Esporte, Educação e Medicina

Soccer World by ~dleafy

Aos domingos sempre dou uma checada nos cadernos de cultura dos jornais, procurando assunto e, principalmente, alguma polêmica. Mas hoje, apesar de vários assuntos interessantes, a melhor frase foi de Tostão, no caderno de esportes da Folha de São Paulo:
“O esporte de competição, de alto rendimento, não é um bom lugar para aprender e desenvolver os valores éticos e morais”.
Confesso que me surpreendi. Não esperava ler isso no caderno de esporte. Sempre ouvimos falar que o esporte é um elemento educacional importante. O lugar comum das declarações é que ele ajuda a ensinar disciplina, ganhar e perder. Há tempos, venho repetindo, entretanto que do ponto de vista médico, o esporte de competição, seja olímpico ou profissional de qualquer tipo, é um crime contra as “razões do corpo”. A maratona, por exemplo, é desumana. O indivíduo com frequência, apresenta hemoglobinúria devido ao rompimento das células vermelhas do sangue devido a microtraumas na circulação periférica, liberando a hemoglobina que é eliminada na urina. Este ano, um jogador profissional de futebol (goleiro) apresentou o mesmo problema depois de um treino exaustivo e fui chamado a dar uma opinião. No caso do futebol, poucos esportes têm tantas lesões. Não há jogador aposentado que não tenha lesão nos joelhos. O Zico mal consegue andar sem mancar. Sem contar as mortes. A FIFA fez um congresso sobre isso esse ano no México tal a frequência. O boxe chegou a ser proibido pela sociedade americana de neurocirurgia.
A medicina recomenda esportes para combater o excesso de peso e o sedentarismo. São inúmeros os benefícios da prática esportiva. Podemos até discutir a definição de sedentarismo, mas o que a medicina recomenda é muito pouco comparado aos esportes de alta performance. Tenho visto competições infantis nas quais o contato e a exigência física são incabíveis para a idade. Ambiente nada sadio, nada ético. Está cada vez começando mais cedo.
Acrescentaria à frase de Tostão que o esporte de alta performance tampouco é adequado para o desenvolvimento físico e bem-estar do indivíduo. Muito pelo contrário. Parece até um tipo de doença…

Discussão - 2 comentários

  1. João Carlos disse:

    Esportes amadores, onde a máxima "o importante é competir", fairplay e outros valores cultivados por uma aristocracia desaparecida... Não o esporte-negócio burguês, onde o importante é vencer a qualquer custo, onde se "fabrica" massas musculares e, na impossibilidade de obter marcas significativamente melhores, se começa a estabelecer diferenças por milésimos de segundo.
    Isso não é esporte: é Show-Business... 😥

  2. smx disse:

    O que seria a vida sem desafios? quem vai além é bem recompensado.sobrevivencia meu caro, sobrevivencia...
    imagine se todos os atletas parassem hj? e as olimpiadas? e a brincadeira pra ver quem é o melhor em tal coisa?
    vai pra onde?
    é legal assim...

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