Vitamina D
Este post faz parte da Blogagem Coletiva sobre Luz do Scienceblogs Brasil. Devo dizer que o nível das postagens está especialmente elevado. É só conferir.
Confesso que demorei para escolher meu tema porque falar sobre luz me parece coisa para poetas, biólogos ou físicos. Mas me lembrei de um assunto que me é extremamente caro e que tem, obviamente, origem na luminosidade que recebemos em nosso planeta: a cor de nossa pele. Antes vamos entender um pouco da fisiologia da Vitamina D.
O Metabolismo da Vitamina D
A Vitamina D é essencial para a fisiologia do cálcio e o fósforo. O crescimento, desenvolvimento e integridade estrutural do esqueleto também é dependente da Vitamina D. A principal fonte de vitamina D utilizada pelo organismo (90%) é proveniente da fotossíntese cutânea (quem disse que não fazemos fotossíntese?). Apenas os 10% restantes são derivados da dieta. A radiação ultravioleta-B (UVB) ao entrar na pele, quebra o 7-dehidrocolesterol à pré-vitamina D3, que é posteriormente convertida à vitamina D3. No fígado é hidroxilada à 25-hidroxivitamina D (25-OHD) para, finalmente, nos rins, transformar-se em 1,25-dihidroxivitamina D (1,25-(OH)2D). Essa molécula promove a absorção de cálcio no intestino e nos ossos, mineralizando-os. A deficiência de vitamina D causa o raquitismo em crianças e adolescentes. Nos adultos, causa osteomalácea e osteoporose. As perninhas tortas mostradas na radiografia são decorrentes da desmineralização óssea mas também da síntese defeituosa da matriz colágena dos osteoblastos resultando num osso “mole”. O raquitismo é caracterizado por deformidades importantes que têm nomes clássicos na medicina: rosário raquítico
(proeminência das cartilagens torácicas); deformidades torácicas (“peito de pombo”, tórax em quilha); crâniotabes (deformidade craniana); genu varum (o do raio-x) ou genu valgum (da foto ao lado). Também existem deformidades pélvicas caracterizadas por estreitamento do canal pélvico (voltaremos a isso). Os recém-nascidos podem ter fraqueza muscular importante e hipocalcemia grave que pode ser fatal por insuficiência cardíaca e convulsões.
O raquitismo é uma doença da deprivação do sol. Há estudos sobre as taxas de insolação das mais variadas localidades e São Paulo, por exemplo, tem uma taxa de insolação insuficiente, sendo necessária a suplementação de vitamina D aos recém-nascidos. O raquitismo é ainda muito prevalente nas populações de baixa renda e todos devem estar atentos pois o tratamento é muito simples e o não tratamento provoca incapacitação grave, por toda a vida.
Discussão - 11 comentários
Isso é mais comum entre negros? Quero dizer em negros em ambientes com pouca incidência solar.
Mas por que o nome Raquitismo, Karl?
Esse nome parece derivar do radical grego rháchis, que se refere à coluna vertebral. É o mesmo radical utilizado na raquianestesia, no trauma raquimedular. Tem a ver com as deformidades ósseas causadas pela doença.
Quanto à pergunta do Rudolf, vamos aguardar os próximos posts. hehe
Mas que fator ira determinar a característica do raquitismo, se ele é do tipo rosário raquítico, deformidades torácicas, crâniotabes, genu varum ou genu valgum ?
A pigmentação acentuada da pele reduz sua capacidade de sintetizar a vitamina D3 (colecalciferol) a partir do 7-dehidrocolesterol, reação esta que requer a ação da radiação UV da luz solar. A vitamina D3 é o substrato para a síntese da vitamina D "ativa" (1,25-diidroxicolecalciferol) que aumenta a absorção intestinal de Ca2+ e sua concentração no sangue, tornando-o disponível para a deposição em ossos. A vitamina D3 pode ser fornecida na alimentação, entretanto uma parcela importante é produzida pelo próprio corpo, com a exposição à luz solar. A pigmentação da pele pode reduzir essa produção, e isso, aliado a uma alimentação pobre, aumenta o risco de raquitismo nessas crianças. Certo?
Olá, bem interessante seu texto. : )
Pergunta: quanto de sol seria indicado para crianças de 1 ano (tempo/dia e frequencia)?
Obrigada. ; )
C.
Em um estudo de bebês caucasianos menores de seis meses amamentados exclusivamente ao seio, 30 minutos/semana (usando apenas fraldas) ou 2 horas/semana (completamente vestidos, sem chapéu) de exposição à luz solar se mostrou suficiente para prevenir a deficiência de vitamina D. Alguns recomendam um pouco mais.
Specker, B., B. Valaus, V. Hertzberg, N. Edwards, and R.Tsang. Sunshine exposure and serum 25-hydroxyvitamin D concentrations in exclusively breastfed infants. J Pediatr 1985;107:372-76.
Tudo no site da Sociedade Brasileira de Pediatria.
http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=24&id_detalhe=1235&tipo_detalhe=s
olá!
obrigada pela informação e dica do site, bem legal!
; )
C.
Mais, desta vez para a Esclerose Múltipla:
Pierrot-Deseilligny, C. Clinical implications of a possible role of vitamin D in multiple sclerosis. J Neurol. 2009 Apr 28. [Epub ahead of print].
Abstract: Hypovitaminosis D is currently one of the most studied environmental risk factors for multiple sclerosis (MS) and is potentially the most promising in terms of new clinical implications. These practical consequences, which could be applied to MS patients without further delay, constitute the main purpose of this review. Vitamin D is involved in a number of important general actions, which were not even suspected until quite recently. In particular, this vitamin could play an immunomodulatory role in the central nervous system. Many and varied arguments support a significant role for vitamin D in MS. In animal studies, vitamin D prevents and improves experimental autoimmune encephalomyelitis. Epidemiologically, latitude, past exposure to sun and the serum level of vitamin D influence the risk of MS, with, furthermore, significant links existing between these different factors. Clinically, most MS patients have low serum levels of vitamin D and are in a state of insufficiency or even deficiency compared to the international norm, which has been established on a metabolic basis. Large therapeutic trials using vitamin D are still lacking but the first results of phase I/II studies are promising. In the meantime, while awaiting the results of future therapeutic trials, it can no longer be ignored that many MS patients have a lack of vitamin D, which could be detected by a serum titration and corrected using an appropriate vitamin D supplementation in order to restore their serum level to within the normal range. From a purely medical point of view, vitamin D supplementation appears in this light to be unavoidable in order to improve the general state of these patients. Furthermore, it cannot currently be ruled out that this supplementation could also be neurologically beneficial.
Keywords: Multiple sclerosis, Vitamin D.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19399382?log$=activity
This article is published with open access at Springerlink.com:
http://www.springerlink.com/content/x15156xr21v841mh/
foi muinto util para min ler o conteudo da vossa informação
sobre o raquitsmo,desde já o meu agradecimento
mãe e filho tem amesma doença.
isso é normal.