há muito tempo atrás achávamos que o fogo era uma coisa divina. Que os relâmpagos eram divinos. Que ratos "surgiam" do lixo. Explicações simples para fenômenos complexos. Se os cientistas não buscassem o porque de "incertezas" tenho certeza que ainda viveríamos em um mundo muito obscuro. Como diria Sagan, a ciência é uma vela no escuro, em um mundo dominado por demônios. Obrigado pela comentário.
Acredito que nas aulas de Ciências, o professor deve mostrar os vários pontos da Evolução... e as incertezas científicas que até hoje ninguém conseguiu provar algo concreto a respeito e deixar que o aluno formule e acredite na teoria que mais se aproxime da suas idéias. Mostrando que a Ciência tem muita relação com religiões...
Acho ótima a idéia. Talvez saia algo interessante mesmo. Não somos escritores profissionais, mas é um caminho. Quanto ao roda da ciência eu acho que fica meio restrito. A blogosfera científica está começando a crescer. Gosto mais da idéia de blogagem coletiva. Acho que assim podemos descobrir novos blogs e dar oportunidade para todos.
Ah... talvez fosse interessante propor alguma coisa como "contos que divulgam ciência" no Roda de Ciência ou em algum outro lugar de blogagem coletiva. Quem sabe não sai alguma coisa interessante daí?
Luiz,Você tem razão. Não podemos nos transformar em novos sacerdotes - a ciência é vista por muitos como apenas uma outra religião ou um outro sistema de crenças.Meu novo post tem sim a ver com o que discutimos no EWCLiPo. Gostei muito da conversa sobre a necessidade de se abordar a ciência por outro lado, através, por exemplo, de narrativas - se há histórias da Bíblia, por que não produzimos histórias da evolução? Ou sobre Linnaeus, Buffon, Darwin, Mayr, Hennig, Watson, Wilson, Gould, Dawkins? Há interesse por parte das crianças e dos adolescentes pelo conhecimento científico. Precisamos atingir esse público de alguma forma. Por isso a importância de autores como Michael Crichton e Carl Sagan (no Contato) e outros que tentam ser cientificamente corretos sem que o discurso seja mais uma pregação.
Concordo Charles.Um exemplo claro disso é falar sobre "teoria" da evolução para leigos. Quando citamos "teoria", logo eles imaginam que é algo recente, sem provas científicas. Nós utilizamos o tempo todo a expressão "fulano tem uma teoria". Se qualquer um tem uma teoria, a "teoria" da evolução é mais uma delas. Aí que entra o que você falou, devemos chegar a filosofia, explicando o que é uma teoria científica para começar a fazer a pessoa entender verdadeiramente o que estamos falando. Atualmente o que mais fazemos é "forçar" as pessoas a acreditarem na gente. Muito pelo discurso distante da realidade das pessoas, muito pelos nossos títulos, dentro outros. Acabamos não muito diferentes do que pastores ou padres. Donos da "verdade absoluta".Me interessaria muito em ler seu artigo charles. Pode mandar para o email do blog que está na barra lateral.Abraços e valeu pela visita. Gostei muito do seu último post. Faz parte daquela sua iniciativa que você falou no EWclipo? Temos que divulgar mais isso!
Luiz,Um dos grandes problemas da educação científica, a meu ver, é que temos que substituir as "certezas" das pessoas por hipóteses que podem vir a ser descartadas ou modificadas posteriormente. O negócio é mais ou menos como trocar o "certo pelo duvidoso" - e muitos professores pensam da mesma forma. Acredito que o ensino de ciências, para escapar desse dilema, precisa ser profundamente relacionado à filosofia e à idéia de que a nossa perspectiva é apenas um dos vários pontos-de-vista do homem sobre a realidade do seu entorno, que se baseia em evidências, diferentemente da metafísica, da arte etc. Se é ciência, obviamente é preciso algum suporte para ela (diferentemente do que diz o Michael Reiss em seu surto de estupidez absoluta). Publiquei um artigo em 2004 em uma Ciência Hoje que trata um pouco disso. Se quiser, te mando o pdf - ele também está postado no meu blog, em uma versão aumentada, dividido em 4 partes.Abraço!