O caminho das plantas

No post passado falei sobre minha viagem à Serra do Cipó acompanhando o amigo Elton Valente em algumas coletas referentes a sua tese de doutorado. Creio que devo comentar alguma coisa sobre sua hipótese de trabalho e alguns insights que tive após a viagem. Basicamente o Elton está analisando os vários tipos de vegetação que ocorrem em determinados locais da serra e os solos associados a estas vegetações. Há lá em cima alguns capões de mata com várias espécies que aparentemente também ocorrem na Mata Atlântica. Supõe meu amigo que estas espécies ali chegaram seguindo a drenagem, ou seja, seguindo os meandros dos rios que nasciam na serra e passavam pelas áreas onde grassava a Mata Atlântica, hipótese interessantíssima. Em outubro de 2006 escrevi aqui no Geófagos um post sobre a origem do solo seguindo a colonização dos continentes pelas plantas há cerca de 400 milhões de anos, no Devoniano. Para mim, era até há pouco um problema a me desafiar a imaginação como as plantas colonizaram as terras emersas. A sabedoria chinesa tem um ditado que diz “Se queres conhecer o mundo, observa teu quintal”. Estava eu este fim de semana observando colônias de pequenas plantas conhecidas como briófitas em umas rachaduras (parecidas com pequenos rios meandrantes) no concreto do quintal da casa onde estou morando e ao mesmo tempo lembrando da hipótese do Elton quando de repente me vem destes insights nada geniais mas afortunadamente esclarecedores para os que os têm: as plantas devem ter colonizado a terra seguindo a drenagem, “ao contrário do rio, nadando contra as águas, e nesse desafio, saindo lá do mar” e ganhando a terra e a eternidade.

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