óbvio
ób.vio
adj (lat obviu) 1 Claro, intuitivo, manifesto, patente. 2 Fácil de compreender.
Parece óbvio para todos nós que os governantes de todos os países tem que aceitar as metas de emissão e quem não aceita é por má fé ou até “burrice”. Acho que nos dias de hoje não temos mais políticos que não sabem das conseqüências do aquecimento global. Mas existem diferenças muito grandes entre os países. Lembro que a pouco tempo atrás foi comemorado pela mídia a notícia de uma ilhota que se declarou livre da emissão de carbono. Claro que para uma ilha que depende apenas do turismo é muito fácil. Mas e para os EUA? A matriz deles é completamente suja, baseada fortemente em carvão. Será que é tão simples para eles assumir metas rígidas? Não que eles estejam certos de não assinar, mas temos que ter em mente que um país que está passando pela maior crise financeira da história ter que aumentar (e muito) os seus gastos com energias renováveis caras e menos eficientes do que as fósseis é algo complicado. Casos como o do Brasil são extremos. Se reduzirmos de forma considerável a taxa de desmatamento, grande parte do nosso “problema” em relação a emissão de gases estufa estaria resolvido. Mesmo sendo assim tão “fácil”, ainda encontramos problemas para discutir metas sobre emissões futuras.
Essa situação é que faz com que esses “acordos” internacionais não dêem certo. Claro, acordos relacionados a produção de energia. O protocolo de Montreal deu certo porque tratava de um assunto que não iria mexer com o “desenvolvimento” do mundo, a emissão de gases do grupo CFC. Demoramos para entender o problema, mas depois que ele foi comprovado cientificamente não havia motivos para fugir do acordo. Claro que as empresas que produziam produtos que emitiam CFC tiveram problemas. Mas nada como os problemas que os países vão enfrentar para limpar as suas matrizes de energia. Acordos como o de Montreal podem ter sucesso apenas se considerando a obviedade de problemas ambientas iminentes. Mas apenas quando esta obviedade não resulta em mudança de paradigmas. Principalmente quando este paradigma é o maior de todos. O de que devemos sempre investir em desenvolvimento econômico a qualquer custo.
O aquecimento global é um problema grave, mas a limpeza da matriz de energia suja de vários países do mundo em relativo curto espaço de tempo também o é. Claro que um problema ambiental desta escala pode ser ruim para todos. Mas sem uma ferramenta confiável de que o processo de limpeza em escala mundial será o menos traumático possível, encontros, como o de Copenhage, serão infrutíferos. Países viciados em óleo e carvão são como os pescadores que não conseguem ver outro caminho além de pescar em época de reprodução. O problema é que na situação ambiental atual estamos longe de sair da época de reprodução dos peixes, onde a pesca seria liberada novamente. Estamos em um caminho sem volta, onde teremos que alterar a nossa maneira de produzir energia de forma drástica. Sem fiscalização forte sobre as emissões de cada país e suporte financeiro e tecnológico para países que não possuem este tipo de recurso, continuaremos sem solução para o problema. E, obviamente, se continuar como está, nos veremos na COP 45.
Oi, tenho adicionado aos favoritos este blog e assinado RSS Feed e esta é a minha segunda visita. Eu uso o leitor de RSS NewsGator e percibido que seu feed não esta chegando. Algum outro assinante já teve este problema?. Obrigado e parabéns pelo blog!
Oi, só hoje tomei conhecimento do seu materia por um alerta do Google. Descobri que verdadeiramente possui informações importantes para minha atividade e tenho adicionado aos favoritos para futuras visitas. Parabéns pelo seu esforço!...
Olá Ronaldo, boa questão.
Acho aue o Obama tem sim uma "aura" diferenciada para a imprensa americana. E acho que isso não é por motivos tão escusos. Eu defendo a tese que não importa quem for o presidente americana, mesmo se for a queridinha da classe média verde brasileira, ele não vai assinar tratatos globais para valer. A pressão política lá é muito grande e a crise financeira atual fazem com que assinar algo que vai ter custos muito altos seja complicado.
Quanto ao aquecimento global, você realmente acha que surgiram evidências que suportam dúvidas? Esses videos que você linkou usam argumentos bem clássicos dos céticos do clima, nada que seja difícil de bater. Da uma olhada aqui: http://scienceblogs.com/illconsidered/2008/07/how_to_talk_to_a_sceptic.php
Parabéns pelo blog, informações muito interessantes !!
Luiz, gostei do post que obviamente está muito bem escrito. Agora, porque a imprensa em geral não critica duramente o Obama (da mesma forma que xingava o Bush) quando ambos se negam a assinar um protocolo mais ousado? Tenho lá minhas hipóteses (Não importa se testáveis ou não): 1 - O Obama é o queridinho das esquerdas então não pode ser criticado; 2 - Cada vez mais aparecem evidências suportando dúvidas em relação a tal aquecimento global. É pois, é. Com a temperatura caindo nos EUA, os eleitores se perguntam se este papo de global warming é mesmo pra valer....Dá uma olhada nisso. Rapaz, é tudo verdade:
http://wattsupwiththat.com/2009/11/19/climate-skeptics-party-run-4-television-ads-in-australia/
Abr.
Maria,
O que você chama de conformismo eu chamo de pé no chão, realismo. Acho sim que não vai dar nesta COP 15. Se eu pudesse fisicamente ir lá e alterar este rumo, eu faria. Como não posso, prefiro alertar por aqui sobre os erros do passado e presente, para evitar erros futuros. Prefiro tentar colocar as pessoas em uma posição de inconformismo e crítica, para que não engulam que fazer uma mudança deste porte é fácil e simples.
"Se todos criticarmos o que acontece com argumentos, aí sim seria uma pressão positiva."
concordo, luiz. mas é exatamente isso que me exaspera: não tenho visto nada disso. só o que vejo em blogues e jornais é um quase conformismo: "não vai dar".
Sem dúvidas Paula. Não quis dizer que os EUA são coitadinhos, mas que a situação não é tão simples como dividir "malvados" de "bonzinhos". Se nossa matriz de energia fosse exatamente igual a dos EUA eu duvido que teríamos assumido metas (mesmo que apenas para inglês ver).
Concordo plenamente que qualquer atitude que diminua o aquecimento global é positiva, sendo ele antropogênico ou não. Isto não é argumento para não fazer nada.
PS.: você pode e deve fazer copy and paste, ainda mais de texto relevante 🙂
Luiz,
Ainda assim não são 20 dias. São 9 anos!!!! Não exime ninguém da responsabilidade por não ter produzido, desenvolvido, praticado algo que seja válido em termos ambientais. OK... tem gente (e muita) que ainda não crê na participação humana nessa história? Tem! Mas foi o que eu disse hoje mesmo em outra lista de discussão: "Considerando que tudo o que se "melhora" em políticas públicas, investimentos tecnológicos e respeito social em resposta a um aquecimento global (existente ou não) também tem atuação em outros tópicos como diminuição da poluição, aumento da qualidade de vida, respeito ao meio ambiente, conservação, preservação, melhoria das condições sanitárias, uso consciente de água e recursos, qualé o mal usar "aquecimento global" como desculpa?"
Desculpe o copy and paste, mas como a autora é a mesma, pode.
Valeu pelo comentários pessoal, vamos recapitular....
@Paula
Corcordo que o problema não é de hoje mas tenho certeza que há 13 anos atrás nem os EUA, nem o Brasil, nem eu e você sabíamos realmente do tamanho do problema. A informação chegou de forma mais clara e coerente com o relatório do IPCC de 2001. Se atualmente, com a grande quantidade de informação sobre o tema, ainda temos céticos do clima e uma parte do congresso americano que não acredita na forcante antropocêntrica do aquecimento global, imagine há 13 anos atrás?
@manuel
Sempre ótimos comentários. Também acho que o entendimento puro e simples de todos os países é utópico. Para isso temos que impor fiscalização. Ninguém vai gastar mais apenas por boa fé. Mudar o rumo do aquecimento é caro, muito caro. Temos que pagar o que for preciso, mas claro que os países que mais emitiram tem que pagar mais.
@Saci
"Investir em ciêcia e tecnologia é uma etapa, mas deve haver lucro (imediato?) para haver compromisso político."
Concordo plenemente. Por isso reforço que o problema do entrave em relação ao aquecimento global é puramente econômico. Já sabemos das consequências das emissões de gases estufa, tanto quanto sabíamos dos efeitos do CFC na camada de ozônio. Mas proibir o uso de CFC é mil vezes mais simples do que forçar países a ter mais gastos e diminuição do crescimento econômico.
@clau
Esperança sempre devemos ter. Mas não devemos ser cegados por ela
@maria
"eu continuo achando que não se trata de esperança nem otimismo. o que acho é que a luta não acabou. está longe disso. se desistirmos agora, melhor nos retirarmos do mundo."
Não se trata de esperança nem otmismo e, muito menos, de desistência. O WWF gosta de colocar muito as coisas em visões dualistas: "Ou você é a favor do planeta ou é contra!" Isso não existe. Temos que ter uma visão crítica do que está acontecendo e do que vai acontecer. Não vamos "desistir do planeta" por não acreditar na COP 15. Vamos sim propor medidas realmente eficazes e eficientes para que a situação não se repita. Achar que vai dar tudo certo na COP15 ajuda em alguma coisa? Pressiona os políticos? Não. O que funciona é o contrário. Se todos criticarmos o que acontece com argumentos, aí sim seria uma pressão positiva.
"muitos pescadores conhecem sim o ciclo de vida dos peixes. e sabem muitas coisas sobre os peixes que os sábios e doutores nem desconfiam. quem vive com a natureza e depende dela não precisa ir à escola para aprender como ela funciona. às vezes precisam, sim, pescar fora de época porque não têm mais opção. mas sabem que estão cavando suas covas. ou a de seus filhos ou netos."
Já trabalhei com pescadores, alunos de escola pública, recrutas, ensino de adultos, etc. Valorizar o conhimento popular é uma coisa, mas achar que eles entendem realmente como funciona não é verdade. O conhecimento deles é complementar e acrescenta muito ao conhecimento científico. Mas uma base de educação forte como é feita nas escolas para pescadores é muito importante para despertar uma maior consciência ambiental.
"os governos sabem que estão cavando nossa cova coletiva se não tomarem uma atitude? se não sabem, têm obrigação de saber. ao contrário dos pescadores, têm assessores de tudo e mais um pouco."
Claro que eles sabem. Como eu disse para o Saci, os poucos que não sabem são minoria. Mas não são obrigados a saber, como os pescadores. Este sim é o nosso papel como cientistas, tentar mostrar as causas e possíveis consquências dos problemas. ambientais. Mas como no caso de Montreal, lá o conhecimento científico triunfou. Agora em relação ao aquecimento global, temos que vencer uma barreira muito maior. Para isso precisamos muito mais do que boa vontade e otmismo.
Eu voto no Saci!
clau, eu continuo achando que não se trata de esperança nem otimismo. o que acho é que a luta não acabou. está longe disso. se desistirmos agora, melhor nos retirarmos do mundo.
muitos pescadores conhecem sim o ciclo de vida dos peixes. e sabem muitas coisas sobre os peixes que os sábios e doutores nem desconfiam. quem vive com a natureza e depende dela não precisa ir à escola para aprender como ela funciona. às vezes precisam, sim, pescar fora de época porque não têm mais opção. mas sabem que estão cavando suas covas. ou a de seus filhos ou netos.
os governos sabem que estão cavando nossa cova coletiva se não tomarem uma atitude? se não sabem, têm obrigação de saber. ao contrário dos pescadores, têm assessores de tudo e mais um pouco.
uma matéria na Pesquisa deste mês mostra como algum investimento pode ser usado para transformar o desperdício em economia: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3995&bd=1&pg=1&lg=
a gente faz ciência não é só pra se divertir, é pra melhorar o mundo também.
Gostei muito do paralelo c/ os pescadores! Perfeito!
Acho lindo quem ainda tem esperanças em relacao a Cop15, pelo visto nao é o caso do Science Blogs Brasil!! hehe
A transição para longe de uma matriz energética suja deve ser gradual e, como toda caminhada, começa pelos primeiros passos, mesmo que lentos e inseguros. Por que existe uma morosidade absurda em nível global em relação à implementação de mudanças profundas e estruturais? Aparentemente a manutenção do status quo não reside na incapacidade técnica, mas na falta de interesse político e na inércia econômica. É certo que não se trata de uma negociação equilibrada, equitativa. Não, no mundo quem tem poder manda ou tentar mandar. A geografia dos principais culpados não nega o tom colonialista com que são tratados os países em desenvolvimento, justamente onde os impactos previstos pelo aquecimento global serão maiores. Para mudar, é preciso diversificar a dieta, não apenas o pescar, mas plantar e criar galinhas. Se os preceitos morais refletem o que as pessoas gostariam que fosse, os anseios econômicos refletem como o mundo é. Sendo assim, é preciso criar oportunidades econômicas para catalisar as mudanças energéticas. Investir em ciêcia e tecnologia é uma etapa, mas deve haver lucro (imediato?) para haver compromisso político.
Caro Luiz Bento
A necessidade é o óbvio,não importa de quê,ou de quem. A necessidade deste e daquele,não de hoje,nem de ontem,a necessidade de sempre. Necessidades desencontradas,
desorganizadas. O que falta,o que tem faltado? O óbvio.A organização. Por quem? A que título? O que falta,o que tem faltado,é um entendimento à escala universal. É obvio isto. Mas,infelzmente,UTÒPICO. Porquê?
Ora,porquê? Porque há duas supremas realidades,os TODOS-PODEROSOS,o EU e o TU,cada um a querer ser o PRIMEIRO,doa a quem doer. Está isso na História,na triste História do homenzinho sonhando ser superhomem.
Estando cada um para seu lado, procurando pescar o seu peixe,porque precisa dele para matar a fome,ou não,mas que acaba por ser também fome,uma fome lá muito de cada um,NADA FEITO.
E foi isto,caro Luiz Bento,que o seu sentido e reflectido texto me sugeriu.
Muito boa saúde.
1997. Esse foi o ano que o Protocolo de Kyoto foi finalizado. Estamos em 2010, praticamente. Sao 13 anos. 13. Não acho que estejamos esperando que, em 20 dias, o pescador aprenda os limites da pesca, nem que os EUA mudem sua matriz energetica.
Demos a eles 13 anos para se prepararem para mudancas, desenvolverem tecnologia, investirem, reconsiderarem. O pescador (a maioria) ja não pesca por falta de peixe e, os que pescam, respeitam periodos de reproducao e desova pois senao sao multados. Ja os paises da UNFCCC...