A Incomensurável Distância do Ser
Mulher: – Claro que ligo!
Homem: – Liga nada. Você só se preocupa com sua mãe e com as crianças. Não vejo você se preocupar comigo.
Mulher: – Você não sabe de nada. Me preocupo muito com você.
Homem: – É? Como?
Mulher: – Rezo para você todos os dias!
Homem: – Isso é se preocupar? Como vou saber que reza mesmo? E depois outra, em que isso exatamente se traduz? Tipo, nenhum santo ou mesmo Deus, veio falar comigo dizendo que você liga pra mim!
Mulher: – Como você é besta! Você não está saudável, trabalhando?
Homem: – Tirando uma dorzinha nas costas, tô, né? Que jeito…
Mulher: – Então. Não reclama.
Homem: – Como “não reclama”? Você não se preocupa comigo, nem liga pra mim… Nem lembro quando transamos a última vez!
Mulher: – Rá. Sabia que ia acabar nisso. Entendi tudo. Para você “se preocupar comigo” é transar.
Homem: – Bom. Veja bem. Não. Não é só isso…
Mulher: – Não? O que é se preocupar então?
Homem: – Se preocupar também é telefonar, saber se eu estou vivo…
Mulher: – O quê?!!! Não foi você que falou para eu nunca ligar no banco, exceto em emergências? Que fica falando que seus amigos tiram sarro de você e que eu tenho fama de brava!!!?
Homem: – Desisto. Não dá pra conversar com você.
Mulher: – Pois fique então sabendo que eu me preocupo com você, sim. E muito. Meus santinhos são testemunhas.
Homem: – Santo nunca é testemunha de nada… Só na cabeça das pessoas.
Mulher: – Pois é. Pra mim, isso basta.
Homem: – Pois pra mim, não. Precisa ter alguma coisa mais concreta que uma “reza” para eu acreditar.
Mulher: – Tipo “ter relação”?
Homem: – Não fala assim. Você sabe que eu brocho!
Mulher: – Quanto mais velho, mais besta.
Homem: – Pois, quanto mais reza, menos transa!
Mulher: – Ei! Não fala assim. Você sabe que eu brocho…
PS. Esse post gostaria de fazer parte da Campanha do Ceticismo Aberto “Não seja um cretino” sobre a Ética do Ceticismo.
Discussão - 2 comentários
A frase deveria ser "não seja um cretino sempre; guarde para aqueles que merecem".
Doc, ce já tentou trocar os turnos de fala? Assim: onde se lê Homem, lê-se Mulher, e vice-versa??
Não é totalmente inverossímil não, viu?... Te digo que sei de casos... 😉
beijos!