O contexto ambiental brasileiro e a Amazônia

Ja faz algum tempo que venho observando o comportamento dos chamados “formadores de opinião” brasileiros com relação às questões ambientais. Nos noticiários, documentários e outros meios de divulgação sempre ouço e vejo uma grande omissão relacionada aos aspectos ambientais do país. Quando fala-se em ambiente no Brasil quase sempre fala-se em Amazônia, como se questões relacionadas a outros ecossistemas não existissem. Cito a seguir algumas poucas, das muitas questões ambientais corriqueiramente observadas no país. Vejo, diga-se de passagem com muita preocupação, o cerrado brasileiro ser exterminado e não vejo, também com muita preocupação, os tais formadores de opinião criticarem tal fato. Vejo a Mata Atlântica às mínguas e seu território continuar sendo ocupado. Vejo o rio São Francisco moribundo, sendo transposto, sem que antes haja sua revitalização. Continuo vendo corpos d´água que são verdadeiros esgotos a céu aberto em diversas cidades que visito. Os resíduos sólidos de grande parte dos municípios (infelizmente ainda a maioria deles) continuam sendo dispostos de maneira inadequada. E chamo de disposição inadequada não só a existência de lixões, mas também os chamados aterros controlados, que ao contrário dos aterros sanitários, não possuem tratamento do percolado gerado na decomposição da massa orgânica de lixo. O destino final desse lixiviado não tratado, obviamente, são os corpos d´água, apresentando-se então como potenciais poluentes. É claro que a importância estratégica e ambiental da Amazônia é inquestionável e políticas públicas e pesquisas relacionadas a esse ecossistema são de extrema importância para o país e para o mundo. Porém, outras tantas questões ambientais e, principalmente, outros tantos problemas ambientais, sejam eles de ecossistemas nativos, rurais ou até mesmo urbanos existem e possuem grande importância, devendo ser resolvidos. É necessário abrir-se os olhos também para tais questões, tomando-se as providências cabíveis, elaborando-se políticas públicas de desenvolvimento sócio-ambiental, preconizando de maneira enfática a educação ambiental da população brasileira e, principalmente, dos governantes e legisladores desse país. É necessário que exista um planejamento com políticas de médio e longo prazo para tais questões. Aplicar a legislação com a mesma intensidade para todas as camadas da sociedade, diferente do que é observado hoje, também é fator primordial para o sucesso do desenvolvimento ambiental do país. Não obstante, é necessário conhecer a realidade dos diversos ecossistemas brasileiros, investindo em pesquisas dos mesmos, elaborando leis menos utópicas e mais realistas, levando-se em conta características peculiares dos mesmos e também da população neles residentes. É necessário, portanto, cuidar sim da Amazônia, mas em conjunto com os outros ecossistemas e não em detrimento desses. Por fim, nunca é demais lembrar que o ambiente deve ser encarado como o todo e não apenas uma parte. Ele não é só o verde ou só os animais, ele também é todo o conjunto de interações entre as diversas esferas do planeta, incluindo nelas a capacidade do homem de modificar o meio em que vive, respeitando sempre suas características culturais.
Carlos Pacheco

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