Durante muito tempo acreditou-se que a Amazônia fosse um sumidouro de carbono, isto é, com o crescimento da biomassa vegetal, grandes quantidades de carbono seriam estocadas. Como sabemos, durante a
fotossíntese, gás carbônico é absorvido da atmosfera pelos vegetais. Entretanto, pesquisadores brasileiros estão em dúvida sobre o balanço de carbono da floresta.
A pesquisa foi realizada pelo
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, consórcio de pesquisadores de vários países, liderados pelo Brasil, que tem como objetivo “gerar novos conhecimentos, necessários à compreensão do funcionamento climatológico, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia, do impacto das mudanças dos usos da terra nesse funcionamento, e das interações entre a Amazônia e o sistema biogeofísico global da Terra”. Este projeto engloba mais de trezentos cientistas de todo mundo. Renomados pesquisadores brasileiros como Luiz Antônio Martinelli, Carlos Nobre, José Antônio Marengo e outros fazem parte desta equipe. Em 2008, só como exemplo, este grupo publicou artigos nas revistas Science, Nature, Global Change Biology e Ecosystems, além de outras importantes publicações científicas. É um orgulho termos pesquisadores brasileiros na ponta da pesquisa científica mundial.
Voltando a quastão dos ambientes, a equipe do engenheiro agrônomo Reynaldo Victoria (USP) tem analisado a contribuição dos ambientes aquáticos no balanço de carbono da floresta. Pelas suas contas, estes ambientes emitem para atmosfera por volta de 470 milhões de toneladas de CO2 por ano para atmosfera. Isto é 1% do total de emissões globais de CO2 no ano de 2004. Calculando-se a quantidade por área, é aproximadamente 1,2 tonelada por hectare. Sendo assim, a floresta Amazônica pode ao invés de ser um sumidouro, ser uma fonte de CO2 para atmosfera.
O reflexo das plantas nos ambientes aquáticos é a matéria orgânica
liberada por elas (que poético, não?)
Mas por que esses ambientes aquáticos liberam CO2 para atmosfera? Basicamente, a matéria orgânica proveniente da vegetação da floresta (folhas, galhos, resto de animais, carbono orgânico dissolvido lixiviado, e outros) se acumulam nestes ambientes, pois a rede de rios é bastante densa dentro de toda a floresta. Além disso, através de ciclo de cheia e seca, a água avança sobre o ambiente terrestre captando ainda mais matéria orgânica. Deste modo, esta matéria orgânica serve como substrato para ação decompositora (o carbono orgânico dissolvido, basicamente, para as bactérias e o particulado para ouros organismos maiores). E como a produção primária nos rios é bastante pequena, o balanço geral fica negativo, isto é, os rios emitem CO2 para atmosfera. Em uma analogia, o rio funciona como se fosse um organismo heterotrófico, se o balanço fosse positivo, o rio funcionaria como um vegetal (absorveria CO2 da atmosfera).
Duvido que passe na cabeça de alguém de achar que a solução é acabar com a Amazônia. Esta floresta tem papel importantíssimo na regulação do clima de outras regiões do Brasil. Além de todo o potencial biotecnológico, aliás, se os grandes agricultores entendessem a riqueza deste potencial, parariam de destruir e lucrariam mais com a floresta em pé. Exportar soja e carne a toneladas, com certeza é menos lucrativo do que descobrir um composto ativo para a indústria farmacêutica. Mas isso é assunto para outros posts.
Fonte: Pesquisa Fapesp on line
Este é meu segundo post neste blog, e eu não poderia deixar de comentar sobre um dos maiores patrimônios em biodiversidade do nosso Brasil e do nosso planeta, a Floresta Amazônica.
Por que uma criança que está no primário deve aprender sobre os ciclos biogeoquímicos da natureza? É mero conhecimento? É para passar de ano? Em minha opinião não. Assim como uma criança, hoje em dia, deve aprender desde cedo a manusear os modernos aparatos eletrônicos de sua casa, para no mínimo poder interagir com ela de maneira à melhor aproveitar o que ela tem a oferecer, desde aparelho de DVD, celular, computador, até mesmo um microondas, ela também deve entender como funciona o meio no qual está inserida, sendo este meio: a biosfera e seus ecossistemas.
Ou seja, é importante para o ser humano saber onde está, no que está pisando, o que está respirando, bebendo, e como ocorrem os ciclos que nos fornecem estes elementos tão fundamentais; e até, para muitos, saber que estes recursos fazem parte de um ciclo.
Entender o funcionamento dos ciclos na Amazônia é importante para poder melhor preservá-la e para aproveitar melhor o que ela tem a nos oferecer. Assim como cuidamos da nossa casa, comprando melhores móveis para a sala ou para o quarto, afim de melhor aproveitar o espaço e sua distribuição para um melhor conforto e harmonia com nosso habitat, também devemos fazê-lo com o que está ao nosso redor, o meio nos quais estamos inseridos e que a maioria dos seres humanos ou não sabe, ou esqueceu, ou faz questão de negar. O fato é que somos parte da natureza e nela habitamos, e também a partir dela sofremos com nossos atos e desequilíbrios por nós causados.
No post Breno diz o seguinte: “Duvido que passe na cabeça de alguém de achar que a solução é acabar com a Amazônia”. Discordo de você neste ponto. Sou de um Estado (Alagoas) no qual a escolaridade média ainda é baixa. E posso afirmar que aqui há pessoas que conseguiram distorcer tais informações ao ponto de convencer a população em questão que o melhor seria fazê-lo (acabar com a floresta). Não quero entrar no mérito da educação de cada Estado ou região do país, e sim alertar que se for de interesse econômico fazê-lo, mesmo que de poucos, com certeza eles dão um jeito, inclusive distorcer um resultado científico para atender esses interesses.
Já sobre a participação de cientistas brasileiros nesta pesquisa penso ser muito importante, pois dá ânimo aos graduandos de todos os cursos relacionados, inclusive o meu: Engenharia Ambiental. Quando um aluno sabe que ao se dedicar poderá um dia atuar como parte de algo tão importante, passa a valorizar mais o conhecimento adquirido e dá mais de si.
Parabéns pela divulgação que estão fazendo de estudos de importância para nosso país e para nosso planeta.