Sobre metano e florestas tropicais

Há pouco escrevi um post sobre a ação do metano no clima e geomorfologia de Titã, lua de Saturno. Aqui mesmo na Terra, no entanto, o metano tem proporcionado controvérsias e provavelmente uma revisão sobre a percepção das mudanças climáticas globais causadas por gases de efeito estufa. O principal gás de efeito estufa é o dióxido de carbono (CO2), produzido pela respiração aeróbica dos seres vivos, queima de combustíveis fósseis e florestas, bem como da decomposição da matéria orgânica do solo. O metano (CH4) também é um causador de efeito estufa e, embora produzido em menores quantidades que o CO2, tem 20 vezes maior capacidade de reter o calor que o dióxido de carbono. Acredita-se que as principais fontes de metano na Terra sejam locais onde há falta de oxigênio e decomposição de matéria orgânica (pântanos, plantios de arroz inundado) mais a digestão de ruminantes e cupins. Um artigo publicado na Nature em janeiro deste ano pelo químico alemão Frank Kepler sugere convincentemente que as plantas são também produtoras de metano, embora o mecanismo fisiológico não tenha ainda sido desvendado. Aparentemente, a maior produção de metano por plantas ocorre nos trópicos, notadamente nas florestas tropicais. Até a década de 80, os monitoramentos de metano na atmosfera vinham mostrando aumentos constantes nos teores do gás, que cessaram daí por diante. Estando correta a hipótese da produção de metano por plantas, a causa deste decréscimo pode ter sido o aumento no desmatamento! Obviamente, isto não é defesa nem desculpa para a devastação das florestas. A derrubada das matas acaba criando outras fontes de gases de efeito estufa que possivelmente superam a diminuição na emissão de metano, como a aceleração da decomposição da matéria orgânica do solo, por exemplo.

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