Por que existem agrônomos?

O agrônomo deveria ter para com o agroecossistema (sistema agrícola ou campo de cultivo considerado como um ecossistema distinto) papel análogo ao dos médicos para com pacientes. Apesar de já ser parte do anedotário popular o dito de que todos têm alguma coisa de médico (com os possíveis riscos desta atitude), quando as coisas apertam, isto é, quando a saúde dá sinais preocupantes ou inequívocos de problema, todos que podem procuram um médico. Quer seja por particularidades culturais, quer por simples tradicionalismo inquestionado, uma considerável quantidade de agricultores considera ter conhecimento suficiente para levar seus cultivos a bom termo sem auxílio de técnicos especializados. Não digo que no geral não consigam extrair alguma coisa, até mesmo o que se consideram boas produtividades em anos de excepcionais condições meteorológicas em solos naturalmente férteis. Mas isto são exceções e agir desta forma resulta em grande variabilidade das produções. Não há dúvidas de que os agroecossistemas conduzidos sem assistência técnica quase unanimemente produzem safras menores do que permitem os potenciais produtivos tanto das variedades modernas quanto das terras cultivadas. Não digo isso por fisiologismo ou classismo. Há em geral mal uso dos insumos como água (de irrigação, mas mesmo da água da chuva na dita agricultura de sequeiro, em que não se irriga), de fertilizantes e dos vários defensivos agricolas (herbicidas, inseticidas, fungicidas etc). Este mal uso não se restringe ao uso incorreto que leva à degradação ambiental. Falo também do uso impróprio que se refere a uso aquém ou além das necessidades, comprometendo a produtividade agrícola ou fazendo com que o agricultor gaste dinheiro em excesso. Já se tornou proverbial entre os agrônomos a resistência de produtores rurais desinformados em fazer análises químicas dos solos visando diagnosticar o estado da fertilidade dos mesmos. Estas análises, desenvolvidas ao longo de décadas de pesquisa intensa e sempre renovada, são feitas para que a recomendação de adubação seja precisamente aquela necessária para as culturas a serem utilizadas e, inclusive, levem em consideração a produtividade almejada pelo agricultor. Nunca ouvi falar de alguém que questionasse a recomendação de um médico para se fazer exames de sangue. Um produtor um dia, porém, disse-me que não podia confiar nas análises de solo porque os solos não eram todos iguais. Não são mesmo, e as recomendações de adubação a partir destas análises levam em consideração o principal fator que diferencia os solos, o teor de argila. Em geral, à medida que aumenta a quantidade de argila as doses de adubo recomendadas são proporcionalmente maiores. Não é só isso, já vi empresas de adubo venderem produtos 50% mais caros mesmo tendo menos nutrientes que outros produtos por simples detalhes de marketing, mas um erro destes raramente seria cometido por um agrônomo bem informado. O uso da água de irrigação é outra prática agrícola em que comumente se peca por excesso. Existem fases no desenvolvimento das espécies agrícolas que são mais sensíveis à falta d’água e que influenciam mais na produção final que outras e a aplicação de água em quantidades corretas apenas nestas fases pode permitir uma produção igual a de cultivos que tenham boa disponibilidade de água durante todo o ciclo da cultura, o que proporciona uma mais desejável economia de água e dinheiro. O uso excessivo de defensivos pode causar poluição ambiental e o uso abaixo do necessário pode não controlar os organismos que se deseja e ainda fazer com que alguns se tornem resistentes. A utilização de maquinário agrícola em épocas erradas causará compactação do solo, impedindo o desenvolvimento das raízes, que ficam incapacitadas de absorver água e nutrientes nas quantidades necessárias além de promover a perda de solo por erosão e a perda de água, que não consegue infiltrar no solo. Todos estes problemas e outros são desafortunadamente comuns em cultivos em que não se recorre à assistência técnica especializada, a agrônomos responsáveis e com conhecimentos prático e teórico sólidos. O mundo de hoje, com uma crescente população, maior demanda de alimentos e gradual escassez de recursos naturais de qualidade não admite mais a prática da agricultura desprofissionalizada, a qual além de improdutiva, tende a ser ambientalmente danosa. Se você deseja plantar correta e profissionalmente, não tenha dúvida, consulte um agrônomo.

Discussão - 13 comentários

  1. Anonymous disse:

    Os agr�nomos servem para destruir nascentes, rios, matas e emitir laudos sobre qualquer a�o para destrui�o do meio.A maioria s�o "prostitutas do solo".Por conta disso existe o ge�grafo, para concertar as mancadas deste profissional.Ronaldo Milani ZanzariniInstituto de Geografia - UFU

  2. Anonymous disse:

    É interessante ver pessoas incapacitadas, que querem ter alguma razão nas coisas em q acham q dominam. O agronomo alem de orientar, ele busca a minimização dos gastos dos recursos da natureza, alem de procurar um equilibrio no ecossistem.. Nao critico os geografos, pois, uma profissao digna de rspeito, e sim babacas q se acham capazes de criticar profissionais que buscam uma vida sustentavel.. Não passa de um estupido ignorante.Rafael B.Uneb BA

  3. Marco Antonio Noguez disse:

    Lamentável o comentário de Ronaldo Zanzarini. O que se pode esperar de um profissional que assim se manifesta? É de dar pena!

  4. emerson disse:

    Na minha humilde opinião, agronomia e uma das áreas que proporciona a vida neste planeta.

  5. Jackson disse:

    OS SISTOMAS OBSERVADOS NO RONALDO MILANI, SÃO TÍPICOS DE INVEJA. ELE COM CERTEZA QUERIA SER AGRÔNOMO, E COMO TODOS COBRAM DELE, ELE RESOLVER REVIDAR, DENIGRINDO A IMAGEM DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO.
    VIU SEU RONALDO, SE VOCÊ ESTÁ COMENDO SEU FEJÃO COM ARROZ, AGRADEÇA A NOSSA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL. PARE DE FALAR SOBRE COISAS QUE NÃO SABE. COMO EM TODAS AS PROFISSÕES, EXISTEM OS BONS E OS MAUS PROFISSIONAIS, MAIS GRANDE PARTE DOS AGRÔNOMOS SÃO MUITO PREOCUPADOS COM A PRESERVAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS. VOCÊ COM CERTEZA NÃO SE ENQUADRA NUM BOM PROFISSIONAL, PORQUE É FRUSTRADO COM SUA ESCOLHA!!

  6. Simone disse:

    Eu queria apenas fazer uma pergunta: O que o uso incorreto do solo tem a ver com a escassez de água? Me explique por favor. Obrigada.

  7. geofagos disse:

    Cara Simone,
    Imagine um tráfico de maquinário pesado em um solo descoberto de vegetação. Ou o passear de imensos rebanhos bovinos em solos na mesma situação. É um impacto grande nesse compartimento ambiental, não acha? Caso você leve em consideração que os solos funcionam como "caixas d'água" uma vez que ela infliltra nos mesmos antes de formar os aquíferos, sejam eles freáticos ou confinados, logo perceberá que caso ele seja degradado, influência ocorrerá no abastecimento de água. Como disse antes, nos exemplos de maquinários e rebanhos, o tráfego pesado por cima do solo leva a uma compactação do mesmo. É uma espécie de selamento da camada subsuperficial. Esse selamento leva à menor infiltração de água e a consequência é o menor abastecimento dos aquíferos. Além disso, a velocidade e intensidade do escoamento superficial também aumenta, levando a maiores índices de perda de solo (erosão), que no futuro também contribuirão para menor abastecimento.

  8. Ellen Suzie Ribeiro disse:

    Bom dia Ítalo! Tudo bem com vc? Meu nome é Ellen Ribeiro e sou estudante do último ano de Jornalismo no Unasp (localizado na região de Campinas/SP). Temos um programa na rádio Unasp voltado para o agricultor: "Notícia Arada", no qual temos um quadro que tira dúvidas dos agricultores. Preciso muito fazer uma entrevista com você sobre as dúvidas deles. Na verdade, preciso te fazer três perguntas bem simples. Só que o meu prazo é bem curto. Por favor, se for possível, entre em contato comigo ainda hoje me dando uma resposta ou me passa seus contatos. Um abraço
    Ellen Ribeiro: ellensuzie10@hotmail.com
    (19) 3858-9070/9055

  9. Ronaldo Milani Zanzarini disse:

    Gostaria de dizer:
    Nao sou dono deste comentário acima, claramente foi uma brincadeira de mal gosto, peço desculpas pelos comentários. Aos donos do site: peço que apague tal comentário pois não expressa meus reais pensamentos, apenas hoje que lí este comentário. Lamentavel.
    Obrigado.

  10. manuel disse:

    Caro Ítalo
    Mais um texto que desconhecia. Li-o,e gostei. Sem alardes,de uma maneira sinples,mostrou a necessidade de alguém que dê conta de um tal recado,que é o de se entender numa floresta de casos de tão variados matizes.
    E a pergunta poderia ser antes Porque são precisos agrónomos? Tal como em relação aos médicos. Eles são indispensáveis,é evidente,uns e outros. E quem o negue,talvez seja porque se deu mal com um,ou dois.
    Muito boa saúde,Ítalo

  11. Ricardo Figueiredo - UFPel disse:

    Li todas essas histórias, depoimentos, opiniões ou seja lá como queiram. Concordo com muito do que foi dito, mas vejo que ainda há muita gente sem cultura e que defende uma opinião completamente teórica sobre o papel do engenheiro agrônomo.
    Srta. Simone, com todo respeito, más tu achas que passeamos de por cima da terra com "maquinário pesado" que o gado anda sobre a terra por não ter o que fazer na vida?
    As coisas não são bem assim, se não fosse o suor do produtor rural em parceria com agrônomos, veterinários, zootecnistas, e envestimentos bilhonários em pesquisas, tu estaria colocando o que no teu prato? viveria de água? comeria o que?
    Não peço para que reconheçam nossa profissão, fazemos isso por nós mesmos, só peço para que não façam tempestade em copo d'agua pois todos sabem que se não fosse as "ciências agrarias" o mundo estária bem pior do que os intelectuais diplomados estão o deixando
    Grácias... Ricardo Figueiredo #graduando de engenharia agronomica - faculdade de agronomia eliseu maciel - FAEM - UFPel.#

  12. Lucas Vasques Vargas disse:

    Inicialmente acho que a agronomia não deve ser discriminada como foi feito em alguns comentarios inadequados acima,pois estamos tratando de um curso que é simplesmente essencial, por simplesmente alimentar a população mundial, acha pouco?
    Eu estou me graduando na faculdade de agronomia Eliseu Maciel UFPel,e não falo da boca para fora ao se tratar de meio ambiente,todas as cadeiras que estudamos além de algumas excluisivas que se voltam para o meio ambiente e como fazer um uso adequado e viavel do solo e etc.Sei que alguns cometem erros e não fazem "jus" a profissão, mas isso acontece em todas as profissoes.E para concluir, infelizmente estamos em um beco sem saída,pois daqui a 30..60 anos ou temos um modo de produção de alimentos viavel e sustentavel ou o mundinho que conhecemos vai ser beeeem diferente, a não ser que os profissionais altamente qualificados pela certeza com que falaram,criem outro modo de alimentar 7 bilhoes de pessoas no nosso planeta.

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