Obesidade
Saiu o “Tratado de Obesidade” do meu amigo Márcio Mancini. Adquiri o meu com dedicatória e tudo hoje. O livro está sensacional. Tem absolutamente tudo sobre obesidade em linguagem técnica, mas com requintes de divulgação científica em algumas sessões. Em especial, o capítulo sobre Evolução e Obesidade do, também chapa, Luciano Giacaglia.
Achei bem interessante e parabenizo o autor pela iniciativa de colocar um capítulo assim num livro técnico. Tenho discutido aqui no EM a falta que uma visão um pouco mais aprofundada da evolução faz sobre o pensamento médico contemporâneo e iniciativas assim são muito bem vindas.
Eu vou ler o capítulo e tenho certeza que renderá bons posts. Até porque, muito tem se falado sobre a abordagem evolutiva da obesidade, mas o que tenho notado em consultas e conversas informais é que o que acabou ficando foi apenas aquela imagem do homem primitivo passando fome e, consequentemente, magrinho, comparada à imagem do homem moderno com acesso à alimentação abundante e, por isso, gordão. O que gostei desde já no capítulo, mesmo sem tê-lo lido, foi a inclusão da evolução do trato digestivo junto com a tecnologia do preparo dos alimentos.
É isso. Tratado de Obesidade de Márcio Mancini e colaboradores. A ficha técnica:
Editora: Guanabara Koogan (Grupo GEN)
ISBN-10: 8560549404
Formato: Médio
Acabamento: Brochura
Idioma: Português
Origem: Nacional
Edição: 1
Número de páginas: 800
Lançamento: 24/9/2010
O preço está em torno de R$ 230,00, com frete. Dizem que livros na primeira edição são ainda imaturos e melhorarão ao longo das próximas ou então, extinguir-se-ão. Um exemplo clássico de seleção natural. Esse é um daqueles que deixarão muitos descendentes.
Discussão - 6 comentários
Talvez agora eu tenha entendido o que você quis dizer: comportamento coletivo não linear no racismo...
http://semciencia.haaan.com/?p=712
Talvez interesse:
http://www.ploscompbiol.org/article/info:doi/10.1371/journal.pcbi.1000968
Parabéns ao seu amigo Márcio Mancini por esse livro, Karl. É sempre motivo de comemoração o lançamento de bons livros técnicos, com contribuições relevantes ao ensino de qualquer área, e em especial, na Medicina. Inclusive, pela sua descrição, tal livro inova ao incluir capítulos com características de divulgação científica, realmente algo inédito nos circunspectos livros-texto, invariavelmente redigidos com linguagem hermética e especializada.
Também desejo vida longa a esse livro, com “muitos descendentes” (rs). Porém, relembro aqui uma questão que já discutimos no post Artigonistas e librônios, e que remete à questão da adoção desses materiais didáticos em formato livro, frente às novas formas de acesso à informação, como os artigos online. Argumentei ali que a morosidade de publicação dos livros era determinante da preferência pelo artigo, até mesmo configurando a comunicação científica em muitas áreas, onde o artigo, o chamado paper, detém a prerrogativa. E que as sucessivas reedições de livros (indispensáveis aliás, dada a rapidez das atualizações na sua área) obriga à aquisição da edição mais recente, descartando-se as anteriores. Com o alto valor dos livros de Medicina (e de Biológicas, de Direito, de...), convenhamos que acompanhar as reedições se torna impraticável para muitos.
Tudo não se resolveria se o livro fosse online? Bastaria baixar a edição mais recente... Mas os entraves de ordem cultural ainda são enormes. Acho que a simbologia do livro ainda é muito profunda – perdura uma bibliofilia que, de certa forma, é paralisante e dificulta pensar na publicação online como tão ou mais meritória que seu equivalente em papel.
Há, sim, outros entraves... os direitos autorais, por exemplo. Lembrando que são da editora, a ela cedidos pelo autor, bem entendido. E os interesses dessas corporações também restringe a expansão e disseminação de livros no meio digital. Vamos ver o que a força das tranformações faz com tais restrições.
É, estamos numa espécie de purgatório, um período de transição dos meios de publicação. E seu amigo publicou nesse contexto. A conferir como será o futuro de "Tratado de Obesidade". Será que seu sucesso será medido pelo número de exemplares vendidos, ou pelo número de downloads?
“... fundamentalmente, não desacreditar do papel libertador da Educação. (= pensamento crítico)”. Palavras suas. Mas, restringindo o acesso à informação que fundamenta toda e qualquer educação, incluindo aquela obtida através de livros e artigos, o pensamento crítico fica comprometido, não acha, Karl?
Desculpe-me se me alonguei demais. 😛
Bom, qualquer resposta a essa pergunta é um exercício de futurologia. Acho que o livro virtual veio para ficar e acho também que ele, de uma certa forma, democratiza o conhecimento. Quando me perguntam sobre direitos autorais, não sei responder. Sei que NENHUM médico ganha dinheiro escrevendo livros no Brasil. Eu mesmo, já escrevi vários capítulos e o dinheiro é muito pouco ou quase nenhum.
Acho que pensamento crítico se adquire com boas leituras E boas discussões. Isso, na medicina, é feito beira leito ou em reuniões clínicas, cada vez mais raros. Obrigado.
Exercício de futurologia? Eu opto por chamar de sonho!
“(...) mostra que, em toda parte, os homens não tardam a adaptar-se às descobertas da ciência e aos feitos da técnica, mas, ao contrário, estão décadas à sua frente. Neste caso, como em outros, a ciência apenas realizou e afirmou o que os homens haviam antecipado em sonhos – sonhos que não eram loucos nem ociosos”. (Arendt, Hannah. In: A Condição Humana, Prólogo, p. 9-10, § 5. Grifos meus).
Aliás, esse livro de Arendt já está livremente disponível para download aqui ;).
E prefiro continuar sonhando!
Erratum:
(Arendt, Hannah. In: A Condição Humana, Prólogo, p. 9-10, § 3. Grifos meus).
Desculpem-me!