A “legalização” da ciência

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. Essa semana é Tema Livre. Hoje quem escreve é Natália Coelho Ferreira, bióloga e co-fundadora da iniciativa de ONG chamada Draw Earth.

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Antes de começarmos a dissertar sobre o tema proposto, vamos refletir? Afinal, o que é ciência? Quando pesquisamos no site google, aparece uma lista de significados e aplicações que podem ser resumidos em uma palavra: Conhecimento. Desta forma, podemos dizer que a ciência é o conhecimento, saber, estar ciente, ter perícia e etc. Com isso, chamo a atenção para o tema com uma nova pergunta, o que seria a “legalização” da ciência? Quando falamos sobre “legalização” de algo nos referimos a liberação de alguma coisa com a aprovação da justiça, correto? Correto. Mas a ciência não é ilegal… ou é? Uma nova pergunta, a ciência abrange toda a população? Sim ou não, eis a questão.

Na visão popular o cientista é um ser ranzinza, arrogante e excêntrico que fica brincando de “Deus” dentro de um laboratório. Mas entenda, não é todo mundo que pensa assim, viu? Vemos a sabotagem de pesquisa por mau uso da ética profissional ou por simples ignorância, e quando digo ignorância quero dizer falta de conhecimento, falta de saber, falta da ciência. Essa falta de conhecimento por parte de uma população que se vê fadada ao “achismo”, sensacionalismo da mídia e o estereótipo formulado do ser cientista. Esse estereótipo muitas vezes são consolidados profissionais que retém o saber ao seu âmbito profissional e compartilham apenas com pessoas que possam entender do assunto. Estou mentindo? Com quantas pessoas você conversou por iniciativa própria uma conversa científica?

Não é muito fácil iniciar uma conversa de conteúdo científico com pessoas leigas, e talvez seja esse o ponto de desestímulo. Falar em uma linguagem acessível para a população, promover ações de integração. Porém, liberar a ciência para um público comum destoando do meio científico, evita especulações sobre a ciência e seus métodos. Afinal, que cientista não é posto em tabu sobre as experiências com animais? Já fui questionada sobre o assunto mesmo sem trabalhar com fauna, imagina quem trabalha? Além disso, a popularização da ciência evitaria pesquisas tendenciosas, embora sejam feitas em termos legais. Contudo, as consequência dessas pesquisas prejudicam tanto a conservação que se torna um crime contra a natureza, na qual ela cobra e quem responde não é só o “réu” da questão. O preço de um crime ambiental é tão incomensurável que não há dinheiro que o pague, “jeitinho” que se dê e fuga das consequências.

Então, pontuando o título: Liberte a ciência. O conhecimento não é objeto de posse de cientista e nem o cientista é o ser estereotipado que afirmam ser. Cientistas são todos que sabem sobre algo, ao mesmo tempo que não nutrem perícia de nada e tem curiosidade pelo todo. A ciência é do povo e os profissionais de cada ramo são os porta-vozes da área. Sendo então esses porta-vozes, temos que disseminar, não apenas para preencher currículo ou inflar o ego de profissionais. Devemos propagar a ciência para que ela seja acessível por todos, para manutenção do saber, para que ela possa ser aplicada e que principalmente, para que a ciência não seja perdida e nem os fatos corrompidos.

Assim, finalizo meu texto, meu discurso e argumento. A ciência é bem e pode ser maldição, depende de quem usa e para o que usa. Entretanto, ela é irrestringível e por isso, não pode ser limitada a segmentos. Cada cientista em sua área contribui para algo além dele. O saber promove a evolução, previne tragédias e expande o universo. Desta forma, temos que começar a pensar na ciência como um assunto mais holístico em que todos se inserem e tem sua função. Nós temos que libertar, legalizar e consolidar a ciência no seu significado mais profundo, o aprofundamento do conhecimento.

natalia

 

Natália Coelho Ferreira, bióloga, mestranda em Ecologia de Sistemas na Universidade de Vila Velha.

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