Intensive Care
Para quem acha que é impossível definir alguma coisa utilizando-se de uma linguagem difusa e pouco precisa encaminho a impressionante poesia de Donna Doyle. Não sei se ela é médica, mas trabalha na Faculdade de Medicina do Tennessee. Embaixo, minha versão.
Intensive Care
you recognize them, bodies
a languid blend of love and loss,
every movement fluid, as if
limbs have been surrendered by bones.
No language for this limbo, an island
where time is measured by visiting hours,
and purpose shines clear as the world
that seems to remain outside these walls.
Later is filled with wandering,
each step a pooled reminder
of liquid without a vessel,
the wading between widow and wife.”
os reconhece, corpos
uma lânguida comunhão de amor e perda,
cada fluido em movimento, como se
os membros rendessem-se aos ossos.
Nenhum verbo a este limbo, uma ilha
onde o tempo é medido em horas de visita,
e o propósito resplandece como o mundo
que insiste em estar fora destas paredes.
A tarde é preenchida com vagar,
cada passo uma lembrança represada
do líquido sem um vaso,
numa poça entre a viúva e a esposa.
Donna Doyle (2011). Intensive Care JAMA, 306 (2), 134-134
Discussão - 6 comentários
Se um experiente intensivista viu uma definição nessa tocante poesia, é porque ele não perdeu a sensibilidade - essa que é tão fácil de extraviar-se no ambiente retratado.
Nunca a perca, Karl!
Com certeza, uma definição muito próxima da minha... 🙂
...e, eu acrescentaria, no último verso: "entre o órfão e o filho".
Obrigado pelos comentários, meninas...
Achei muito triste mesmo isso. Mas de qualquer forma, muito bonito.
"Between heaven and earth"
uau...