O Sorriso Jedi
Uma vez, no consultório, um casal já de idade entrou e ficamos conversando depois da consulta. Eu deixei escapar que eles eram parecidos ao que o velhinho me respondeu: “É porque já passamos muita coisa juntos, doutor! Quando uma sequência de emoções e acontecimentos se sucede em pessoas próximas, as marcas que deixam fazem com que as pessoas se pareçam.” Eu disse: Seu Antônio, o que somos é determinado geneticamente e pela ação do ambiente. Se vocês são parecidos é por pura obra do acaso ou uma simples “impressão” pessoal minha. Não há evidência científica segura de que isso possa ocorrer de fato…
Foi quando vi um clarão e em seguida, ouvi aquele barulho característico dos bons sabres de luz. Minha ciência caiu no chão de granito frio do consultório em dois pedaços fumegantes, totalmente sem sentido.
Ele simplesmente dissera: “Eu sei” e me expunha um sorriso quase pornográfico em conluio com o dela… Mestres Jedis riem assim.
Discussão - 12 comentários
Olá Karl, adorei esse causo!
Quem dera eu conseguisse às vezes dizer apenas: ‘eu sei’.
Evitaria muitos mal entendidos. ; )
C.
qual a diferença entre “o que somos é determinados […] pela ação do ambiente” e “Quando uma sequência de emoções e acontecimentos se sucede em pessoas próximas, as marcas que deixam fazem com que as pessoas se pareçam”?
pra mim as duas frases dizem exatamente a mesma coisa.
Obrigado. Chloe.
Maria. Então, até que não falei tanta besteira assim? Vou pedir para ele juntar os pedaços da minha pobre ciência e devolvê-la a mim… Sinto falta dela. Ás vezes. 😉
De qualquer forma, a ideia de uma “plástica facial” operada por uma sequência idêntica de emoções sofridas durante um determinado intervalo de tempo de modo fazer com que as faces desse mesmo casal, ainda que subjetivamente, se assemelhem, me pareceu, naquele exato momento, um tanto absurda e não embasada em ensaios clínicos randomizados. Mas vou parar por aqui. Ainda posso ouvir o ruído do sabre… =/
Pô, Karl, vê se pesquisa direito:
http://www.springerlink.com/content/u59r1291345u048p/
🙂
Putz, sensacional! Será então que o velhinho era um cientista disfarçado de jedi disfarçado de cientista? Gostei da Teoria Vascular da Eferência Emocional. Tem até na Science! De qualquer forma, vamos aguardar uma metanálise bem feitinha para melhorar o nível de evidência (tradução: seu feladamãe, vc não tem o que fazer da vida, não?).
Obrigado pelo enriquecedor comentário. =)
Karl, fique feliz que era um mestre Jedi e não um Sith. Do contrário… estavas lascado, mermão! Hehe!
Há um Lord Sith entre nós, Joey… =)
ah, realmente muito bom, esse casal de jedi’s sabe ser elegante né?
Olá Karl, sobre este assunto lembrei da epigenética, em que alterações causadas pelo ambiente e emoções podem modificar não a sequencia de bases do DNA mas sua conformação espacial(ação sobre as histonas) alterando a expressão gênica por toda a vida da célula ou até por gerações, alterando o fenótipo(ver estudos sobre comportamento materno de mães que sofreram abuso na infância). Quem sabe uma longa convivência, com emoções semelhantes ,possa atuar no sistema límbico e modular a expressão das emoções de forma semelhante, levando à semelhança facial. Abraços Georg
Pois é, Georg. Acho esse um caminho possível. Por isso, fico pensando: Quanto um médico tem que ser cientista?
A elegância é a característica dos jedis, Sombriks. Eu é que sou um deselegante, hehe.
Obrigado pelos comentários.
Karl, como um velho clínico, anterior a Starwars, acredito que devamos aliar a clareza da ciência sem abandonar jamais a intuição baseada na compreensão e compaixão sinceras.Georg
kkkkkkkkkkkk… Muito bom!!!!!!!! 😀