Traições, Darwin, Freud e o Povo

Vez por outra uma “celebridade” é flagrada pulando a cerca. De Bill Clinton ninguém quer saber mais, a mídia vive de fatos novos. Então, depois de Renan, desconhecido da mídia internacional, foi a vez do cabra de Nova York, um célebre internacional flagrado com a boca na botija (sem trocadilho). A seqüência é previsível. O cidadão vem à público com a patroa ao lado para se explicar. A cena, dependendo dos arroubos de quem olha, pode ser tanto cômica, quanto trágica. A mulher do Don Juan geralmente permanece calada e cabisbaixa, para horror das feministas. E segue-se a cantilena previsível, lá está “a mulher devastada”, “ultrajada”, “traída”, “ferida em sua dignidade”, “viúva de marido vivo” e tantos outros adjetivos proferidos por quem, talvez, nunca tenha encenado na prática aquele enredo de tango argentino. Alguém se lembra que o vice-governador de Nova York, ao tomar posse, tanto ele quanto a mulher – vejam só – assumiram antecipadamente que já tiveram casos extraconjugais? É isso aí meus caros, as puladas de cerca, tanto deles quanto delas, existem desde que o mundo é mundo, ou melhor, desde que a reprodução sexuada surgiu no pedaço (coisa de milhões de anos atrás, no Proterozóico). Ainda entram nesta conta duas condicionantes de peso, uma é que o homem ainda ocupa a maioria dos cargos públicos de destaque, aí proporcionalmente eles aparecem mais na hora do flagra. A outra condicionante é que, segundo a biologia evolutiva, parece que o homem é realmente mais propenso às puladas de cerca. Neste caso, Dr. Darwin explica mais que Dr. Freud. De um lado está o “Gene Egoísta” (invenção de Richard Dawkins) masculino querendo espalhar-se o quanto pode. Para contrabalançar, do outro lado está o “gene seletivo” (acabei de inventar) feminino colocando critério na festa, pois o pai de sua prole não pode ser qualquer um, e assim caminhamos todos. Nesta seara dos traídos, homem ou mulher, cada um se ajeita como pode. Não há receitas ou código de conduta para estas horas. No quesito traição, segundo um dito popular, o mundo é dividido em dois grupos, os que sabem e os que não descobriram ainda. O que precisamos mesmo é consultar com mais freqüência gente sábia, especialistas do naipe de Dr. Darwin, Dr. Freud, Dawkins, Kant, Dostoiévski, Schopenhauer, Nietzsche, Kierkegaard, Sartre e muitos outros. Mas há momentos em que é preciso ouvir também a filosofia popular, a voz povo, tão antiga quanto as puladas de cerca. Na minha região de origem, o leste de Minas Gerais, entre os tantos ditos populares dignos de nota, há um lapidar que diz: chifre bem administrado não é defeito, é qualidade. E fim de papo!

Discussão - 3 comentários

  1. ana claudia disse:

    Está feita a atualização do link para o Geófagos na página do viagene!!
    Obrigada pelas incentivadoras palavras e parabéns pela evolução do blog!
    Grande abraço,
    ana claudia

  2. Roseli disse:

    Olá, Ítalo parabéns por esse blog. Li a respeito dele na revista Scientific American Brasil e me interessei em conhecer. Gostei tanto que pretendo divulgar para os professores de ciências daqui do colégio onde trabalho. Sou bibliotecária e procuro sempre estar por dentro de todos os assuntos para melhor auxiliar nas pesquisas escolares. É isso. Temos mais é que divulgar tudo que tem sido feito nessa área(ciência) que tanto tem ficado de escanteio em nosso país. No que depender de mim, divulgarei.
    Abraço,
    Roseli

  3. Italo M. R. Guedes disse:

    Roseli, muito obrigado por suas palavras de apoio. Às vezes desanimamos um pouco porque não sabemos se quem nos acessa lê o que está aqui escrito, e mesmo que leia, não há como saber se gostou. A não ser quando pessoas como você explicitamente o dizem. Agradecemos muito a leitura e a divulgação. Nossas ações conjuntas ainda tornarão este um grande país, inovador e de pessoas educadas.
    Grande abraço,
    Ítalo.

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