África: Memórias, Presente e Futuro

Selo da Blogagem Científica da África
por Maira Begalli.
Lembro das primeiras impressões que tive sobre ‘África’, na minha infância. As imagens fortes ecoam na minha mente até hoje: crianças mutiladas por minas, a AIDS, a miséria, a violência, o Apartheid. Também tenho lembranças dos documentários sobre os parques nacionais como o Serengueti, por exemplo.
Apesar de ter estudado um pouco sobre as características da biodiversidade do imenso continente, considerava a realidade africana algo distante da minha, ocidental. Porém, em 2000, durante o meu segundo curso graduação, em Jornalismo, isso mudou.
Na época elaborei um seminário sobre “O Processo de Descolonização dos Países em Desenvolvimento”. Durante um semestre, tive o privilégio de entender como as relações internacionais e as manobras políticas
pré-Desmoronamento (de Berlim, em 1989) estavam diretamente relacionadas aos impactos sociais e ambientais que ocorrem lá atualmente – mas refletem no mundo todo.
Entre 1880 e 1914, o continente africano foi palco de disputas de nações européias que visualizavam a exploração do território e dos recursos naturais. Tal advento foi batizado como “neo-imperialismo”, um período em que a África sofreu domínio territorial, econômico e cultural, principalmente, por parte do Reino Unido e da França.
Além das práticas realizadas pelos imperialistas europeus, no final da Idade Média (apropriação territorial, militar e econômica), os “neo-imperialistas” ignoraram as tradições, as disputas e as tradições dos africanos, suprimindo inteiramente os direitos de quem lá vivia. Literalmente “retalharam” o mapa do continente segundo interesses comerciais. Forjaram nações, unindo povos inimigos, separando
famílias, reorganizando funções de trabalho (tanto é que muitos senhores se tornaram servientes de seus antigos servos).
Porém, com o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os países neo-colonos iniciam um processo de “descolonização”, graças ao estado caótico que o mundo se encontrava (tanto físico, como financeiro). Assim, os antes interessados nas maravilhas do grande continente, deixaram as pseudo-nações, sem parâmetros e sem diretrizes sócio-culturais em comum.
Foi nesse período que despontou um dos regimes oficiais mais violentos da história, o Apartheid.  A política de segregação racial, que começou em 1948 e terminou em 1990, criou premissas de exclusão e medo: apenas os brancos eram considerados cidadãos e tinham seus direitos civis assegurados. E, por mais de 40 anos, milhares de africanos foram reféns dessa situação que ilustra a frase, de Indira Gandhi: ” O pior tipo de poluição é a miséria”.
África. Ontem, continente super populoso, sem acesso a educação, saneamento básico, saúde, sem políticas democráticas. Hoje, o continente que nos relatórios do clima aparece com uma das áreas que será mais afetadas pelos efeito do aquecimento global – acelerado principalmente pelas ações predatórias dos seus ex-neo-colonizadores. Segundo dados fornecidos pelo Green Peace, cerca de 180 milhões de habitantes da região subsaariana poderão morrer até o final deste século, por causa das chuva imprevisíveis, da redução de terras agrícolas, e dos recursos naturais.
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