A marca de calçados femininos Arezzo anunciou que lançaria uma coleção, na qual seria usada peles de animais. Para ser mais preciso, calçados com detalhes em pele de coelho e uma bolsa com pele de raposa.
Claro que no segundo seguinte, muitos “ecologistas” foram xingar muito no twitter! Amaldiçoaram a marca, evocaram os espíritos dos animaizinhos, mobilização para boicote da loja, entre outros “protestos”.
Engraçado, as pessoas continuam usando Bombril, sendo que ele financia a destruição da Amazônia a mais de 50 anos. Ou continuam abastecendo seus carrinhos nos postos BR, sendo que a Petrobras finacia contaminação da Baía de Guanabara, destruição de Mangues e extinção de fauna marinha a mais de 50 anos também. Querem mais exemplos, continuam usando seus tênis Nike que exploram crianças em países asiáticos. Essa demagogia ecológica me enoja.
“Seu blogueiro desalmado, pense nos direitos dos animaizinhos!”. Penso…, penso sim. Penso é no direito das pessoas que morreram no desabamento do morro do Bumba em Niterói, ou nas vítimas dos desabamentos da Região Serrana. Problemas ecológicos, sociais e políticos muito graves, mas que não geram a mesma mobilização.
A pobreza é um dos piores desastres ambientais. Primeiro, porque não damos chance para essas pessoas escolherem sua condição de vida. Segundo, obrigamos elas a viverem em condições sub-humanas (desnutrição, pobreza, falta de infra estrutura, etc…), onde, por exemplo, não tem onde descartar seus dejetos, muito menos de tratá-los. E o mais cruel, damos aula de educação ambiental para eles cuidarem do meio ambiente. Sendo que o magnata, tem uma piscina no seu quintal com milhares de litros de água tratada. Ou, a quantidade de combustível que seus iates gastam num passeio em Angra dos Reis.
Cadê o boicote a essas pessoas, ou ao que elas representam? Não existe! Porque eles representam o que de pior tem na nosso sociedade: nós mesmos. Ou, você vai creditar os problemas ecológicos e sociais a alguma raça alienígena? Acostume-se: Se você ganhas mais que a renda per capta do Brasil, alguém está ganhando menos para te financiar.
Arde ter que ouvir um ministro dizer “Não é muito do meu agrado, mas a gente tem que trabalhar com o que é do agrado e o que não é”, ao receber a pasta da previdência. Algo “sem muita importância” no Brasil. Cadê o xingamento no twitter. Por mim, podem ir 1000 raposas para fivela de sapato, mas se fôssemos capazes de parar o Brasil por causa de declarações cruéis como essa.
Às vezes os problemas ambientais e de proteção dos animais estão muito além de coleções de sapataria feminina. Mas é mais cômodo reclamar disso. Não precisa levantar a bunda da frente do computador e o protesto pode ser dentro de um shopping com ar-condicionado.
Viva o movimento ecológico brasileiro!
Não entendo o motivo da revolta quando animais são defendidos e algum tipo de protesto ocorre.
"Problemas ecológicos, sociais e políticos muito graves, mas que não geram a mesma mobilização. " - Geram sim! O país inteiro ficou mobilizado diante das tragédias causadas pelas enchentes e milhares de desabrigados (quantas doações, amparo, ajuda de todos os cantos, todo mundo unido), porém, contudo, entretanto, todavia, isso não quer dizer que precisamos nos importar apenas com nossa espécie, com as tragédias socias que envolvem homens, mulheres, crianças. Temos árvores, temos pássaros, enfim toda uma gama de seres VIVOS como eu e vc. Cada um faz a sua parte. Se os ecochatos querem se manifestar e ir contra as peles nos sapatinhos... deixe-os! Eles fazem a parte deles e isso não quer dizer que por isso se importem menos com os humanos e suas tragédias sociais, políticas econômicas.
Eu cuido de um abrigo de animais abandonados e nem por isso deixo de me envolver e participar de discussões sobre economia e política visando melhores condições de vida para nós. A saúde pública também envolve qualidade de vida, satisfação e, claro, menos atrocidades aos nossos olhos.
Cada um faz a sua parte e pronto.
Não se revolte com quem faz, mesmo que seja pouco, mesmo que seja por um cachorro, mesmo que seja num sofá.
Revoltante mesmo é quem não faz e reclama de quem faz pelos animais.
Abraço
Breno
Li no teu desabafo muito do que penso. O foco dos problemas ambientais está no nosso sistema monetário que é altamente hierarquizado, elitista e intrinsecamente corrupto. Não vejo solução no comunismo pois ele é um sistema monetário também; somente o controle do Estado que aumenta. Gostaria de ver luz no fim do túnel, mas não vejo. Acabo vendo que nossa tarefa como biólogos beira o desespero paliativo. Abraços e parabéns pela coragem, cada vez mais rara nos dias de obscurantismo de hoje. Mário
Caro Danilo,
como vc quer falar que eu estou estereotipando, quando vc me estereotipou. Não trabalho na academia, pelo contrário, a 2 anos tenho entrado nas piores favelas do Rio de Janeiro para ajudar em um projeto de educação científica. Antes de falar de mim, leia mais o blog. Além disso, vc vem me falar em luta social e política. Vc realmente leu o post? É justamente disso que falo, falta mais comprometimento do movimento ambiental nestas questões, e não que ele não abrange elas. Não é só porque vc mora no sertão, que vc está fazendo algo para mudar a situação. Tomara que esteja fazendo algo.
Breno, Luiz,
Embora haja, como na maioria das manifestações públicas (e privadas) de protesto, algum grau de manipulação e hipocrisia, não vejo com maus olhos a discussão a respeito da coleção da Arezzo.
Já faz alguns anos a questão do uso de peles - de animais caçados ou criados - em objetos de vestuários e, particularmente, de alta moda (há também uma questão socioeconômica subjacente).
Tem gente sim que é contra até mesmo uso de couro de vaca - só em um exemplo bem conhecido, Paul McCartney se recusa até mesmo a se sentar em uma cadeira com couro animal.
Mas eu faço uma distinção entre vacas e raposas. Mesmo as de cativeiro. O couro da vaca atualmente é um subproduto. Matamos vacas e touros em primeiro lugar para a alimentação. Aí há o aproveitamente do restante do material obtido da carcaça.
Raposas e chinchilas são criados quase que exclusivamente para a produção de peles. (Sim, o fato de serem fofinhos conta bastante também para questão da empatia.)
Protestos contra o uso de mão de obra escrava e infantil por empresas também existem. Não por outra coisa, lançou-se a Fundação Abrinq, de caráter privado, que, em um primeiro momento, observava o emprego de mão de obra infantil em empresas brasileiras. O protesto contra a Nike na década de 1990 foi bastante ruidoso e houve resultados práticos, a empresa encerrando contrato com empresas asiáticas em que se verificou o emprego de mão de obra infantil e escrava. (Há, no entanto, ainda problemas recorrentes como as condições de trabalho em vários países asiáticos.)
Protestos houve sim. Só que muitos não foram da época de xingar muito no twitter. Até mesmo acesso à internet não era muito disseminado.
E a era da comunicação instantânea de massas depende de fatores de estimulação imediatas. Os protestos e polêmicas são para temas da pauta atual.
[]s,
Roberto Takata
Só gostaria de deixar uma informação para o Diego.
O couro que seria utilizado pela Arezzo se não fosse a gritaria dos ecobobos e ecochatos era de raposa criada em cativeiros CERTIFICADOS. Não seria utilizado pele de coelho nenhum, isso foi coisa de malas histéricos.
Então uma loja que vende sapato não pode usar couro de raposa? Qual a diferença de couro de vaca? Raposa é mais bonitinha? Sofre mais que a vaca?
Então matamos as vacas de forma furtiva? O problema aqui é que as pessoas entram em modinhas sem saber realmente qual é o problema. Apoiam causas sem saber o objetivo delas. Se é a favor da natureza tudo pode, mesmo quando a causa não tem sentido algum.
Dá uma lida no pronunciamento oficial da Arezzo:
"Segundo a Arezzo, 95% das peças com aparência de pelos são sintéticas, feitas com derivados de plástico, como a pelúcia dos bichinhos de criança. Apenas algumas poucas peças, as bolsas, seriam feitas com peles de raposa. Essas peles viriam de criadores certificados pelos órgãos ambientais do país. Não haveria nenhuma pele de coelho. E nenhum animal seria proveniente de caça em ambiente selvagem. Todos seriam criados para o abate, exatamente como os bois e ovelhas que dão o couro para os produtos comuns da moda."
Caso encerrado. Segue o link de onde retirei o pronunciamento:
http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2011/04/18/qual-e-o-problema-de-usar-pele-de-animais/
Abraços.
Breno,
você ainda está muito preso a esterótipos, que seja dos ambientalista e ecologistas que lutam apenas pelos pobres animaizinhos indefesos, e até mesmo das crianças nordestinas desnutridas que precisam da proteção dos heróis sulistas. Por morar em pleno sertão nordestino, aquele do chão rachado que passa nas matérias sensacionalista da TV, sei que, apesar de ainda existir grave problemas de desnutrição infantil, houve uma grande melhora nesse quadro, seja pelos programas do Governo Federal, ou pelo desenvolvimento da região.
Acredito que você deveria sair mais dos muros e grades da sua ciência e da sua universidade, e ter mais contato com o diferentes seguimentos do movimento ambientalista nacional, só assim você entenderá que há um bom tempo, a luta em defensa do meio ambiente, é uma luta social e política, e, é uma luta em defesa da vida, humana e não humana.
Caro Danilo,
não digo que sou ecologista, sou Ecólogo de formação. Os ambientalistas brigam sozinhos nessas grandes questões, justamente, devido a não mobilização nacional. Como eu disse. As pessoas preferem esses temas da moda, e esquecem de coisas muito mais importantes. Por que milhares de pessoas se mobilizam a favor de animais, mas não a favor de crianças nordestinas bem nutridas? Engraçado, né? Algo de estranho com essa opinião pública. Seja mais crítico rapaz!
Diego,
a questão não é matar raposas por diversão, mas queria ver essa mobilização para assuntos muito mais importantes. Se pudesse diminuir a desigualdade, mas raposas tivessem que ser mortas, elas seriam então. Essa é a questão.
Deixe-me tentar entender o teu argumento...
Como existe desigualdade no mundo, animais podem ser mortos para confeccionar roupas.
Tentar justificar um mal com outro e impor que um é pior por causa de x ou y não faz o menor sentido. Ambos são ruins e ambos deveriam ser igualmente combatidos.
Concordo quando tu falas que deveria haver uma mobilização maior no que se trata de política e medidas sociais, mas em momento algum isso torna o fato de matarmos animais futilmente algo irrelevante.
Ótimo texto.
Sou vegetariana, muito contra a matança de animais por motivo de moda ou por prazer.
Mas concordo plenamente que a pobreza, miséria, e destruição de nosso planeta deveria ser priorizado igual.
Acredito que quando voltamos novamente a dividir, e classificar o que é realmente importante, e o que não, cometemos os erros antigos das ciências, que causou o atual estado de degradação do planeta. A questão do uso de pele de animais na produção de acessórios de moda não é nada simples, e por vezes envolve o tráfico de animais e maus tratos. Concordo que temos grandes questões sendo discutidas no Brasil, por exemplo a reforma no Código Florestas, e a construção da Belo Monte. Questões e brigas que os ambientalistas lutam praticamente sozinhos.
A mobilização, sim virtual, contra a marca Arezzo não pode ser ridicularizada - foi o que o conteúdo do post me levou a entender. Pq não trazer essas pessoas que se manifestaram no twitter para outras discussões? Minimizar esta ação não é o caminho para trazer essas pessoas para outra discussões e manifestações, pelo contrário isto só as afastas.
Dizer-se ECOLOGISTA, enquanto nomeia os outros de "ecologistas", não passa de uma atitude ecochata, e uma pensamento divisório : minha luta é maior que a tua, mais verdadeira, por isso sou ecologista, e vc não.
Eu nao disse q vc é comunista, mas q o argumento q vc usou é.
Cara Cláudia,
digo o mesmo pra vc. Menos.., menos. Só pq digo que existe uma grande desigualdade ma distribuição de renda brasileira, não que dizer que sou comunista. Ou vc acha que dá pra pensar em preserva o meio ambiente quando vc não tem nem rede de esgoto e mora em palafitas?
Luis,
Quer ciência hard-core, acesse os outros posts, mas não seja tão mesquinho em achar que ciências só se faz com números e fórmulas. Ciência política existe! Acredite! Só não vai ter uma equação provando isso.
Fabíola,
claro que uma coisa não exclui a outra. Ok. Mas onde está a discussão sobre os tópicos que mencionei? Essa é a qustão discutimos assuntos pequenos, comparados aos nossos reais problemas.
Obrigado pelos cometários
Parabéns pelo texto Breno, mas você sabe o final disso: o mundo vai seguir e daqui a 6 meses tá todo mundo na porta da Arezzo de novo.
[]s,
Rafael Machado
Eu não sei pq tem gente que acha que qdo as pessoas se manifestam sobre um assunto estão excluindo outros. Em geral os protetores de animais estão atentos e pelo que vejo boicotam esses produtos sim, até pq muitos praticam vivisecção. Nas tragédias das enchentes esses protetores se uniram para salvar os animais. Esse pensamento antropocentrista, de que temos que pensar só nas pessoas e que morram mil raposas, não tô nem aí, é completamente equivocado...
Apesar de eu ter minhas dúvidas sobre a objeção às peles, entrei nesse blog achando que ia ver um pouco de ciência (como diz o título do mesmo) sobre o assunto.
Mas só tive decepção com seu artigo, que repisa um o velho discurso de que "é muito fácil reclamar de X quando tem Y acontecendo". Então ninguém deve reclamar de X, é isso?
Me lembra muito o que acontece quando cientistas fazem alguma descoberta e o público leigo diz asneiras do tipo "deviam estar pesquisando a cura da AIDS", como se não se devesse pesquisar mais nada, só isso.
Muito boa argumentação Breno!
Somente protestar virtualmente não interfere nas relações do conhecimento humano, tudo isso vai muito além de um simples sapatinho...
A diferença entre os tweets sobre a arezzo, e este post, está somente no número de linhas.
Santa ironia, batman.
Além de sermos um país tropical onde não há necessidade de roupas como essas. Antes uma revolução de sofá que gerou resultados - com o recolhimento das peças nas lojas brasileiras - do que simplesmente cruzar os braços diante da tela e da vida e ficar achando tudo normal. Claro que ainda há muitos outros pontos a serem melhorados e muitas outras coisas a serem feitas. Mas, para quem não faz nada, o pouco já ajuda. Quem entende de administração de empresas um pouquinho sabe o rombo que isso causou na empresa e o ALERTA gerado à outras empresas que parecem desconhecer algumas posturas da maioria dos brasileiros.
Menos Breno, menos... Vc exagerou um pouco na dose, fez igualzinho os ambientalistas q tanto critica. Achei desnecessário o comentário de q se alguem ganha mais q a media per capta do Brasil tem alguem ganhando menos pra financiar, vc sabe q isso é bobagem e não é verdade. Ou vc acha q o comunismo deu certo?
Interessante, só acho que sua opinião é um pouco antropocêntrico. Pra mim, o pior desastre ambiental não é a pobreza não... isso é problema da humanidade que criou o capitalismo em suas diversas facetas. Não sou ambientalista sentimentalóide não, concordo com você que existem problemas muito mais graves do que matar coelho e raposa pra colocar em bolsa. Desastre é a falta de respeito da espécie humana pelo meio-ambiente. É como se fizéssemos questão de destruir a própria casa e isso nada tem a ver com seleção natural. Pra mim, é a "irracionalidade" dessa espécie que se acha mais especial que todas as outras da natureza, justamente por causa disso que eles chamam de raciocínio.
Esqueces que é muito mais fácil ser empático e solidário com "bichinhos fofinhos" (que não vão roubar seu parceiro, seu emprego, sua herança, nem vão torcer pelo time adverário) do que com ameaçadores concorrentes humanos.
Ah!... Sim... Couro de vaca pode....